Câncer de mama atingiu 41 mil brasileiras em 2002
Entre todos os tipos de câncer, o de mama é o mais
fatal para as mulheres. A doença foi a causa de 16% dos óbitos
femininos por câncer em 2002, quando vitimou 41 mil mulheres no
Brasil, sendo 10% delas em Minas. Embora a tecnologia de diagnóstico
precoce tenha evoluído, o número de mortes vem crescendo desde 1979,
porque 60% dos diagnósticos são feitos quando a doença já se
encontra em estágio avançado. Na fase inicial, o índice de sobrevida
é de 86,3%. Esses dados foram apresentados pelo representante do
Ministério da Saúde, Luiz Cláudio Thuler, aos deputados da Comissão
de Saúde, em reunião extraordinária realizada nesta quarta-feira
(25/6/03).
Thuler listou os fatores de incidência de câncer
sobre os quais não se pode intervir, mas citou quatro fatores que a
prevenção deve incluir: o controle da obesidade, a não exposição à
radiação, aos pesticidas e ao tabagismo, além de atividade física e
alimentação adequada. Quanto às estratégias de detecção, segundo
Thuler, os estudos ainda não mostraram redução significativa dos
casos fatais entre mulheres que se submetem ao exame clínico ou que
realizam o auto-exame. Apenas as mamografias podem reduzir o risco
de morte em 25%.
A distribuição geográfica dos mamógrafos em Minas
foi tema de debate para os seis deputados presentes à reunião. Cinco
deles são médicos, e quatro representam o Triângulo Mineiro. O
presidente da Comissão, deputado Ricardo Duarte (PT), cobrou da
Secretaria da Saúde uma atenção maior para a região. Sérgio Bicalho,
da SES, esclareceu que existem hoje 192 mamógrafos distribuídos
entre os 72 pólos microrregionais do Estado e os pólos regionais,
mas que nem todos estão em perfeitas condições de uso.
"Se cada mamógrafo realizasse 40 exames por dia,
seriam cerca de 1,6 milhão por ano, número mais do que suficiente.
No entanto, em 2002, foram realizados 216.536 exames pagos pelo SUS
em Minas", disse Bicalho. Nem sempre o problema é com o aparelho,
segundo ele, mas com a gestão municipal. "Em Januária há um
mamógrafo de última geração que até hoje não realizou um único
exame", denunciou.
Vidas desperdiçadas sem prevenção
O deputado Fahim Sawan (PSDB) estimou que 30% das
mulheres têm acesso a médicos particulares, mas 70% dependem do SUS,
e afirmou que seria ideal que cada mulher acima dos 40 anos pudesse
fazer mamografia. "Estamos desperdiçando vidas quando não unimos os
esforços da sociedade e do governo, e não formamos multiplicadores
para a prevenção. Prevenir o câncer é uma coisa, evitar que uma
mulher morra de câncer de mama é outra", distinguiu Sawan.
Maria Gorete Neves, representante da Federação das
Indústrias de Minas Gerais, expôs o programa da Fiemg para prevenção
dessa doença, em associação com a Associação de Prevenção do Câncer
na Mulher (Asprecam). A decisão de patrocinar o programa, segundo
ela, não partiu de nenhum estudo de queda de produtividade ou de
afastamento do trabalho das industriárias atingidas pela doença. "A
Fiemg decidiu apoiar porque tem consciência do seu compromisso de
responsabilidade social", afirmou Gorete.
O deputado Paulo Piau (PP), autor do requerimento
para a realização da reunião, disse não querer que a Fiemg seja
apenas patrocinadora, "mas que colabore com suas técnicas de
treinamento para o Programa de Saúde da Família". Gorete assegurou
que "a expertise da Fiemg em gestão, treinamento e controle
de resultados estão à disposição da sociedade", e acrescentou que
qualquer vida que for salva já é um resultado estimulante.
Parceria Público/Privado (PPP)
O projeto da Asprecam patrocinado pela federação é
o Mamamiga, liderado por Thadeu Rezende Provenza, que desenvolveu e
multiplicou seios artificiais para treinamento do auto-exame.
Provenza dissertou sobre a proposta de fortalecimento do 3º setor
para suprir deficiências da saúde pública, sobre o modelo canadense
de atenção e sobre a chamada PPP (Parceria Público/Privado). "Saímos
do sentimento filantrópico e partimos para a auto-sustentação",
afirmou.
Os deputados Adelmo Carneiro Leão e Ricardo Duarte,
ambos do PT, criticaram os governos estaduais por se desobrigarem de
cumprir os preceitos constitucionais de gastos com saúde. "A Emenda
à Constituição nº 29 foi só perfumaria. O ex-governador
Itamar Franco não cumpriu os percentuais ali estabelecidos, e Aécio
Neves também não está cumprindo", denunciou Adelmo Carneiro Leão,
que foi secretário de Saúde no Governo Itamar.
Presenças: estiveram
presentes os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Fahim Sawan
(PSDB), vice-presidente; Doutor Viana (PFL), Neider Moreira (PPS),
Paulo Piau (PP) e Adelmo Carneiro Leão (PT); além dos representantes
do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual da Saúde, da Fiemg e
da Asprecam, e representantes das associações Clube da Mama Feliz,
Amigos do Peito, da Pastoral da Criança e da Sociedade de Radiologia
e Radioimagem.
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