Críticas à reforma administrativa marcam reunião na Alemg

Durante cerca de quatro horas, deputados, servidores e o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Antônio Augus...

26/06/2003 - 20:35
 

Críticas à reforma administrativa marcam reunião na Alemg

Durante cerca de quatro horas, deputados, servidores e o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Antônio Augusto Anastasia, discutiram, nesta quinta-feira (26/6/2003), aspectos da reforma administrativa encaminhada pelo Executivo à Assembléia, em reunião da Comissão de Administração Pública. De um lado, os servidores reforçaram as críticas aos projetos que tramitam na Casa e, de outro, o secretário procurou enfatizar que direitos adquiridos serão preservados e que o objetivo é aprimorar o serviço público. Para os servidores, que levaram faixas com palavras de ordem para a reunião e lotaram o Auditório, a reforma afronta direitos do funcionalismo, traz um clima de insegurança e aponta para uma visão privatista da administração.

O presidente da Comissão de Administração Pública, deputado Domingos Sávio (PSDB), teve que interromper a reunião em vários momentos, tendo em vista as manifestações da platéia. Autor do requerimento da reunião, ele destacou que a Assembléia está cumprindo o compromisso firmado com os servidores de promover um amplo debate. "Queremos ouvir sugestões, verificar o que pode ser aprimorado nos projetos e também esclarecer aspectos da reforma." Ele informou que deverá assumir a relatoria do PL 719/2003, que acaba com o apostilamento, e se disse favorável a uma regra de transição. Entre os projetos discutidos, estão o que disciplina a perda de cargo por insuficiência de desempenho; institui afastamento voluntário; disciplina a contratação pela CLT; cria banco de horas; institui adicional de desempenho; acaba com o apostilamento e estabelece teto salarial.

Carreira - Ao final da reunião, o líder do Governo, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), anunciou que foi acolhida pelo Executivo e pelo relator, deputado Bonifácio Mourão (PSDB), a proposta da oposição de que a PEC 48/2003 inclua a garantia de que, até 31 de dezembro, o plano de carreira do funcionalismo estará na Assembléia. Essa PEC cria o adicional de desempenho e o prêmio por produtividade, além de extinguir benefícios por tempo de serviço. O secretário Anastasia esclareceu que o plano de carreira será um só para servidores atuais e futuros, com ascensão por tempo e mérito, além dos adicionais de tempo para os servidores atuais e de desempenho para os futuros. Uma das principais reivindicações do diretor da Coordenação Intersindical, Renato Barros, no início da reunião, foi a de que não se poderia tratar de insuficiência de desempenho e de avaliações sem promover um amplo debate sobre os planos de carreira dos servidores do Executivo.

O líder do Governo também informou que haverá nova reunião dos líderes de bancadas na próxima terça-feira (1º/7), às 17 horas, visando à negociação de pontos da reforma administrativa.

Secretário e funcionalismo travam debate

O secretário Anastasia reafirmou na reunião que o objetivo da reforma é dotar os órgãos de flexibilidade administrativa e autonomia gerencial, para melhorar o desempenho da administração pública. Reafirmou que não haverá economia nos próximos cinco ou seis anos com a aprovação dos projetos. Segundo ele, várias sugestões levantadas para aprimorá-los já foram, inclusive, acatadas. O secretário reafirmou que o governo jamais pretendeu demissões coletivas e que propostas como o afastamento voluntário e a criação do banco de horas têm o objetivo de beneficiar os servidores. O procurador-geral do Estado, José Bonifácio Borges de Andrada, que também participou da reunião, disse que todas as medidas são constitucionais e não violam direitos adquiridos.

O presidente do Sindifisco, Antônio de Pádua Silva, opinou que os objetivos da reforma são excluir direitos do funcionalismo, criar um clima de insegurança e imprimir uma modernização do Estado que aponta para uma visão privatista. Ele considera que, para o Estado, o crescimento vegetativo da folha seria o grande causador do desajuste das contas públicas. Pádua afirmou que o governo não tem investido no aumento da receita e que abandonou qualquer tentativa de ajuste que não seja o arrocho sobre a folha. Já o diretor da Coordenação Intersindical, Renato Barros, defendeu a retirada do projeto que trata do afastamento voluntário e que é prematura a discussão de teto salarial para o funcionalismo. Também falou o vice-presidente da Federação Sindical das Autarquias e Fundações de Minas Gerais, defendendo que uma comissão formada por governo, funcionalismo e Assembléia analise os projetos visando, depois, à apresentação de emendas.

