Deputados querem apurar destruição em fazenda de Baldin
Os deputados Durval Ângelo (PT) e Roberto Ramos
(PL), respectivamente presidente e vice da Comissão de Direitos
Humanos da Assembléia de Minas, visitaram nesta terça-feira
(1/7/2003) uma fazenda na cidade de Baldin, destruída após a morte
do detetive da Polícia Civil, Marcelo Ferreira, enterrado na última
quarta-feira (25). Os donos da propriedade acusam policiais civis de
serem os responsáveis pela destruição da casa e dizem que podem
reconhecer os envolvidos no ato. As testemunhas são os irmãos do
homem acusado de matar o detetive. "Isso foi vingança. Meu irmão não
matou o detetive e já declarou quem matou", disse um dos irmãos do
acusado.
Segundo o irmão do acusado, que permaneceu
encapuzado durante toda a visita da comissão, cerca de 15 viaturas
da polícia teriam invadido a fazenda e os policiais quebrado os
móveis e queimado máquinas, 12 horas depois da morte do detetive.
Também foram encontrados cartuchos de balas no local. "Só escapamos
porque corremos para o mato", disse um dos irmãos.
O deputado Durval Ângelo disse que a situação que
encontraram em Baldin confirma os depoimentos. Ele acredita na
existência de um "esquadrão da morte" em Minas Gerais, de um grupo
de extermínio dentro da polícia civil. "Não sou eu que estou dizendo
isso. O próprio diretor do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil
do Estado de Minas Gerais (Sindipol), Robert Willian disse que, para
cada policial que morresse, eles matariam outros dez criminosos".
Segundo o deputado, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte morrem, em média, de 10 a 15 pessoas por dia. O presidente
da comissão disse ainda que confia na ação do Ministério Público que
tem um inquérito aberto sobre o assunto. "Só conseguiremos um
fortalecimento da instituição policial se a Corregedoria agir com
firmeza. Queremos que a Corregedoria peça prisão preventiva dos
policiais envolvidos nessa ação, assim que forem identificados",
afirmou. O deputado Roberto Ramos defendeu a retirada dos maus
policiais da corporação. "Esses policiais jogam na lama o nome de
toda a Polícia Civil", ressaltou.
Deputado considera substituição de delegados
"estranha"
A troca de delegados na Polícia Civil também foi
considerada "estranha" pelo deputado Durval Ângelo. "O delegado
afirma, 12 horas após a morte do detetive, que o crime já estava
esclarecido. Estranhamente, depois da declaração, ele foi
substituído", disse. "A delegada que o substituirá já foi alvo de
muitas denúncias, inclusive na Comissão de Direitos Humanos, nos
anos passados", continuou.
O promotor Rodrigo Albuquerque, da Promotoria de
Combate ao Crime Organizado, também participou da visita. O
Ministério Público vai ouvir o depoimento dos irmãos do acusado e a
Comissão de Direitos Humanos da Assembléia irá continuar as
investigações sobre o caso.
Presenças - Participaram
da visita a Baldim, os deputados Durval Ângelo (PT) e Roberto Ramos
(PL)
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