Deputados oferecem apoio à causa municipalista

A criação de um órgão de representação dos municípios junto à esfera federal para que eles se coloquem em pé de igual...

26/08/2003 - 17:43
 

Deputados oferecem apoio à causa municipalista

A criação de um órgão de representação dos municípios junto à esfera federal para que eles se coloquem em pé de igualdade com Estados e a União. Essa foi a proposta defendida pelo deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), representando o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), na abertura das exposições dos deputados no evento "Em defesa dos Municípios", nesta terça-feira (26/8/2003). Segundo Andrada, líder do Bloco Parlamentar Social Progressista (BPSP), a constituição dessa nova instância de representação seria uma das formas de corrigir deformações do atual pacto federativo.

Apoiando também a tese do parlamento municipalista, o deputado Domingos Sávio (PSDB) disse que, enquanto esse novo órgão não for aprovado, os municípios têm que estar juntos lutando por uma distribuição justa de tudo que é arrecadado. De acordo com o parlamentar, eles não podem ficar à mercê de favores políticos e da boa vontade dos governos federal e estadual. O problema histórico da má distribuição do recursos aos municípios tem reflexos diretos no atendimento à população, que sofre ao deixar de receber serviços básicos, afirmou Domingos Sávio.

Como representante do partido do presidente Lula, o líder do bloco PT/PCdoB, deputado Rogério Correia (PT), ressaltou que todas as reformas propostas pelo governo federal estão sendo negociadas. "Assim como negociamos, principalmente, com os governadores a reforma da Previdência, vamos também negociar a reforma tributária com os municípios", declarou. Ele ressaltou que as reformas propostas objetivam preparar o Brasil para o crescimento, acrescentando que "se o País não crescer, não crescerão também os Estados e os municípios".

Distribuição mais justa dos recursos

O líder do PL, deputado Dinis Pinheiro, disse que a Assembléia reunia naquele momento as maiores forças políticas do Estado, representadas pelos prefeitos, e aconselhou-os a promoverem mobilizações em Minas e no Brasil, reivindicando "uma distribuição mais justa e cristã dos recursos. Ele citou como medidas nesse sentido, o repasse aos municípios de parte dos recursos da Cide, da CPMF e também do ICMS. Pinheiro defendeu também a aprovação do Projeto de Lei 23/2003, de sua autoria, que trata da distribuição do ICMS e, segundo ele, beneficiaria 748 municípios mineiros.

Depois de lembrar que os municípios obtiveram avanços após a grande marcha de prefeitos a Brasília, em 1985, o deputado Antônio Júlio (PMDB) lamentou que, após 1990, todas as conquistas foram retiradas. Ele exemplificou com o Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF) e o Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que tiveram repasses reduzidos pelo governo federal. "Temos que fazer pressão como em 85", conclamou Antônio Júlio, aconselhando uma ação mais firme dos prefeitos junto ao Senado.

Também o deputado Carlos Pimenta (PDT), vice-líder do BPSP, defendeu a aprovação do PL 23/2003, como meio de distribuir de modo mais justo o ICMS. Ele criticou a atuação da Promotoria de Crimes de Prefeitos, que estaria cometendo absurdos tentando colocar na cadeia prefeitos, que já são penalizados pela crise financeira. Pimenta lembrou ainda da grave situação dos municípios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, demonstrando a situação de penúria social e econômica.

PFL defende alteração do repasse de impostos e contribuições

Em seu discurso, o líder do PFL, deputado Elmiro Nascimento, defendeu a alteração do repasse, não só do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), como também do IPI, Imposto de Renda, ICMS e outros tributos e contribuições. Um dos instrumentos dessa mudança, na opinião dele, seria a emenda constitucional apresentada pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, que propõe a divisão entre a União, Estados e municípios do total da arrecadação federal. A emenda prevê uma nova divisão, incluindo as contribuições sociais, hoje exclusivas da União.

Segundo o deputado Paulo Cesar (PFL), "o maior prestador de serviços e também o maior empregador do Brasil são as prefeituras". Por esse motivo, a União tem que garantir recursos para elas. Este é, para o deputado, o momento de extrair a melhor solução tributária para o país. E esse objetivo só será conseguido se os prefeitos pressionarem o presidente Lula para que faça a melhor reforma, declarou ele, acrescentando que o governador Aécio Neves era um parceiro deles na luta por uma reforma mais justa.

