Novo laudo pericial sobre morte de modelo pode ser solicitado
Se for preciso, a Comissão de Direitos Humanos vai
convocar, em vez de apenas convidar, os envolvidos no caso da modelo
Cristiana Aparecida Ferreira, morta em agosto de 2000. Para
esclarecer o crime definitivamente, pode até mesmo ser solicitado um
terceiro laudo. A informação foi prestada pelo presidente da
comissão, deputado Durval Ângelo (PT), na reunião desta quarta-feira
(25/06/2003), destinada a obter esclarecimentos sobre o novo laudo
pericial sobre a morte de Cristiana. Ele acredita que houve
interesse no esvaziamento dessa reunião e vários dos convidados
teriam sido orientados a não comparecer. O deputado anunciou ainda
que, nesta quinta-feira (26/06), a comissão vai realizar reunião
extraordinária, às 14 horas, no Auditório da Assembléia, para
discutir o envolvimento de policiais com o tráfico de drogas no
hipercentro de Belo Horizonte.
Entre os seis convidados, vieram apenas dois: o
perito responsável pelo segundo laudo solicitado pelo Ministério
Público, Roberto Pereira Campos, professor de Anatomia Patológica da
UFMG; e a advogada Eunice Batista da Rocha Filha, que defende o
detetive particular Reinaldo Pacífico, acusado de ter matado a
modelo. Além dos dois, haviam sido convidados para a reunião o chefe
da Divisão de Recrutamento e Seleção da Academia de Polícia
(Acadepol), Alexandre Alves Liberal; o perito criminal da Polícia
Civil, Whalnner Marinho Gonçalves; o coordenador do 2º Tribunal do
Júri, Francisco de Assis Santiago; e o técnico do Ministério Público
com especialidade em Medicina Legal, Ernane José da Costa.
Perito acredita que Cristiana foi
assassinada
Munido de vasta documentação, o perito Roberto
Campos apresentou argumentos técnicos para confirmar sua tese de
assassinato de Cristiana Ferreira (agressão com fratura no nariz e
deslocamento da traquéia) e refutar o primeiro laudo, elaborado pelo
Instituto Médico-Legal, que concluiu por morte com envenenamento.
Para embasar seu laudo, ele disse ter pedido os negativos das fotos
tiradas no dia da ocorrência e realizado outra necropsia no corpo.
Apresentando várias dessas fotos na reunião, ele mostrou manchas nos
dois olhos da vítima, o que seria um indício, a seu ver,
irrefutável, de agressão sofrida por Cristiana, que teria passado
despercebido no primeiro laudo.
Quanto à intoxicação por carbamato, alegada no
primeiro laudo, o professor declarou que não encontrou nenhuma
molécula dessa substância, nos vários exames realizados na boca,
garganta e no aparelho digestivo da modelo. Além disso, na
renecrópsia que realizou no corpo, encontrou vários sinais de que
ela teria sido agredida, como esfolamentos, inchaço, arrancamento de
pele, hematomas e luxações. Os documentos elaborados pelo IML e pelo
Instituto de Criminalística, ligados à Polícia Civil, não haviam
constatado sinais de violência no corpo da modelo.
Advogada diz que o acusado é vítima de
injustiça
Rebatendo esses argumentos, a advogada Eunice
Batista da Rocha Filha declarou que nenhuma perícia é infalível, e
que o perito trabalhou com um evento ocorrido há mais de dois anos.
Ela acha que não se pode confirmar o crime de homicídio, pois a
testemunha Edna, a primeira a entrar no quarto da vítima, afirmou
que não viu nenhum sinal de violência. Eunice disse ainda que houve
indícios de envenenamento, como fezes e vômito na cama, na roupa e
no banheiro do hotel. Por fim, ela disse que não se pode cometer
injustiça contra seu cliente, Reinaldo Pacífico, baseando-se em
laudos de perícia, que, na opinião dela, apresentam falhas. "A
certeza moral deve primar sobre qualquer perícia. O que queremos é a
verdade", concluiu.
Requerimentos aprovados dos deputados:
* Durval Ângelo (PT) - seis requerimentos,
solicitando: ofício ao comandante-geral e ao chefe de Estado Maior
da PMMG pedindo o envio de denúncias de irregularidades nas
diligências da Polícia Militar no hipercentro de Belo Horizonte;
apuração de denúncia de que profissionais do sexo estariam sofrendo
revistas íntimas, em situações humilhantes e até procedidas por
policiais masculinos; ofício ao promotor de Justiça da 13ª
Promotoria - Juízo de Tóxicos, Aléssio Guimarães, solicitando
informações sobre o número de inquéritos remetidos pela Delegacia de
Mulheres da Capital ao MP, nos últimos três anos, referentes à
violência e crimes contra mulheres também no hipercentro;
solicitação de informações à Delegacia de Mulheres da Capital sobre
número de inquéritos instaurados sobre esse assunto, requerendo
também que essas informações identifiquem vítimas e réus, o total de
inquéritos instaurados, quais são e a data em que foram remetidos ao
MP; ofício ao procurador de Justiça, André Estevão Ubaldino Pereira,
pedindo informações sobre o número de inquéritos remetidos pela
Delegacia de Mulheres da Capital ao Ministério Público, tratando
desse mesmo assunto; ofício ao procurador de Justiça, Afonso
Henrique de Miranda Teixeira, Coordenador do Centro de Apoio
Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos
Humanos de Apoio Comunitário e de Conflitos Agrários, solicitando
informações sobre o número de inquéritos remetidos pela Delegacia de
Mulheres da Capital ao Ministério Público, tratando também do
assunto; ofício ao governador, solicitando a regulamentação da Lei
13.722/00, que dispõe sobre o pagamento de militares, de servidores
públicos e pensionistas do Estado;
* Roberto Ramos (PL) - seja enviada manifestação de
pesar pelo falecimento ocorrido no dia 24 de junho, do consultor
Vladimir Drumond Pinto, técnico da Casa, na pessoa de sua esposa
Valéria Abrita Teixeira Drumond.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos
(PL), vice; Célio Moreira (PL), Mauro Lobo (PSB) e Roberto Carvalho
(PT), além do advogado José Maria de Jesus Pereira.
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