Deputada defende negociação na Alca "de cabeça erguida"

A deputada federal Maria do Carmo Lara (PT-MG) destacou a importância de os deputados de todos os parlamentos discuti...

22/08/2003 - 18:44
 

Deputada defende negociação na Alca "de cabeça erguida"

A deputada federal Maria do Carmo Lara (PT-MG) destacou a importância de os deputados de todos os parlamentos discutirem a Alca, subsidiando as decisões governamentais, para que o Brasil participe das negociações de "cabeça erguida, sem subserviência, e levando em conta os interesses do país". A declaração foi feita na segunda parte do Ciclo de Debates "O Brasil na Alca" com o tema geral "A Alca e suas implicações socioeconômicas", na tarde desta sexta-feira (22/8/2003), sob coordenação do Antônio Carlos Andrada (PSDB).

A deputada Maria do Carmo Lara veio representando o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, que não pode comparecer. O deputado presidia a Frente Parlamentar Nacional de Acompanhamento da Alca, até 12 de agosto último, quando a direção da Frente passou a ser colegiada, com cinco coordenadores e nove sub-coordenadores.

Não à Alca - Na parte destinada as exposições, a presidente do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais, Dirlene Marques, deteve-se em duas questões - o livre comércio e os investimentos - para condenar a participação do Brasil na Alca. Segundo ela, ao adotar as premissas do livre comércio, com a quebra de restrições e barreiras nas relações comerciais com os Estados Unidos, o Brasil teria muito mais a perder do que a ganhar. "Temos um mercado oligopolizado pelas mega empresas dos EUA, onde nossas micro, pequenas e médias empresas teriam que competir", ressaltou, lembrando que essas últimas entrariam em condições muito piores: taxa de juros ao ano10 vezes mais alta, impostos altos sobre toda a produção, o que deixaria o Brasil com a única opção de aumentar a jornada de trabalho e reduzir os salários.

"Para os EUA, são dois pesos e duas medidas"

Na visão de Dirlene, a pregação do livre comércio é, falsa, pois "para os Estados Unidos, são dois pesos, duas medidas: liberdade para os mercados em que eles podem prevalecer e restrições para os outros". Entre essas restrições estão a lei anti-dumping, que excluiu da pauta cerca de 300 produtos e subsídios sobre produtos agrícolas. Mesmo se todas as barreiras fossem de fato retiradas, ainda assim, o Brasil teria uma perda em torno de U$1 bilhão nas relações comerciais e muitos setores faliriam, segundo a dirigente sindical.

Dirlene Marques lança mão do regulamento do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) para tratar dos investimentos na Alca. Ela avalia que, caso esse documento sirva como base para o regulamento da Alca, o Brasil estaria praticamente abrindo mão de sua soberania. "O regulamento tem sido usado por empresas multinacionais, que têm garantias e proteções jurídicas especiais, para reverter decisões tomadas por governos federais estaduais e municipais no México, Canadá e Estados Unidos", critica. Por todos esses motivos, Dirlene defende a convocação de um plebiscito para que o povo dê sua opinião sobre a participação ou não do Brasil na Alca.

Nem contra nem a favor - "Não há como ser a favor ou contra uma Alca que não existe", declarou o representante da Câmara Americana de Comércio, Jorge Perutz, para quem sair do debate não seria conveniente, uma vez que esse tratado é ainda um projeto. Ele entende também que houve uma mudança profunda na postura do governo atual em relação ao anterior, e cita exemplos de produtos com alta competitividade internacional como a soja, o café (com preços 25% menores que no resto do mundo); o aço (30% mais barato) e produtos têxteis.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715