Impacto social é ponto mais polêmico na construção de barragens

Os impactos sociais causados com a remoção de famílias no momento da construção de uma barragem continuam sendo o pon...

24/06/2003 - 19:33
 

Impacto social é ponto mais polêmico na construção de barragens

Os impactos sociais causados com a remoção de famílias no momento da construção de uma barragem continuam sendo o ponto mais polêmico quando o assunto são as hidrelétricas de Minas Gerais. Em audiência pública da Comissão Especial dos Acidentes Ambientais, nesta terça-feira (24/6/2003), representantes de empresas como a Cemig e a Companhia Vale do Rio Doce mostraram todo o aparato tecnológico usado para garantir a segurança nas barragens, mas não escaparam das críticas quanto aos critérios usados no reassentamento das famílias atingidas.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, foi convidado para a audiência, mas não compareceu. O representante da Secretaria, subsecretário de Desenvolvimento Minero-metalúrgico, Fernando Lage de Melo, afirmou que o Estado está atento para a segurança do meio ambiente no momento da atração de novos investimentos, seja no setor industrial ou de geração de energia. Na opinião do presidente do Movimento dos Atingidos por Barragens, padre Antônio Claret, no entanto, acidente ambiental não é apenas aquilo que acontece ocasionalmente, que foge ao controle, mas tudo o que traz algum prejuízo para os seres vivos. Ele fez um apelo para que o ser humano seja levado em consideração no momento da elaboração dos projetos de construção de hidrelétricas. "O número de pessoas que serão atingidas é sempre subestimado", lamentou.

Antônio Claret citou inúmeras barragens, construídas ou em construção, onde, segundo ele, os danos sociais foram enormes. "No caso da usina de Aimorés, a nova cidade de Itueta deveria ter ficado pronta em março, mas as obras só começaram agora, e algumas casas têm apenas 26 m²", frisou. Ele também fez um apelo para que alguns rios sejam protegidos contra a construção de novas barragens.

Excelência mineira - A engenheira da Cemig Teresa Cristina Fusaro apresentou, durante a reunião, o plano de segurança de barragens criado pela empresa, mostrando como são feitas as inspeções, o controle de enchentes e vazões e a operação dos rerservatórios, entre outros detalhes técnicos. A preocupação tecnológica na construção das barragens também foi demonstrada em documento lido pelo presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindiextra), José Fernando Coura. Segundo ele, Minas Gerais tem a mais alta tecnologia do País e uma das melhores do mundo na construção de usinas hidrelétricas.

Deputados se dividem entre lucros e prejuízos das barragens

O deputado Fábio Avelar (PTB) elogiou o debate realizado durante a audiência pública. "É preciso haver sempre o contraponto. Sou ambientalista há anos, mas defendo a construção das barragens", disse. O deputado citou o exemplo da usina de Irapé, no Vale do Jequitinhonha. Ele acredita que a obra será fundamental para o desenvolvimento econômico da região. Já o deputado Padre João expressou seu receio pelo que chamou de "privatização e exploração excessiva dos rios brasileiros". Ele também saiu em defesa dos atingidos pelas barragens, lembrando que, em Itueta, o consórcio construtor tentou fazer com que igrejas e até a Câmara municipal funcionassem provisoriamente em galpões precários.

A presidente da Comissão Especial, deputada Maria José Haueisen (PT), lembrou que as remoções muitas vezes desestruturam famílias e causam desequilíbrios à saúde das pessoas. "Sem contar as que perdem tudo e depois não conseguem comprar nada com o valor das indenizações", enfatizou. A deputada disse que entende a importância econômica das hidrelétricas, mas afirmou que as pessoas não podem continuar sendo tão penalizadas. Ela pediu aos convidados e colaboradores da comissão que transformem suas críticas e sugestões em propostas que possam ser convertidas em leis.

Presenças - Participaram da reunião a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; e os deputados Doutor Ronaldo (PDT), Fábio Avelar (PTB), Leonardo Moreira (PL), Padre João (PT), Biel Rocha (PT) e Weliton Prado (PT). Além dos convidados já citados, estiveram presentes representantes da Agência Nacional de Águas (Ana), do Crea/MG, da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e do Ibama, como colaboradores da comissão.

 

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