Comissões vão cobrar do Estado solução para cadeia de Fabriciano

Deputados das comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Assembléia de Minas vão tentar obter junto ao s...

21/08/2003 - 20:50
 

Comissões vão cobrar do Estado solução para cadeia de Fabriciano

Deputados das comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Assembléia de Minas vão tentar obter junto ao secretário de Estado de Defesa Social uma solução para a cadeia de Coronel Fabriciano, superlotada, com 91 presos onde caberiam apenas 50. Foi aprovado requerimento do deputado Chico Simões (PT) com esse teor na reunião conjunta dessas duas comissões nesta quinta-feira (21/8/2003), naquele município. Os deputados pretendem cobrar a contrapartida do governo estadual para as obras de reforma da cadeia, no valor de R$ 110 mil.

Segundo o prefeito de Coronel Fabriciano, Paulo Almir Antunes, em 2002 foi firmado um acordo entre a prefeitura e o governo do Estado, por meio do qual cada uma das partes entraria com esse valor para pagar as obras na cadeia. Como o Estado não cumpriu sua parte, segundo Antunes, a própria Polícia Civil, por iniciativa do delegado e vereador da cidade, Francisco Lemos, conseguiu obter os recursos para a reforma junto à iniciativa privada.

O requerimento recebeu emendas dos deputados Célio Moreira (PL) e Leonardo Quintão (PMDB). O primeiro solicitou que fosse reivindicado na audiência com o secretário de Defesa Social o aumento do número de policiais civis na cidade (hoje, segundo o delegado Lemos, a delegacia só conta com dois detetives). Já Leonardo Quintão pediu que fossem convidados para participar da audiência o prefeito e o presidente da Câmara Municipal de Fabriciano.

Autoridades defendem construção de Ceresp ou colônia penal

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, vereador Beto Hudson, que havia denunciado a superlotação da cadeia à Assembléia, defendeu a construção de um Ceresp na cidade. Para ele, somente com a construção de um Centro de Recuperação e Ressocialização de Presos, o problema da segurança pública em Fabriciano será resolvido e a cadeia deixará de ser o barril de pólvora que é hoje.

A construção do Ceresp também foi defendida pelo juiz da comarca, Marcelo Pereira da Silva. Ele lembrou que, em 2002, a então Secretaria de Estado de Segurança Pública prometeu reformar a cadeia. Como isso não aconteceu, o Ministério Público entrou com uma ação exigindo o fechamento dessa unidade, que permaneceu desativada até abril de 2003. O juiz informou também que vem fazendo constantes solicitações à subsecretaria de Administração Penitenciária para que presos com sentença transitada em julgado sejam transferidos para penitenciárias, mas nem sempre é atendido. A alegação do governo é de que há mais de 7 mil presos aguardando vagas nas penitenciárias do Estado.

Já o delegado regional de Polícia Civil de Ipatinga, Paulo César Dettogne, defendeu, em vez da construção de um Ceresp, de uma colônia penal, nos moldes de Uberlândia, Patos de Minas e Divinópolis. Depois de apresentar dados sobre a segurança pública no município, especialmente sobre número de prisões (que em 2003, já atingiram 1.624), o tenente-coronel PM Sandro Teatini constatou que é impossível o Estado construir unidades para tantos presos. "Como vamos prender 1.624 se a cadeia só comporta 50?", questionou, concluindo que a solução virá de um trabalho preventivo ao crime, principalmente através de programas sociais.

"Segurança pública é um problema de Estado"

Concordando com a opinião do presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), de que a questão da segurança é um problema de Estado, o promotor de Justiça, Herman Lotti, afirmou que todas as esferas do poder público têm que se unir. "Juntos - polícias Militar, Civil e outras, Poder Judiciário, poderes Executivo e Legislativo estaduais e municipais, Ministério Público e também a comunidade - vamos obter as soluções para a segurança pública", disse.

Representando o subsecretário de Administração Penitenciária, o diretor da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, Adão dos Anjos, anunciou o que para ele seriam boas notícias para os juízes das varas de execuções penais do Vale do Aço. Segundo o dirigente, na penitenciária de Ipaba, entre os 326 presos atuais, apenas 10% não são da região, o que vai ao encontro da Lei de Execuções Penais. Essa lei prevê que os presos devem ficar em unidades próximas às residências de suas famílias. Ele acrescentou que "se conseguir transferir os 10% restantes, serão mais 50 vagas em Ipaba".

Deputados - Os deputados Célio Moreira (PL) e Mauro Lobo (PSB) mostraram-se confiantes de que a solução para o problema em Coronel Fabriciano vai ser encontrada através do diálogo com o governo estadual. Já o deputado Leonardo Quintão (PMDB) defendeu a reivindicação, junto ao Estado, do repasse da contrapartida de R$ 110 mil, proposta acolhida no requerimento.

Presenças - Participaram da reunião os deputados da Comissão de Direitos Humanos, Roberto Ramos (PL), vice-presidente; Célio Moreira (PL) e Mauro Lobo (PSB); e da Comissão de Segurança Pública, Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Leonardo Quintão (PMDB) e Chico Simões (PT), substituindo o deputado Rogério Correia (PT). Além das autoridades citadas, compareceram também: a promotora de Justiça da Área Criminal da Comarca de Coronel Fabriciano, Ana Letícia Martins; vereadores, autoridades policiais, líderes religiosos do município e da região, além da comunidade local, que lotou o auditório do Clube Casa de Campo.

 

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