Relatório da Comissão Especial é lido e será votado nesta quarta (18)

O relator da Comissão Especial do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCMG), deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), ...

17/06/2003 - 17:18
 

Relatório da Comissão Especial é lido e será votado nesta quarta (18)

O relator da Comissão Especial do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCMG), deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), apresentou, nesta terça-feira (17/6/2003), o relatório final dos trabalhos, que será votado em reunião extraordinária nesta quarta (18), último dia de funcionamento da Comissão, às 9 horas, no Plenarinho IV. O relatório aponta críticas e sugestões de mudanças administrativas e funcionais do órgão e propõe a apresentação de duas propostas de emenda à Constituição e um projeto de lei. O presidente da comissão, deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), solicitou distribuição de avulsos do relatório, com o objetivo de acatar sugestões dos membros da comissão, e informou que o prazo dos trabalhos não será prorrogado.

O relator destacou os pontos mais importantes do relatório: "São urgentes o concurso para preenchimento das vagas de auditores, a organização do Ministério Público Especial do Tribunal de Contas, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), e o aprimoramento na fiscalização das contas dos municípios". Outra providência sugerida pelo relator é que a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária estabeleça um rito que sinalize os parâmetros da prestação de contas emitida pelo Tribunal à Assembléia. Durante a reunião, algumas sugestões foram apresentadas e já agregadas ao texto.

Proposições de lei tratam de auditores, MP e julgamento de contas

No documento, o relator Antônio Carlos Andrada lista 17 itens para aprimorar os trabalhos do TCMG. A primeira sugestão é apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) alterando o artigo 79 da Constituição, que determina que o preenchimento das vagas de auditores é feito por indicação do governador. O objetivo é adequar o artigo à decisão do STF, de 1997, que considera que o preenchimento deve ser feito via concurso público. Hoje, apenas duas das sete vagas de auditores estão preenchidas.

Outra PEC sugerida também segue decisão do STF de abril deste ano, que determina a criação do Tribunal de Contas Especial do Ministério Público. "A inércia do Tribunal de Contas em adaptar-se a essa norma tem deixado uma lacuna na sua organização e funcionamento", afirma o relator. O deputado sugere ainda que a comissão solicite ao Congresso Nacional revisar os métodos de indicação de conselheiros e de modificação do imperativo de vitaliciedade desse cargo, limitando o prazo com mandato de 8 anos. Segundo ele, também é importante que o parlamentar estadual, no exercício de suas funções, não possa disputar a vaga para Conselheiro. Ele acredita ser fundamental que o Tribunal exija fundamentação técnica do voto do Conselheiro, quando este contrariar a opinião da Auditoria.

O relatório sugere ainda a apresentação de um projeto de lei alterando a Lei Complementar nº 33, de 1994 (Lei Orgânica do Tribunal). A proposta é que as câmaras municipais passem a julgar, após parecer prévio do Tribunal de Contas, as contas dos ordenadores de despesas por meio do Plenário. "A competência do Tribunal para julgar as contas das câmaras municipais e do Legislativo Estadual ultrapassa os limites constitucionais", afirma Antônio Carlos Andrada.

Comissão Especial - O relator pretende que a comissão apresente requerimento para instalação de outra Comissão Especial. O objetivo será estudar, especificamente, a análise de contas municipais e o papel do Tribunal de Contas. Outra função da nova comissão seria acompanhar o desdobramento das conclusões constantes desse relatório.

Sugestões incluem atuação de comissões da Alemg

O relator Antônio Carlos Andrada propõe que a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia visite periodicamente o TCMG para fiscalizar os procedimentos de auditoria do órgão. Segundo ele, a FFO também poderia elaborar um roteiro para estudar o relatório de atividades enviado trimestralmente à Alemg, que passaria a conter dados como relação de entidades fiscalizadas, principais irregularidades e multas apontadas e processos enviados ao MP, além de informações administrativas sobre o Tribunal. "Hoje, o relatório não passa de um montante de dados estatísticos, sem aprofundar em aspectos qualitativos da atuação do Tribunal", critica Andrada, lembrando a importância de divulgar esses dados aos deputados. Outra medida fundamental seria que o Tribunal disponibilizasse técnicos para acompanhar os trabalhos da Comissão de Fiscalização.

