Alunos com mais de 18 anos poderão freqüentar ensino regular

A partir de 2004 os alunos com mais de 18 anos que tenham concluído a 8ª série poderão se matricular na rede pública ...

21/08/2003 - 20:43
 

Alunos com mais de 18 anos poderão freqüentar ensino regular

A partir de 2004 os alunos com mais de 18 anos que tenham concluído a 8ª série poderão se matricular na rede pública de ensino regular. O anúncio foi feito pela subsecretária de Desenvolvimento da Educação, Maria Eliana Novaes, durante a primeira audiência pública realizada pela Comissão de Participação Popular em conjunto com a Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia nesta quinta-feira (21/8/2003). A reunião foi solicitada pela Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (Ames) para discutir as condições de oferta do ensino médio na rede estadual. A subsecretária assegurou, diante de uma platéia composta por estudantes secundaristas e profissionais da educação, que a resolução do ex-governador Itamar Franco que excluía esses estudantes do ensino regular foi revogada.

Maria Eliana Novaes informou ainda que o Estado está firmando parcerias com os municípios para aumentar a oferta de vagas no ensino médio, além de prever a inauguração de novas escolas também. "Seria necessário criar mais de 50 mil vagas em todo o Estado para absorver os alunos que concluirão o ensino fundamental das redes municipal e estadual neste ano", afirmou. Segundo ela, a escassez de vagas no ensino médio diurno seria motivo de alegria. "Isso significa que os alunos estão, cada vez mais, concluindo o 1º grau na idade correta. Não são jovens trabalhadores", concluiu.

Progressão continuada explicaria demanda de vagas

O assessor especial da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, Afonso Celso Barbosa, acredita que a falta de vagas é reflexo da mudança no sistema educacional, com a adoção da progressão continuada. Segundo ele, no início da década de 90, as escolas municipais reprovavam cerca de 50% dos seus alunos, sem contar a evasão escolar. "Era uma tragédia", disse o assessor. Ele expôs que nessa época havia um "funil": muitos alunos se matriculavam na 5ª série e poucos chegavam à 8ª. "E esses alunos que concluíam a 8ª série não tinham condição nenhuma de ter sucesso no ensino médio. Hoje, com o novo sistema de progressão continuada, todos os alunos são acolhidos no ensino fundamental e não há retenção, fazendo com que a demanda pelo ensino médio também aumente", explicou.

Para o assessor, a progressão continuada procura solucionar as dificuldades de aprendizagem dentro da escola, sem excluir o aluno. Para a presidente da União Municipal dos Estudantes Secundários de Belo Horizonte (Umes-BH), Priscylla Ramalho, esse projeto foi mal compreendido e faltou debate com a comunidade escolar.

Passe-escola - O representante da Ames, Leonardo Péricles, defendeu que o acesso ao ensino médio é dificultado pela distância entre a escola e as casas dos estudantes. "Precisamos começar a discutir o passe-escola", sentenciou. Para Priscylla Ramalho, a evasão escolar está diretamente ligada à dificuldade de transporte que os estudantes encontram para irem à escola. Ela também defendeu o "passe livre".

A permanência na escola foi defendida pela diretora do Sind-UTE, Adalete Pacheco. Para ela, não basta ampliar o número de vagas. "Hoje o governo conseguiu praticamente universalizar o ensino fundamental, mas ainda precisa haver investimento na qualidade de ensino; 59% dos alunos que concluem a 4ª série apresentam condições críticas de leitura, escrita, interpretação e insuficientes conhecimentos matemáticos", disse. A representante da União dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime), Sueli Duque, considera a melhoria na qualidade do ensino e a capacitação continuada dos professores o maior desafio a ser enfrentado na área da Educação.

O deputado André Quintão (PT) e a deputada Vanessa Lucas (PSDB) defenderam o ensino técnico de qualidade como opção para o primeiro emprego. Eles manifestaram preocupação com a situação dos alunos que optarem por não cursar uma faculdade ou que não tiverem condições para isso. Vanessa Lucas considerou bem-sucedida a experiência da Fundação de Ensino de Contagem (Funec) na oferta de cursos médio e profissionalizantes, atendendo 10 mil alunos em uma rede de 18 escolas. Os deputados Adalclever Lopes (PMDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Domingos Sávio (PSDB) e Weliton Prado (PT) ressaltaram a importância do diálogo para solucionar os problemas da educação no Brasil e manifestaram sua preocupação com a qualidade do ensino.

Durante a fase de debates, estudantes e profissionais de ensino se revezaram no microfone para reivindicar melhores condições para as escolas. Eles defenderam também o aumento na oferta de vagas e a volta dos cursos profissionalizantes.

Presenças - Participaram da reunião os deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; Adalclever Lopes (PMDB); Dalmo Ribeiro Silva (PSDB); Weliton Prado (PT); Vanessa Lucas (PSDB); Mauro Lobo (PSB) e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

 

 

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