Nestlé terá de fazer novo plano para explorar águas de São Lourenço

A Nestlé do Brasil, empresa que explora as águas minerais de São Lourenço, Sul de Minas, terá um prazo de 60 dias par...

25/08/2003 - 16:06
 

Nestlé terá de fazer novo plano para explorar águas de São Lourenço

A Nestlé do Brasil, empresa que explora as águas minerais de São Lourenço, Sul de Minas, terá um prazo de 60 dias para apresentar um plano de aproveitamento econômico de exploração das águas minerais daquela estância. A conclusão foi apresentada durante a audiência pública realizada nesta sexta-feira (22/8/2003) na Câmara Municipal daquela cidade, pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa. A comissão voltou à cidade, depois da primeira audiência realizada dia 30 de abril, para prestar contas à comunidade sobre seus trabalhos.

A nova sistemática a ser adotada pela empresa é resultado de uma vistoria técnica feita pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) cuja conclusão foi encaminhada à Nestlé no último dia 15. De acordo com o laudo do DNPM, a empresa deve ser coerente com a legislação corrente, que atualmente proíbe a desmineralização total da água, o que a Nestlé faz em um de seus produtos, a água Pure Life.

Para o diretor geral adjunto do DNPM, João César de Freitas, não há a intenção de expulsar a Nestlé da cidade e nem do Brasil. "Mas queremos que a exploração em São Lourenço siga os mesmos critérios utilizados na França e em outros lugares do mundo", afirmou o diretor. Ele acredita que a empresa pode investir mais na cidade, levando em consideração normas de aproveitamento sustentável das águas.

Empresa promete mudar funcionamento

O diretor de assuntos corporativos da Nestlé do Brasil, Carlos Faccina, afirmou que a empresa sempre seguiu as normas técnicas do DNPM, por confiar em suas indicações. E adiantou que se o Departamento mudou seus critérios agora, a Nestlé irá acatá-los, com a participação da sociedade civil. Enfatizou que a empresa não funciona ilegalmente e nem superexplora as águas. "Mas, sobretudo, não usamos dois padrões para a exploração, um para o primeiro mundo e outro para o terceiro. Nosso procedimento é o mesmo no mundo inteiro", garantiu.

O secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, apresentou uma nota de louvor à Assembléia através da Comissão de Meio Ambiente, por ter voltado a São Lourenço, para prestar contas do trabalho feito após a primeira audiência. Ele informou que foi feita uma reunião nacional, pela manhã, das câmaras técnicas de estudo de águas subterrâneas, o que havia sido prometido para a cidade na audiência de abril, pela Comissão de Meio Ambiente. João Bosco Senra destacou a mobilização da comunidade de São Lourenço, "que tem buscado o desenvolvimento sustentável, associando preservação com desenvolvimento econômico".

A presidente da comissão, deputada Maria José Haueisen (PT), destacou que a reunião foi uma continuidade dos trabalhos de abril, numa forma de manter o debate aberto, já que a água é um bem público. O deputado Márcio Passos (PL) pediu que fossem feitos outros estudos, incluindo até visitas à empresa, caso fosse necessário.

O deputado Laudelino Augusto (PT), autor do requerimento da primeira reunião, relembrou algumas das ações que vem implementando em defesa das águas e meio ambiente da região. Ele citou dois projetos de lei apresentados por ele e que tramitam na Assembléia. O PL 784/2003 determina que a outorga do direito de uso e concessão de licenças ambientais para fins de captação de águas subterrâneas será precedida de audiência pública dos órgãos e das entidades estaduais e do empreendedor com a população e o poder público municipal da estância hidromineral. O PL 645/2003 cria a Área de Preservação Ambiental (APA) da Estância Hidromineral de Caxambu. Além disso, o deputado apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pede o reconhecimento das estâncias hidrominerais como patrimônio natural.

Na audiência, Laudelino Augusto começou a coleta de assinaturas para a criação da Frente Parlamentar de Defesa e Preservação das Águas. Os primeiros a assinarem o documento foram a deputada Maria José, o deputado federal Odair Cunha (PT) e o vereador de São Lourenço e membro do Movimento de Cidadania das Águas, Cássio Mendes.

Na fase de debates, autoridades locais, estudantes, geólogos, representantes de Ongs e sindicatos, que lotavam o plenário da Câmara Municipal, pediram a suspensão da exploração do Poço Primavera até que a Nestlé se adapte às normas estabelecidas pelo DNPM. Eles defenderam também a interrupção da produção da Pure Life.

Presenças - Além das autoridades citadas na matéria, participaram da reunião o diretor de desenvolvimento mineral da Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig), Marcelo Nassif; o diretor-geral do Igam, Paulo Teodoro de Carvalho; o comandante da Polícia Florestal de São Lourenço, Tenente Gilson José Fonseca Pereira; a presidente da Câmara Técnica de Procedimentos de Outorga do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Leila Carvalho Gomes; e o presidente da Câmara Municipal de São Lourenço, vereador Luiz Augusto Lima Silveira. Também estavam presentes a presidente da Comissão de Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, deputada Maria José Haueisen (PT); e os deputados Laudelino Augusto (PT) e Márcio Passos (PL).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715