Deputados analisam riscos de barragens de usos múltiplos

Por negligência e responsabilidade da Emesa, uma empresa de mineração que já encerrou atividades, uma adutora do sist...

01/07/2003 - 18:00
 

Deputados analisam riscos de barragens de usos múltiplos

Por negligência e responsabilidade da Emesa, uma empresa de mineração que já encerrou atividades, uma adutora do sistema Rio Manso da Copasa corre o risco de rompimento, o que poderá deixar parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte sem abastecimento de água. Esta foi a principal denúncia surgida na reunião da Comissão Especial de Acidentes Ambientais da Assembléia, realizada nesta terça-feira (1/7/2003). Pelos relatos das dez entidades representadas na reunião, não há risco imediato ou previsto de acidentes ambientais em nenhuma das dezenas de barragens de uso múltiplo ou exclusivas para o abastecimento de água em Minas Gerais.

Participaram da reunião autoridades e técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Ruralminas, da Copasa, da Emater, da Codevasf, do Idene, do Crea-MG, da Agência Nacional das Águas (ANA), do Sindiextra e da Feam. A discussão da adutora da Copasa foi provocada pelo deputado Doutor Ronaldo (PDT), que esteve inspecionando uma voçoroca em Brumadinho, após o rompimento de uma barragem de gabiões que, segundo o parlamentar, estaria provocando o assoreamento do rio Paraopeba e colocando em risco a rodovia MG-040.

O superintendente de recursos hídricos e meio ambiente da Copasa, Valter Vilela Cunha, revelou que o Ministério Público está acionando os responsáveis pela Emesa para assumirem os custos pelas obras de proteção da adutora. Cunha revelou ainda que a Copasa teve que lidar com riscos de rompimento de barragens de rejeitos de onze mineradoras acima das captações de Serra Azul e Rio Manso.

Esquistossomose e Leishmaniose - Um risco ambiental surgido de algumas barragens de usos múltiplos, apontado pela superintendente de fiscalização da ANA, Gisela Forattini, foi a constatação da proliferação dos caramujos hospedeiros da esquistossomose nas barragens de Samambaia e Machado Mineiro, no Norte do Estado. Doutor Ronaldo relatou igualmente que há queixa de aumento dos casos de leishmaniose na localidade de Capim Branco, no Triângulo Mineiro. No entanto, os técnicos cuidaram de relativizar a gravidade do problema, argumentando que os benefícios do acúmulo de água nas regiões mais secas são superiores à incidência de endemias.

Marcos Antônio dos Santos, agrônomo da Ruralminas, informou que a empresa assumiu a administração das barragens de uso múltiplo construídas pela Cemig durante o governo Newton Cardoso, e que vem executando projetos de irrigação e drenagem nas terras ao redor das represas do Bananal, Salinas e Calhauzinho. Antônio Carlos Carvalho Marques, da Codevasf, informou que a companhia tem nove barragens de porte médio para irrigação, com cerca de 3 milhões de metros cúbicos cada, e uma grande, no rio Gorutuba, em Janaúba, que se chama Bico da Pedra. Essa seria de uso múltiplo, incluindo piscicultura, lazer, irrigação e abastecimento de água para a Copasa.

Parceiros do MAB - Gisela, da ANA, denunciou que os pequenos agricultores ao redor da barragem de Bico da Pedra não têm acesso à água, e que esse problema terá que ser encarado pelo embrião de Comitê de Bacia que se forma no Gorutuba. Alice Soares, da Fundação Estadual do meio Ambiente (Feam), disse que a fundação é tão rigorosa na questão do licenciamento ambiental das barragens que tem sido acusada pejorativamente pelos empresários de ser "parceira do Movimento dos Atingidos por Barragens".

A deputada Maria José Haueisen, presidente da reunião, criticou duramente a política de reassentamento dos atingidos por barragens, em casas indignas de alojar quem perdeu suas terras, agora confinados em moradias de 26 metros quadrados. Criticou até mesmo os arquitetos que criam casas mais espaçosas, mas sem respeitar as tradições habitacionais do povo das regiões atingidas. Haueisen explicou aos participantes que já houve três reuniões anteriores para tratar das barragens de rejeitos com resíduos poluentes, barragens de rejeitos das mineradoras e barragens das usinas hidrelétricas. A próxima reunião, marcada para o dia 8, será para discutir os acidentes com transporte de cargas perigosas.

Presenças: Participaram da reunião a deputada. Maria José Haueisen (PT), presidente; os deputados. Leonardo Moreira (PL), e. Doutor Ronaldo (PDT).

 

 

 

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