Promotor defende interação entre MP e corregedorias das polícias

"São necessárias medidas urgentes, que ninguém até agora teve a coragem de tomar, para promover a interação entre o M...

17/06/2003 - 17:39
 

Promotor defende interação entre MP e corregedorias das polícias

"São necessárias medidas urgentes, que ninguém até agora teve a coragem de tomar, para promover a interação entre o Ministério Público, as corregedorias e a Ouvidoria das polícias militar e civil.". Essa foi a principal reivindicação do promotor do Ministério Público, Geraldo Ferreira Silva, coordenador das promotorias de Defesa do Patrimônio Público, na reunião da Comissão de Segurança Pública desta terça-feira (17/6/2003). Ele fez um apelo aos deputados para que aprovem uma lei obrigando todos os órgãos públicos estaduais a comunicar ao MP casos de corrupção de seu conhecimento. Segundo o promotor, o Ministério Público deveria receber todas as denúncias para instaurar inquérito civil, o que não vem ocorrendo. "Isso seria normal e obrigatório. O Ministério Público tem como punir o servidor no âmbito civil e penal, enquanto as corregedorias só atuam administrativamente".

Geraldo Ferreira Silva defendeu penas mais pesadas para aquele que cometer crimes de corrupção, que não deveria ser punido com somente penas restritivas de direitos. "Em outros países, esse cidadão estaria na cadeira", ressaltou. Em resposta à solicitação, o deputado Rogério Correia (PT), autor do requerimento pela reunião, afirmou que a comissão vai estudar, junto com a assessoria, como viabilizar um projeto de lei sobre o assunto. Ele sugeriu também a criação de um grupo de trabalho para apresentar sugestões de medidas concretas para combater a corrupção nas polícias do Estado. Esse grupo seria formado por membros da comissão de Segurança Pública, Ministério Público, corregedorias das polícias e outros órgãos de segurança pública do Estado. Correia reforçou a necessidade das medidas com os números de uma recente pesquisa apontando que 2,5%, da população mineira afirmou já ter sido extorquida por policiais civis, e 2% por militares.

Corregedor diz que seis policiais denunciados por detenta já estão presos

O corregedor-geral de Polícia Civil, Francisco Eustáquio Rabelo, prestou esclarecimentos sobre os procedimentos do órgão diante das denúncias de envolvimento de policiais no tráfico de drogas no Centro de Belo Horizonte, feitas pela detenta Sílvia Helena Menezes. Depois da identificação fotográfica dos policiais denunciados, de acordo com o corregedor, foi pedida a prisão preventiva deles. O Poder Judiciário acatou o pedido e seis policiais foram presos, restando três. Mas ele lembrou que a detenta, apesar de ter denunciado os policiais, não citou o nome de nenhum dos traficantes que lhe forneciam as drogas. Rabelo fez também uma solicitação à comissão para que estude a possibilidade de incluir numa nova lei garantias para os delegados corregedores, devido ao desgaste sofrido por eles no exercício dessa atividade. Ele pediu ainda apoio dos deputados para que o ajudem a obter equipamentos para a corregedoria.

Depois de passar à comissão um relatório com sugestões sobre o tema da corrupção, o diretor de Correções da Administração Penitenciária da Secretaria de Estado de Defesa Social, Paulo Roberto Ferreira, falou sobre as causas e forma de combate à corrupção. Na visão dele, a falta de vontade do governo é uma das principais causas e acaba permeando outras como falta de estrutura das corregedorias; leis ineficazes (a corregedoria atua com base na Lei Estadual 869/1952, que institui o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis) e impunidade (decorrente da defasagem dessa lei). De acordo com Ferreira, o Estatuto não prevê várias transgressões administrativas, dificultando o trabalho da corregedoria.

Combate à impunidade - Para combater a impunidade, Paulo Ferreira defende: recrutamento e seleção rigorosas dos policiais, formando profissionais especializados; atuação mais eficiente e preventiva das corregedorias; combate à corrupção por parte das diretorias das penitenciárias; atuação de serviço de inteligência; criação de delegacia para investigar crimes nas penitenciárias, ou, se não for possível, formação de equipe de agentes especializados no combate ao tráfico com ampla formação; conscientização do pessoal sobre a importância do combate à corrupção; espaço físico adequado; intercâmbio de informações com outras corregedorias. O diretor aponta também como opção criar uma corregedoria integrada incluindo as polícias militar e civil, Ministério Público e outras corporações. Por fim, ele apresentou um balanço do seu trabalho à frente da diretoria, desde março de 2001: exoneração de 12 diretores de penitenciárias e de uma funcionária efetiva e rescisão de contratos de 69 agentes, por corrupção.