O relatório também sugere que a Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa estude a possibilidade de alterar a Lei de Organização do Judiciário, criando uma Câmara Especializada em julgamento de crimes contra a Administração Pública e Ações civis de improbidade administrativa de competência originária. "Recomendamos que seja estudado o funcionamento da Quarta Câmara do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, como meio de subsidiar à implantação de projeto similar no Estado de Minas Gerais", consta do relatório.

Inspetorias regionais - O relatório propõe a criação de inspetorias regionais para diminuir as dificuldades causadas pela grande extensão do Estado e pela dimensão das funções do órgão. Outras dificuldades seriam o reduzido número de funcionários dedicados às atividades fins da entidade e uma inadequada política de prioridades. "A inspeção in loco é essencial para avaliar a boa ou má utilização dos recursos públicos", afirma o relator. Ele propõe que o Tribunal desenvolva um sistema informatizado para cruzar os dados dos entes fiscalizados, controlando também a veracidade e qualidade dos dados. "O simples envio eletrônico de formulários para a sede do Tribunal não é suficiente para verificar se houve fraude, corrupção ou má utilização do dinheiro público", disse.

Integrar os cadastros do Tribunal de Contas com a Secretaria de Estado da Fazenda é essencial, segundo o relator, para coibir fraudes e notas fiscais falsificadas. Segundo ele, o TCMG deve obrigar o ente fiscalizado apresentar certidão negativa da Receita Estadual de origem do fornecedor, quando a compra não for em Minas. Quanto ao controle interno dos municípios, o Tribunal deveria passar a avaliar a funcionalidade desse sistema - exigido constitucionalmente, e não somente sua existência, declarada pelo próprio ente. Para o relator, a função fiscalizadora não pode ser prejudicada em detrimento da atividade educativa e orientadora do órgão.

Em relação às licitações, o relatório sugere ao Tribunal estipular a obrigatoriedade de os entes informarem previamente sobre contratos que representem mais de 20% da receita corrente mensal da entidade, enviando toda a documentação referente ao processo. Assim, o Tribunal de Contas poderá decidir sobre a necessidade de uma inspeção in loco. Os deputados presentes na reunião reforçaram a necessidade de aumentar a fiscalização das notas fiscais emitidas pelas prefeituras. O relator afirmou que o tema será ressaltado no relatório.

Pessoal e site - Para o relator, o Tribunal deve rever sua estrutura de pessoal. Ele classificou como baixa a remuneração dos técnicos do Tribunal, que têm salário inicial de R$ 1.200, para jornada de seis horas. O site do Tribunal na internet, por sua vez, conteria informações desatualizadas, precisando ser reformulado. A proposta é que o site incorpore dados como resultados dos julgamentos das seções, número e natureza das inspeções realizadas, agenda do Tribunal e resultado de denúncias.

Histórico - Instalada a requerimento do Deputado Rogério Correia (PT), a Comissão Especial começou a funcionar em 19 de março, com prazo de funcionamento prorrogado de 60 para 90 dias. Foram ouvidos autoridades, procuradores, especialistas, sindicalistas e dirigentes do TCMG, cujos depoimentos estão anexados no relatório final. A comissão fez visitas técnicas aos Tribunais de Minas, do Rio Grande do Sul, do Estado de Goiás e dos Municípios de Goiás.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sebastião Navarro Vieira (PFL), presidente da comissão, Antônio Carlos Andrada (PSDB), José Henrique (PMDB), Fábio Avelar (PTB), Rogério Correia (PT) e Olinto Godinho (PSDB).

 

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