Comissão cobrará providências sobre ameaças à vida de
vereador
A Comissão de Segurança Pública vai acompanhar as
investigações da Polícia Civil sobre as ameaças sofridas pelo
presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Betinho
Duarte. Ouvido pela comissão na tarde desta terça-feira (18/8/2003),
o vereador está sob escolta policial e usando colete à prova de
balas. Durante a reunião, uma testemunha que prestou depoimento aos
deputados, mantendo a identidade preservada, acusou um
ex-companheiro de ser o autor de diversas ameaças ao vereador. Ele
atuaria como tatuador no Centro de Belo Horizonte e seria envolvido
com tráfico de drogas. Esse e outros dois homens foram presos na
última sexta-feira (15), acusados de ameaçar de morte o presidente
da Câmara, e liberados no sábado, após instauração do Termo
Circunstanciado de Ocorrência.
Além de se reunir com o delegado responsável pela
prisão para saber mais informações sobre a prisão, a comissão pedirá
ao chefe da Polícia Civil dados sobre dois atentados sofridos por
motoristas da Prefeitura de Belo Horizonte que atendiam ao vereador,
quando ele ocupava, interinamente, o cargo de prefeito. O primeiro
caso foi no dia 2 de abril deste ano e envolveu o seqüestro de um
deles, em carro oficial; no segundo, no dia 25 de maio, outro
motorista foi atingido por um tiro. O requerimento, apresentado pelo
deputado Célio Moreira, questiona se foi feita perícia e, caso
contrário, o motivo pelo qual ela não foi realizada. O presidente da
comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), encaminhará as
denúncias ao órgão estadual responsável por apurar crimes contra
autoridades e policiais.
Interesses - Betinho Duarte também afirma ter
recebido vários telefonemas ameaçadores, que foram objeto de
representação na polícia. Ele disse que até hoje não obteve qualquer
esclarecimento sobre os casos, a não ser pelos jornais. "Estou
contrariando interesses de grupos muito poderosos", destacou,
relacionando ações na Justiça, projetos de lei e outras campanhas de
sua autoria que poderiam suscitar reações adversas. Algumas de suas
ações mais polêmicas dizem respeito à proibição da comercialização
de videogames violentos; à instituição do novo Código de
Posturas de Belo Horizonte, que determinou a realocação de camelôs,
toreiros e vendedores ambulantes do Centro da Capital; e a projeto
de lei, sancionado, que proíbe menores de 18 anos de fazerem
tatuagem e piercing sem autorização dos pais.
Segundo testemunha, tatuador fazia ameaças
constantes
A mulher que prestou depoimento para a Comissão de
Segurança Pública afirmou ter ouvido do ex-companheiro, com quem
viveu por seis meses, várias ameaças à integridade física do
presidente da Câmara Municipal. Esse homem trabalharia como tatuador
na Capital, e, segundo ela, envolvia-se com venda de remédios
abortivos e tráfico de drogas. Apesar de não praticar os delitos em
casa, ele relataria a ela com constância, por exemplo, a prática de
moer luz fluorescente e misturar com cocaína, para vender o produto.
Ela contou ainda que o homem, que tem passagem pela polícia em
Ipatinga, por estupro, a agredia fisicamente e a dopava, como forma
de intimidação. O irmão dele, segundo ela, cumpre pena na
Penitenciária de Ipaba e também estaria envolvido na quadrilha. A
testemunha afirmou que, após abandonar a casa do companheiro,
relatou a denúncia ao setor de segurança da Câmara Municipal e,
depois, à Polícia Civil, quando fez acareação com o homem.
De acordo com o deputado Rogério Correia, o
depoimento tem consistência e deve ser investigado. "Ela faz
denúncias graves que não podem deixar de ser apuradas, pois os
envolvidos têm passagem pela polícia", afirmou. Correia disse que a
comissão vai conversar com o delegado responsável e, se for
necessário, pedirá a prisão preventiva dos denunciados, até que a
investigação seja concluída. Outra providência será garantir a
proteção da testemunha. Para o deputado Alberto Bejani (PL),
entretanto, as ameaças aparentam ser originadas de "pessoas mais
poderosas", devido ao alcance, principalmente financeiro, das
medidas do vereador.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da
comissão; Alberto Bejani (PL), Rogério Correia (PT) e Célio Moreira
(PL).
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