Assembléia de Minas faz homenagem póstuma a Aureliano Chaves

"É à memória desse mineiro ímpar, um dos forjadores da história de nosso Estado, que soube compreender e resgatar as ...

24/06/2003 - 14:19
 

Assembléia de Minas faz homenagem póstuma a Aureliano Chaves

"É à memória desse mineiro ímpar, um dos forjadores da história de nosso Estado, que soube compreender e resgatar as vocações regionais, que dedicamos essa homenagem", disse o presidente da Assembléia de Minas, deputado Mauri Torres (PSDB), durante a reunião especial de homenagem póstuma ao ex-governador de Minas Aureliano Chaves, nesta segunda-feira (23/6/2003). A reunião foi realizada a requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). O político mineiro faleceu em 30 de abril, em Belo Horizonte, aos 74 anos.

Em seu discurso, o presidente destacou ainda o sentimento de nacionalidade e a prática da honestidade e do decoro político como o legado que Aureliano Chaves deixou ao País. "Apesar de sua carreira ter se desenvolvido sob o governo militar, não hesitou em assumir posições corajosas, situando-se mais de uma vez contra a corrente dominante", afirmou o presidente. Mauri Torres citou ainda o papel do então ministro das Minas e Energia, no governo de José Sarney, para o cumprimento da Lei de Anistia Política na Petrobras.

No governo de Minas, segundo o presidente, Aureliano Chaves deu continuidade ao processo de modernização iniciado por Rondon Pacheco, quando o Estado entrou definitivamente na era industrial. Ele enfatizou os programas de expansão da siderurgia e da produção de insumos básicos, principalmente fertilizantes. "Graças a Aureliano Chaves, Minas Gerais consolidou sua posição de segundo maior pólo industrial do País", acrescentou. A preocupação com o meio ambiente, por intermédio da Comissão de Política Ambiental, também foi lembrada por Mauri Torres. "Sua visão não era a do desenvolvimento a qualquer preço", afirmou.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva recorreu a palavras ditas pelo próprio Aureliano Chaves em seu discurso de posse como governador de Minas, em 1975, para prestar sua homenagem. Nessa ocasião, o governador disse que, em tempos de transformações, como os vividos à época, o futuro dependeria "da essência do caráter de nossa gente e de sua fé". O deputado lembrou momentos da vida pública de Aureliano Chaves e a importância que atribuía ao Poder Legislativo. "Habituei-me a sentir que o Poder Legislativo é onde se forja a consciência política, onde as convicções amadurecem e onde se cristaliza a fé no homem e no seu futuro", disse Aureliano em seu discurso.

O filho de Aureliano Chaves, Antônio Aureliano Sanches de Mendonça, recebeu das mãos do presidente da Assembléia e do deputado Dalmo Ribeiro Silva uma placa com os seguintes dizeres: "O progresso de Minas e o desenvolvimento nacional trazem a marca de ética e bravura do mineiro Aureliano Chaves. O Poder Legislativo Estadual presta homenagem à memória desse grande homem público que, com sua força, afirmou a grandeza de Minas no cenário nacional." Representando a família do homenageado, o filho de Aureliano Chaves lembrou, em um discurso emocionado, que o pai iniciou a vida pública na Assembléia de Minas, em 1958. Antônio Aureliano disse que daria um testemunho de filho que vê no pai o exemplo de conduta e de correção na vida pública. "A vida pública honra muito os que a exercem com transparência e dignidade, buscando o bem comum", afirmou. Disse ainda que a ética sempre foi o norte na vida de Aureliano Chaves e que ele foi um homem modesto, sem grandes ambições.

Aureliano Chaves deverá ser nome de praça

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Betinho Duarte, entregou também ao filho do homenageado uma cópia do Projeto de Lei (PL) 1.317/2003, de sua autoria, que dá a denominação de Praça Aureliano Chaves à Praça do Bairro Belvedere. "Além de prestar uma homenagem ao ex-governador, queremos gravar sua história política", disse.

Durante a homenagem foi exibido um vídeo produzido pela TV Assembléia em que Aureliano Chaves falava das qualidades do homem público e sobre a política brasileira. O grupo musical "Som Clave" interpretou as músicas "Como é grande o meu amor por você", "Canção da América" e "Amigos para sempre".

