Prefeitos pedem pacto federativo com mais participação nos tributos

Já em preparação final para a grande marcha que realizam a Brasília, no dia 10 de setembro, prefeitos reunidos nesta ...

26/08/2003 - 14:33
 

Prefeitos pedem pacto federativo com mais participação nos tributos

Já em preparação final para a grande marcha que realizam a Brasília, no dia 10 de setembro, prefeitos reunidos nesta terça-feira (26/8/2003), na Assembléia Legislativa, pediram a reformulação do pacto federativo, com mais participação dos municípios no bolo tributário. Eles participaram do evento "Em defesa dos Municípios", que reuniu deputados e vereadores no lançamento da Frente Parlamentar Municipalista. Os prefeitos defenderam a necessidade de recuperação de 6% dos tributos, perdidos desde a Constituição de 1988, quando sua participação caiu de 20 para 14% da arrecadação nacional.

Através da Federação Mineira de Microrregionais de Municípios (Femam) e da Associação Mineira dos Municípios (AMM), vão ser levadas sugestões aos deputados federais, para que sejam incluídas emendas ao texto da reforma tributária, entre elas: um diálogo mais eqüânime entre União e municípios e a inclusão de outros impostos, como CPMF (Contribuição Provisória de Movimentação Financeira) e da Cide (contribuição sobre os combustíveis), na composição do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), principal fonte de sustento das pequenas e médias cidades brasileiras.

Queda do FPM quebrou municípios

Na abertura das discussões, o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), destacou que não é razoável e compreensível a distribuição dos impostos, como é feita hoje. "A realidade hoje é de caos, com a queda no repasse do FPM e com o aumento de responsabilidade das prefeituras, que tiveram de arcar com a municipalização de serviços como saúde e educação", destacou o presidente. Ele lembrou que quase a totalidade das cidades mineiras não contam com outro tipo de arrecadação, além do FPM.

Para ele, a situação precisa ser invertida, já que os municípios são a célula dos Estados e União, "onde acontecem os problemas, onde devem surgir as soluções, pois são as instâncias concretas das relações sociais", completou Mauri Torres.

Para a prefeita de Três Pontas, e presidente da AMM, Adriene Barbosa de Faria, o municipalismo brasileiro está enfrentando sua pior crise, principalmente em Minas, onde 80% das cidades dependem do FPM, ou "688 cidades quebradas". Ela conclamou todos os prefeitos para a marcha a Brasília, "mesmo que o Ministério Público seja contra". Adriene Barbosa lembrou que os prefeitos são os maiores prestadores de serviços públicos da União e hoje participam com a menor fatia no bolo tributário. "Que pacto federativo é este?", enfatizou a prefeita. Para ela, a hora de se reverter a situação é esta , com a votação da Reforma Tributária. "Os municípios precisam ter suas contas saneadas e a criação da Frente Municipalista deve servir de modelo para outros Estados".

Revisão dos repasses para educação e saúde

Em um contundente pronunciamento, o prefeito de Barraco, Joarez Lima Henrichs, presidente da Associação dos Municípios do Paraná, destacou as dificuldades impostas aos dirigentes municipais, principalmente nas áreas de saúde e educação. Ele disse que é impossível oferecer saúde à população, com o repasse de R$ 1,50 por paciente, feitos pela União. E igualmente, é impossível bancar a merenda escolar, com o repasse de R$ 0,13 por aluno.

Henrichs informou que prefeitos do Paraná pararam por um dia e já aprovaram uma moratória de contas estaduais e federais, como as contas de água e luz e o pagamento de dívidas fundadas. Ele incentivou os prefeitos presentes a saírem do encontro com algumas mudanças, "virando a mesa". O paranaense disse que naquele Estado, estão sendo feitos painéis com o nome dos deputados federais conforme seu voto na Reforma Tributária, "para mostrar aqueles que traem os municípios, onde vão buscar seus votos". Em um recado final aos prefeitos, Joarez Lima disse que "quem se omitir agora vai pagar mais à frente, porque o que importa hoje é a qualidade de vida, que começa no município".

A mesma posição foi defendida pelo coordenador da Associação Paulista de Municípios, ex-prefeito de Campinas, Carlos Alberto Cruz Filho. Lembrando que o Estado é a soma dos municípios, ele disse que em São Paulo foi feito um movimento das prefeituras, no último dia 6. O "SOS Municípios" vai levar a Brasília, na marcha do dia 10, a reivindicação de elevar o repasse da merenda escolar para, pelo menos, R$ 0,60 por criança, atualizar os repasses de remédios e consultas e retomar os convênios com a União, com os respectivos recursos. Para a Reforma Tributária, eles vão pedir a inclusão da CPMF e Cide no cálculo da FPM e a transferência da cobrança do ITR (Imposto de Transmissão Rural ) para os municípios.

O prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente da Femam, José Fernando Aparecido de Oliveira, de forma indignada, disse que o "espetáculo do crescimento" do presidente Lula só se dará nos municípios. Ele exemplificou, com a arrecadação de sua cidade, que de maio a julho, teve uma queda de 50% no FPM.

O encontro de prefeitos foi pedido pelo deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB) e o requerimento para a criação da Frente Parlamentar Municipalista foi do deputado Adalclever Lopes (PMDB). Além do lançamento da Frente, os prefeitos iriam lançar uma Carta de Minas, com leitura em Plenário, à tarde.

 

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