Após qualificar o momento atual do país como um tempo de mudanças, através das reformas da Previdência, tributária, política, e também de mudanças culturais, o 2º- vice-presidente da Assembléia, deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), ressaltou que todos querem mudanças, desde que sejam em seu favor. "O tempo de mudanças exige o compromisso com a solidariedade entre municípios, entre eles e os Estados e destes com a União", destacou Adelmo. Por que municípios ricos renunciam ao IPTU, mas cobram o FPM, que poderia ser repassado para municípios mais pobres?", questionou.

Reforma deve ser precedida de planejamento

O deputado Bonifácio Mourão (PSDB), vice-líder do governo, condicionou a aprovação da reforma tributária a um planejamento econômico e social. "Antes de alterarmos os mais de 15 artigos da Constituição Federal, temos que ouvir todos os segmentos, para fazermos uma distribuição justa", disse. Para que isso ocorra, a tributação deve ocorrer na origem e no destino. Mourão convocou os prefeitos para que "vistam a camisa" do municipalismo: "Ou os senhores peitam o governo federal agora ou continuarão cabisbaixos para sempre perante seus conterrâneos".

Falando em nome dos integrantes Bloco Parlamentar Social Progressista, o vice-líder do bloco, deputado Arlen Santiago (PT), ressaltou que a lei tem sido utilizada para castigar as prefeituras, principalmente com o poder destinado à União, que muda impostos para seu proveito, tirando recursos dos municípios. Para Arlen Santiago, a reforma tributária é a chance real de mudança no pacto federativo. "Sem pressão não conseguiremos nada de Brasília. O compromisso pela culpa ou pelo êxito da reforma será de cada um de nós. O momento é esse", acredita.

O líder da minoria, deputado Chico Simões (PT), disse que "é um municipalista convicto" e acredita que cada um tem seu papel, principalmente quando os governos federal e estadual estão distantes dos municípios, mas que não é a hora do "agora ou nunca". Segundo ele, os municípios devem continuar questionando o governo federal, mas é preciso lembrar que, para promover o crescimento dos municípios, é necessário que o País também cresça. Simões pediu uma "posição madura" dos prefeitos e que a responsabilidade de cada um sobre a situação em que se encontra as prefeituras seja assumida por todos.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) destacou que a realização do evento "Em defesa dos municípios" é um momento histórico na Alemg e mostra a preocupação ímpar dos parlamentares, a solidariedade que vem ao encontro dos municípios. Ele lembrou que, dos 853 municípios mineiros, 680 dependem dos recursos provenientes do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e estão numa situação insustentável. Dalmo pediu que o repasse de recursos e o pacto federativo sejam respeitados, alertando que, para isso, "seguiremos em passos firmes e determinados".

Deputado cobra promessa do presidente Lula

Já o vice-líder do PL, deputado Alberto Bejani, começou sua fala lembrando que o então candidato a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que "em seu governo nenhum prefeito ficaria com pires na mão". Segundo Bejani, na realidade, está promessa não está sendo cumprida. Afirmou ainda que "se engana quem acha que as cidades maiores têm problemas maiores. As cidades pequenas têm problemas enormes e os governantes não olham para os municípios com 3.000 habitantes porque só pensam no número de eleitores e não administrativamente".

"Federalismo é uma forma de governo pela qual vários Estados se reúnem numa só nação, sem perderem o poder." Com uma definição de dicionário, a deputada Ana Maria Resende (PSDB) iniciou sua fala afirmando que no Brasil o federalismo não ocorre. "Temos uma União fortalecida, centralizada, enriquecida e o município cada vez mais empobrecido", avaliou. Segundo ela, essa herança vem do Império e é importante que o governo federal sinalize que veio para mudar a rota. "Torço para que nosso governador e os prefeitos mineiros consigam mobilizar o governo federal para mudarmos a falta repasse de recursos para os municípios".

O deputado Laudelino Augusto (PT) se dirigiu à tribuna para trazer uma reflexão, um questionamento e manifestar solidariedade aos municípios mineiros. Disse ainda que a idéia de política como relação de poder deve ser mudada, passando para uma relação de serviço. "Somos eleitos para sermos servidores", afirmou. Ele alertou também que problemas na administração pública devem ser combatidos, como a corrupção ou licitações fraudulentas. Finalizou informando que um estudo da Fundação Getúlio Vargas aponta que 70% dos vereadores não sabem ou não têm clareza de sua missão.

 

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