Mesa dos trabalhos - Compuseram a mesa na Reunião Especial, que teve o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), na direção dos trabalhos, o deputado Dalmo Ribeiro Silva; o vice-governador do Estado, Clésio Andrade, representando o governador Aécio Neves; o filho de Aureliano Chaves, Antônio Aureliano Sanchez de Mendonça, representando a família do homenageado; o governador de Minas no período 1979/1983, Francelino Pereira; o deputado federal Romeu Queiroz, representando a Câmara dos Deputados; o tenente coronel Eduardo Orione de Assis, representando o general Castro, comandante da 4ª Região Militar - 4ª Divisão de Exército; o procurador-geral do Estado, José Bonifácio Borges de Andrada; os secretários de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Maria Emília Rocha Melo; e de Ciência e Tecnologia, Olavo Bilac Pinto; o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Betinho Duarte; além de outras autoridades políticas e acadêmicas e de familiares e amigos de Aureliano Chaves.

Dados biográficos

Antônio Aureliano Chaves de Mendonça nasceu em Três Pontas, em 13 de janeiro de 1929. Era engenheiro mecânico e eletricista, com especialização em Organização Racional do Trabalho e em Segurança e Desenvolvimento. Foi professor da Universidade Católica de Minas Gerais. Iniciou sua carreira política no final da década de 1950, quando foi eleito suplente de deputado estadual pela UDN (para a 4ª Legislatura, 1959/1963), sendo efetivado em 1961. Ele renunciou ao mandato em outubro de 1962, para ocupar uma diretoria da Eletrobras. Iniciava-se aí sua atuação pública ligada ao setor energético, onde teve destacada atuação até o fim de sua vida.

Em 1963, elegeu-se novamente deputado estadual para a 5ª Legislatura (1963/1967); foi novamente chamado para ocupar um cargo no Executivo e foi secretário de Estado do governo Magalhães Pinto, primeiramente na área da Educação e depois na de Comunicação e Obras Públicas. Esteve vinculado a um dos centros de articulação do movimento que depôs o presidente João Goulart, em 1964. No final de 1965, com a reorganização do quadro partidário no Brasil, vinculou-se à Arena. Apesar de sua ligação com o regime militar, votou contra a cassação do mandato do então deputado federal Márcio Moreira Alves (hoje jornalista), que criticou o governo federal no Congresso - o discurso e a cassação deram origem ao Ato Institucional nº 5 (AI-5).

Em março de 1975, assumiu o governo de Minas Gerais, indicado pelo então presidente Ernesto Geisel, cujo nome tinha apoiado para a Presidência da República. Aureliano já começava, com isso, a externar sua identificação com as correntes políticas progressistas que pediam o fim do regime militar, a volta do governo civil e eleições diretas para a Presidência da República.

Valorização do planejamento

Durante seu governo, nas mensagens que dirigiu ao Legislativo estadual, em 1976, 1977 e 1978, Aureliano acentuou a importância da modernização da máquina administrativa, que, na sua avaliação, devia ser capacitada a sustentar condições favoráveis para garantir e expandir investimentos de ponta na indústria e na agricultura, a despeito da crise econômica que já comprometia a continuidade do chamado "milagre econômico". Para racionalizar e melhor planejar a administração do Estado, Aureliano criou duas novas pastas: a Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação-Geral e a de Ciência e Tecnologia, ambas originárias de grupos de trabalho originários da Fundação João Pinheiro. Na sua gestão, também foram criados vários setores visando ao planejamento regional do desenvolvimento.

Em julho de 1978, renunciou ao cargo de governador de Minas Gerais para concorrer à vice-presidência da República, na chapa do general João Figueiredo, pela eleição indireta, conforme previa a Constituição Federal de então. O mandato começou em março do ano seguinte, pelo PDS, e foi até março de 1985. Durante esse período, foi progressivamente identificando-se com as correntes políticas que ganhavam força no País pedindo o fim do regime militar, a volta do governo civil e o restabelecimento de eleições diretas para a Presidência da República. Como vice-presidente, pelo PDS, partido do governo, afirmou-se como líder dissidente e defendeu a convocação de uma Assembléia Constituinte. Apoiou a candidatura e a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, em 1984. No início de 1985, liderou a transformação da Frente Liberal em partido político, o Partido da Frente Liberal (PFL). De 1985 a 1989, foi ministro das Minas e Energia no governo José Sarney.

Nos últimos anos, mesmo sem ocupar cargos públicos, Aureliano Chaves foi sempre ouvido e lembrado por defender posições nacionalistas claras e coerentes com o que julgava prioritário para o interesse público, do Brasil ou de Minas Gerais. Em maio de 2001 participou, na Assembléia Legislativa, do Ato Contra a Privatização de Furnas e, em junho do mesmo ano, do Ciclo de Debates "Colapso Energético e Alternativas para a Crise".

 

 

 

 

 

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