Especialistas defendem inclusão da homeopatia na rede de saúde

A necessidade de incluir a homeopatia no atendimento da rede pública foi defendida por profissionais da área médica e...

28/08/2003 - 17:12
 

Especialistas defendem inclusão da homeopatia na rede de saúde

A necessidade de incluir a homeopatia no atendimento da rede pública foi defendida por profissionais da área médica em reunião da Comissão de Saúde da Assembléia de Minas, nesta quinta-feira (28/8/2003). Considerada especialidade médica no Brasil há 13 anos, a homeopatia já está presente no atendimento médico gratuito de diversos municípios mineiros, apesar de a Secretaria de Estado da Saúde ainda não ter políticas públicas voltadas para a área. Os participantes solicitaram que a comissão aprofunde os debates sobre o assunto, com o objetivo de fortalecer a possibilidade de inclusão da especialidade no Sistema Único de Saúde (SUS).

O oferecimento da homeopatia sem a distribuição dos remédios receitados é a principal dificuldade de crescimento da terapia alternativa. É o que explica a chefe do Departamento de Terapêuticas Não-Convencionais da Diretoria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental da Prefeitura de Juiz de Fora, Walcymar Leonel Estrela. A cidade, que tem farmácia própria e distribui a medicação, oferece o serviço há oito anos. "O custo do medicamento homeopático é muito menor que o do alopático, mas a linha de pobreza dos usuários da rede pública é muito acentuada", explica.

Além da questão dos medicamentos, outras dificuldades são a falta de políticas públicas nas três esferas de poder, a carência de recursos humanos e a estrutura deficitária principalmente nos níveis secundário e terciário. Por que, então, incluir a homeopatia na rede pública? "A prática resgata a relação médico-paciente, a reumanização do atendimento e uma ação médica integral, feita no indivíduo e não na doença, além do baixo custo do tratamento", defende.

Capital - A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte também oferece, desde 1994, um programa de atendimento em homeopatia, acupuntura e medicina antroposófica. O atendimento, descentralizado, é prestado em 12 unidades básicas por 13 médicos homeopatas, sendo que dez deles trabalham integralmente na área. No ano inicial, foram feitas 604 consultas. Em 2000, esse número subiu para 14.994. "O público feminino e o público da faixa dos 20 aos 49 anos são os que mais procuram esses serviços", disse a integrante da Coordenação das Práticas Médicas Não-Alopáticas da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, Cláudia Prass. Segundo ela, as principais doenças tratadas são transtornos mentais, problemas de respiração e hipertensão, nessa ordem.

Estado já desenvolveu políticas

De acordo com a analista de saúde da Diretoria das Redes Assistenciais da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Maria Celeste Aguiar, a Secretaria iniciou, em 1992, ações voltadas à implementação de práticas não-alopáticas referendadas pelos conselhos estaduais e federais competentes. A primeira medida foi a formação da Coordenadoria de Integração Terapêutica, composta de um grupo técnico para estudar maneiras viáveis de implementar as práticas, além de aprofundar as potencialidades de cada uma delas, como a cura de problemas psiquiátricos, na homeopatia; a diminuição da dor, na medicina chinesa; e as melhorias para a pediatria, na medicina antroposófica. Apesar do esforço, as ações foram desarticuladas em 1998. Segundo ela, a Secretaria está disposta a viabilizar novas políticas.

Histórico - O vice-presidente da Liga Médica Internacional da Homeopatia, Conrado Giovani Bruno, apresentou um histórico sobre a inserção dos medicamentos homeopáticos em diversos países do mundo. Nos Estados Unidos e na França, por exemplo, o reconhecimento da prática pelas autoridades competentes foi em 1938 e 1948, respectivamente. "Na Índia, 10% da população - ou 100 milhões de pessoas - tratam-se com terapias não-convencionais", destacou.

Conrado Giovani Bruno lembrou que, no Brasil, cerca de 15 mil médicos já fizeram o curso de formação em homeopatia, que tem carga horária de 1,2 mil horas; e que a estimativa é de que mais de nove milhões de brasileiros já fizeram uso das práticas. Segundo ele, é importante preservar o País do interesse das grandes grupos industriais, que têm forte atuação em países europeus, e procurar manter ativo o funcionamento das inúmeras pequenas farmácias nacionais que manipulam os medicamentos. A opinião de que é preciso evitar a "invasão" das grandes indústrias no País coincidiu com a do presidente da Associação Médica Homeopática de Minas Gerais, Mário Antônio Ribeiro.

Constituição dá direito de escolha

O deputado Chico Simões (PT), que solicitou a realização da reunião, ressaltou a necessidade de divulgar a homeopatia à sociedade e aos próprios médicos. Ele vai apresentar um projeto de lei visando incorporar a prática na rede estadual de saúde. "A Constituição determina que todas as especialidades médicas sejam disponíveis no sistema público. No caso da homeopatia, quando mais utilizada, mais barata será", defendeu.

O deputado Fahim Sawan (PSDB) reforçou que a prática, já reconhecida cientificamente, só precisa de divulgação. "O paciente só terá o direito de escolha se tiver informação", disse, acrescentando que os profissionais competentes a lidar com a prática devem combater seu uso indiscriminado. O deputado Doutor Ronaldo (PDT) também manifestou seu apoio à seriedade dos métodos homeopáticos. Médicos, farmacêuticos, dentistas e até um agricultor familiar de Espera Feliz, no interior do Estado, que relatou o uso benéfico da homeopatia no tratamento da lavoura, usaram a palavra para defender a importância da prática e de sua expansão.

Requerimentos

Quatro requerimentos foram aprovados pela comissão. Dois deles foram do deputado Fahim Sawan, pedindo que sejam encaminhados ofícios ao ministro da Saúde, solicitando disponibilizar uma farmácia homeopática em cada cidade-pólo do Estado; e ao superintendente da Funed, solicitando a inclusão de medicamentos homeopáticos em sua linha regular de produção. O deputado Chico Simões também apresentou duas solicitações de envio de ofício: ao prefeito de Betim, solicitando a reativação da Unidade Municipal de Terapias Alternativas naquela cidade; e ao ministro da Educação, solicitando a inclusão da disciplina homeopática na grade curricular dos cursos de graduação em Medicina, Farmácia, Odontologia, Veterinária e Agronomia.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente, Fahim Sawan (PSDB), Chico Simões (PT), Doutor Ronaldo (PDT) e Neider Moreira (PPS).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715