Municípios pedem mais recursos para o FPM na Carta de Minas

Transformação de todas as contribuições da União em impostos, a fim de que sejam incluídas na base de cálculo do Fund...

26/08/2003 - 18:02
 

Municípios pedem mais recursos para o FPM na Carta de Minas

Transformação de todas as contribuições da União em impostos, a fim de que sejam incluídas na base de cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e retorno do índice conquistado pelos municípios no bolo tributário, no início da vigência da Constituição de 1988. Essas são algumas das reivindicações contidas na "Carta de Minas", documento dirigido ao governo federal por prefeitos e vereadores que participaram do evento "Em Defesa dos Municípios", nesta terça-feira (26/8/2003). No evento, uma promoção da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, foram discutidas as dificuldades financeiras das prefeituras mineiras e lançada a Frente Parlamentar Municipalista.

A "Carta de Minas" foi lida pelo prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira, que também é presidente da Federação Mineira das Associações Microrregionais de Municípios (Femam). O documento foi divulgado no final da tarde desta terça-feira, ao término das atividades e após o pronunciamento do governador de Minas, Aécio Neves. Os prefeitos, vereadores e entidades representativas dos municípios reivindicaram também que a Frente Parlamentar Municipalista se empenhe para que haja interlocução mais efetiva entre governos federal e estadual e municípios. Também solicitaram que as propostas da "Carta de Minas", somadas às da Carta da VI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, sejam defendidas pela bancada mineira e demais parlamentares no Congresso Nacional.

Municípios querem acompanhar classificação das receitas que dão origem ao FPM

São quatro as reivindicações da "Carta de Minas":

* transformação de todas as contribuições da União em impostos: a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF); a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide); a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O objetivo é incluí-las na base de cálculo do FPM;

* transparência no cálculo das quotas referentes ao FPM e acompanhamento, junto aos órgãos da União, da classificação das receitas que dão origem ao fundo. O objetivo é fazer com que essa atribuição não fique restrita ao Tribunal de Contas da União, assegurando a participação de entidades representativas dos municípios no monitoramento e acompanhamento dos dados;

* aumento dos percentuais de participação dos municípios nos impostos estaduais que seja compatível com os investimentos realizados por estes nas áreas sociais;

* retorno do índice conquistado pelos municípios no bolo tributário, no início da vigência da Constituição de 1988.

Justificativas - Na justificativa para apresentar a "Carta de Minas", os prefeitos e vereadores lembram a redução drástica dos repasses do FPM, a principal fonte de recursos da maioria das cidades, e outros problemas como: o aumento dos encargos das prefeituras, com a municipalização de serviços antes mantidos pelo Estado ou pela União; a dependência excessiva dos repasses de recursos do Estado e da União, por insuficiência de arrecadação própria; a necessidade de recorrer a convênios e empréstimos para cumprir suas atribuições básicas, o que gera uma situação insustentável de endividamento; e as limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Prefeitos usam a Tribuna para encaminhar suas reivindicações

Vários prefeitos usaram a Tribuna do Plenário para apresentar suas reivindicações. Entre eles, o de Ubá, Antônio Carlos Jacob. Ele sugeriu a apresentação de emenda ao relatório da proposta de reforma tributária, em tramitação no Congresso. Essa emenda incluiria a participação de Estados e de municípios na distribuição da Cide e da CPMF. Defendeu ainda a ida dos prefeitos a Brasília para fazer pressão e combater o que chamou de "rolo compressor". Já o prefeito de Moema, José Geraldo Costa, cidade de 8 mil habitantes, defendeu a autonomia do Congresso Nacional para mudar aspectos da reforma tributária. Ele citou as dificuldades financeiras vividas pelo município que administra, como a reduzida arrecadação de impostos; a diminuição de R$ 50 mil de FPM em julho; e a baixa arrecadação do ICMS, de R$ 45 mil.

O secretário da Fazenda de Betim, Raimundo Gonçalves, enfatizou que a palavra-chave do evento "Em Defesa dos Municípios" era "atitude". "Não há no País nenhum município que consiga atender hoje às demandas por saúde, educação e segurança, seja ele grande ou pequeno", queixou-se. Lembrou, por outro lado, a força que o conjunto das cidades tem e a importância de ousarem, cobrando mudanças na reforma tributária. Para ele, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso da forma como está, a economia não será reativada e problemas como o desemprego continuarão. Gonçalves apresentou, ainda, dados que apontam a concentração de recursos nas mãos da União. Em 1992, a participação dos municípios no bolo total da receita era de 19,2%. Hoje, caiu para 13%.

Ata e reprise na TV - O deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), coordenador da parte da tarde, informou que a ata do evento "Em Defesa dos Municípios" será publicada no Minas Gerais/Diário do Legislativo no dia 13 de setembro. Já a reprise do evento será transmitida pela TV Assembléia (canal 11 do sistema a cabo, em Belo Horizonte) no dia 1º de setembro. A parte da manhã será reprisada às 9 horas e a da tarde, às 14h30.

 

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