Comissão vai cobrar resultado das investigações na Nelson Hungria

Questionado pelo presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), sobre as medidas tomadas diante das denúncias de irregularidades na Penitenciária Nelson Hungria, Paulo Ferreira disse que foram instaurados dois expedientes: um deles para apurar as fugas, já concluído, comprovou que dois policiais militares cooperaram com elas, tendo sido solicitado à PM a instauração de Inquérito Policial Militar contra os dois. Sobre o segundo expediente, que investigou a existência no presídio de piscinas, churrasqueiras e outros objetos irregulares, Ferreira afirmou que ainda está apurando. O deputado Sargento Rodrigues (PDT) lembrou que o relatório da Comissão de Segurança Pública mostrou que houve, no mínimo, "omissão e conivência". E reforçou que a comissão vai cobrar do subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro, um desfecho para o caso.

Gabinete - O superintendente de Integração do Sistema de Defesa Social dessa secretaria, Robson Martins Pinheiro, valorizou o lançamento do Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública, previsto no convênio de adesão do Estado ao Plano Nacional de Segurança Pública. Segundo ele, estariam já previstos recursos de R$5 milhões para melhoria das corregedorias e Ouvidoria das polícias estaduais.

Projeto de segurança em caixas eletrônicos vai à Plenário

O Projeto de Lei (PL) 65/2003, da deputada Maria José Haueisen (PT), que institui a segurança obrigatória nos caixas eletrônicos, recebeu parecer de 2º turno pela aprovação na forma do vencido em 1º turno, com as emendas 1 e 2. O relator deputado Rogério Correira (PT), acatou o substitutivo no 1, da Comissão de Constituição e Justiça, aprovado pelo Plenário em 1º turno. A emenda 1 altera no artigo a palavra "vigilância ostensiva" para "vigilante", ao se referir a obrigatoriedade das instituições bancárias oferecer isso nas suas agências e postos. A emenda 2 muda também a expressão "na segunda autuação" para "a partir da segunda autuação", quando trata, no parágrafo 2º do artigo 1º, das penalidades que o Executivo poderá aplicar às instituições que descumprirem a lei.

O substitutivo nº 1, acatado pelo relator Rogério Correia (PT), mantém a proposta, mas exclui detalhamentos e altera a Lei 12.971, de 1998, que trata da instalação de dispositivos de segurança nas agências bancárias. O substitutivo altera o artigo 1º dessa lei, especificando que, além de instalar dispositivos de segurança, as instituições bancárias e financeiras serão obrigadas a manter vigilância ostensiva, pelo tempo integral de atendimento ao público em agências e postos de serviço. O parágrafo 1º do artigo 1º, também proposto no substitutivo, estende a vigilância ostensiva aos postos de atendimento 24 horas, exceto os localizados na parte interna de estabelecimentos comerciais. As instituições que descumprirem a lei poderão ser punidas com advertência na primeira autuação e com multa diária no valor de R$ 3 mil na segunda.

Depois de receber esse parecer de 2º turno, o projeto segue agora para nova votação de 2º turno em Plenário. A regulamentação da futura lei está deverá ocorrer em 60 dias da data de sua publicação.

Requerimentos aprovados

* Três requerimentos do deputado Sargento Rodrigues (PDT): o primeiro solicita ao chefe da Polícia Civil, Otto Teixeira Filho, cópia do processo administrativo ou inquérito policial aberto contra o delegado da Regional Teófilo Otoni, Geraldo Magela, e outros. O segundo requer também ao chefe da Polícia Civil a designação imediata de um delegado de polícia para o município de Ilicínea. O último requerimento solicita ao chefe do Estado Maior da PMMG, coronel PM Sócrates Edgard dos Santos, cópia da sindicância ou inquérito policial militar contra o coronel PM Sérgio Luiz Marques, comandante da 10ª RPM.

* Dois requerimentos do deputado Alberto Bejani (PL): o primeiro pede que seja ouvido pela comissão o traficante conhecido como "Bozó", para prestar esclarecimentos sobre declarações de presos em Juiz de Fora que teriam dito "ser ele o chefe da quadrilha". O outro requerimento solicita visita da comissão à Juiz de Fora, para ouvir oito traficantes presos recentemente naquela cidade, que teriam declarado "ser o traficante Bozó, detento da Penitenciária Nelson Hungria, o chefe da quadrilha".

* Do deputado Rogério Correia (PT): solicita audiência pública para discutir o aumento da violência no campo no Norte de Minas.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão; Alberto Bejani, vice; Célio Moreira, Leonardo Moreira, os três do PL; e Rogério Correia (PT). Além dos convidados citados, participaram também a assessora da Superintendência da Integração do Sistema de Defesa Social, Patrícia Papini; o subcorregedor de Polícia Civil, Renato Patrício Teixeira; e a assessora da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, Tânia Darc dos Santos.

 

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