Acidentes Ambientais estuda transporte de cargas
perigosas
O mau estado de conservação da malha rodoviária e
ferroviária é um dos principais responsáveis pelos desastres
ecológicos decorrentes do transporte de cargas perigosas. Essa foi
uma das constatações dos deputados membros da Comissão Especial de
Acidentes Ambientais, que se reuniu nesta terça-feira (5/8/2003) na
Assembléia Legislativa. A investigação do acidente ocorrido em
Uberaba, no mês de junho - quando o descarrilamento de dezenas de
vagões provocou a contaminação dos mananciais da cidade com metanol,
octanol e outros venenos - trouxe à reunião o diretor de operações
da Ferrovia Centro-Atlântica. Jayme Nicolato prometeu revelar, na
próxima sexta-feira (8), durante reunião da Comissão de Meio
Ambiente em Uberaba, as causas desse acidente.
Nicolato fez uma exposição sobre os 7.080 km da
Rede Ferroviária Federal que a Cia. Vale do Rio Doce assumiu e vem
recuperando desde 1997 com o nome de Ferrovia Centro-Atlântica. Para
ele, o auge do sucateamento da estatal ocorreu em 1992, quando os
investimentos caíram a quase zero e o volume de cargas transportadas
era cerca de metade do que é hoje. As principais cargas
transportadas são fundentes (minérios), produtos siderúrgicos,
cimento, fosfato, soja e ferro-gusa.
"A Rede usava trilhos TR-32 e TR 37, quando o
mínimo recomendado é o TR-45, de acordo com a nossa experiência na
Vitória-Minas e Carajás. Nos trechos que restauramos usamos o TR-68,
que suporta perfeitamente o peso dos vagões", informou Nicolato.
Novas tecnologias de segurança foram introduzidas na ferrovia,
treinamentos para maquinistas, automação de desvios e equipamentos
de segurança individual, dentre os investimentos que já ultrapassam
R$ 215 milhões neste ano, segundo o diretor. No entanto, Nicolato
admitiu que o acidente de Uberaba não decorreu da má conservação do
trecho.
Mineradores assumem responsabilidade por
acidentes
O presidente do Sindiextra e dirigente da Fiemg,
José Fernando Coura, que já esteve em outras reuniões da Comissão de
Acidentes Ambientais, entregou à presidente da comissão, deputada
Maria José Haueisen (PT), um documento contendo sugestões para uma
política nacional de barragens de rejeitos. O documento resulta de
um encontro de 150 representantes da indústria extrativa de sete
estados brasileiros, e reivindica que a responsabilidade por
qualquer acidente ambiental nessas barragens caiba exclusivamente ao
empreendedor.
Para Angelina Lanna de Moraes, da Feam, esta
reivindicação demonstra uma postura mais adequada dos mineradores em
relação à legislação ambiental. Angelina falou também sobre a
preocupação da Fundação com o treinamento de patrulheiros
rodoviários e corpo de bombeiros para agir corretamente em caso de
acidente ambiental, evitando que se agrave e que o próprio agente se
torne vítima.
Apoio de helicópteros
Esse assunto também foi abordado pelo diretor-geral
do DER, Renato Santana, que assegurou que "a única rodovia em Minas
Gerais que poderá contar com equipes especializadas de socorro em
acidentes ambientais é a Fernão Dias, e mesmo assim por exigência do
financiamento internacional para a sua construção". Santana disse
que serão instalados cinco postos de bombeiros entre Betim e Pouso
Alegre, e que duas turmas de patrulheiros rodoviários e de bombeiros
militares já foram treinadas para atender acidentes com cargas, e
que inclusive terão apoio de helicópteros.
Santana informou ainda que 30% das rodovias que
cortam Minas são federais, mas que 75% do tráfego ocorre nelas. A má
conservação das estradas é responsável por grande parte dos
acidentes rodoviários, e o excesso de peso dos caminhões é
responsável pela destruição da rodovias, segundo o diretor. Santana
insistiu que a solução começa pela reativação das balanças fixas,
operação de balanças móveis e também pela operação das balanças do
DNIT nas rodovias federais.
Presenças - Participaram
da reunião a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; os
deputados Doutor Ronaldo (PDT), vice; Fábio Avelar (PTB); Leonardo
Quintão (PMDB), Adalclever Lopes (PMDB); e Adelmo Carneiro Leão
(PT). Compareceram também o secretário de Transportes e Obras
Públicas, deputado Agostinho Patrús; Tárcio Belém Barbosa, do CREA,
e outros dirigentes do DER, do Sindiextra e da Ferrovia
Centro-Atlântica.
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