Carreira - O secretário Anastasia garantiu que os planos de carreira do funcionalismo serão encaminhados à Assembléia no segundo semestre deste ano. Ele ponderou, por outro lado, que é preciso identificar a origem dos recursos para lastrear esses planos. Acrescentou que o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em tramitação na Casa, trata da política de remuneração dos servidores, estabelecendo que reajustes gerais caminharão junto com o aumento da receita de ICMS.

Propostas de emendas são debatidas por deputados; servidores também opinam

Os deputados Chico Simões (PT), líder da Minoria, e Bonifácio Mourão (PSDB), líder do Governo, entre outros, comentaram os projetos de reforma administrativa. O primeiro parlamentar arrancou aplausos da platéia ao criticar o fato de que o governo não implementa medidas para aumentar receita, mas prejudica o servidor com os projetos. Bonifácio Mourão, por outro lado, disse que apresentará emenda para que a comissão de avaliação do funcionário abra espaço para servidores diferentes, a fim de evitar perseguições. O deputado Leonardo Quintão (PMDB) indagou sobre contratos administrativos, e os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Doutor Viana (PFL) falaram sobre apostilamento. Segundo as negociações, o direito ao apostilamento deverá ser garantido àqueles que preencham os requisitos para obter o benefício até o início de 2004, a fim de beneficiar os diretores de escolas.

Já o deputado Rogério Correia (PT), líder do Bloco PT/PCdoB, fez um resumo dos pontos da reforma administrativa em negociação com o governo. Ele defendeu que a demissão por insuficiência de desempenho ocorra após processo administrativo; que a possibilidade de contratação de pessoal pela CLT, após concurso, seja por dois anos e para tarefas determinadas - e não para as atividades permanentes do serviço público; que a PEC 48 inclua a garantia de que, até 31 de dezembro de 2003, todos os planos de carreira estejam na Assembléia (para os atuais servidores e futuros); e que o adicional de desempenho seja elevado de 70% para 100% do salário-base. Para o deputado, a comissão de avaliação do servidor deveria ser paritária, com representantes indicados pelos sindicatos de servidores e pelo governo.

Servidores opinam - Os servidores também puderam usar a palavra e todas as entidades do funcionalismo público estiveram representadas. Uma das pessoas que falaram foi o aposentado Francisco Santos, cujo mandato no Conselho de Administração de Pessoal (CAP) terminou em março. Ele comentou a atuação do CAP prevista no PLC 26/2003, que disciplina a perda de cargo por insuficiência de desempenho e estabelece que o servidor demitido pode encaminhar recurso ao CAP. O servidor questionou como o CAP poderia decidir sobre recursos em 30 dias, como prevê originalmente o projeto, se hoje há 10 mil processos para serem analisados. Lembrou que atualmente o CAP está sediado no porão da sede da Secretaria de Estado da Segurança Pública. O secretário respondeu que o Estado vai se empenhar para que o papel do CAP tenha destaque e sua estrutura seja aprimorada. Afirmou, por outro lado, que os recursos não deverão ser submetidos ao CAP, mas a comissões específicas processantes, conforme prevê o estatuto do servidor.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Domingos Sávio (PSDB), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), vice; Carlos Pimenta (PDT), Dinis Pinheiro (PL), Leonardo Quintão (PMDB), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Alberto Pinto Coelho (PP), Adalclever Lopes (PMDB), Doutor Viana (PFL), Laudelino Augusto (PT), Chico Simões (PT), Bonifácio Mourão (PSDB), Weliton Prado (PT), Roberto Ramos (PL), Rêmolo Aloise (PL), Sargento Rodrigues (PDT), Paulo Piau (PP), Rogério Correia (PT), Antônio Júlio (PMDB) e Miguel Martini (PSB).

 

 

 

 

 

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