Audiência em Pains discute redução de dano ambiental na mineração

Promover o desenvolvimento econômico da região sem provocar danos ambientais foi o tema da audiência pública das comi...

16/06/2003 - 17:31
 

Audiência em Pains discute redução de dano ambiental na mineração

Promover o desenvolvimento econômico da região sem provocar danos ambientais foi o tema da audiência pública das comissões de Meio Ambiente e Recursos Naturais e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa, realizada em Pains, nesta segunda-feira (16/6/2003). O município tem uma das maiores jazidas de calcário do mundo. A reunião foi realizada a requerimento do deputado Célio Moreira (PL), presidente da Comissão de Trabalho.

Segundo o deputado, a integração das ações dos órgãos ambientais responsáveis pela concessão do licenciamento para exploração do calcário, para agilizar o processo, é o primeiro passo para resolver esse impasse. Os representantes dos órgãos ambientais e dos mineradores apoiaram a fala do deputado Célio Moreira. A demora na realização dos estudos ambientais pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) foi apontada pelo chefe do 3º Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Emanuel Martins Simões Coelho, como um dos maiores problemas na concessão das licenças. Ele informou que o DNPM, que é o órgão responsável pelo gerenciamento do setor mineral brasileiro nas áreas de pesquisa e lavra do minério, já registrou 181 processos em Pains, mas depende do relatório da Feam para emitir a portaria de lavra. "Os órgãos ambientais precisam somar esforços para facilitar a outorga", defendeu.

Emanuel Coelho afirmou ainda que a região de Pains e os municípios vizinhos como Arcos, Formiga, Iguatama, Doresópolis e Córrego Fundo apresentam um problema específico. Muitas mineradoras possuem diversas áreas com jazidas que não são exploradas pelos proprietários. No entanto, as mineradoras não autorizam outras pessoas a explorarem o calcário nessas áreas.

Representante do Ibama acredita que legislação é restrita

O representante do Ibama, Sebastião Pires, lembrou que o papel do órgão é zelar pelo patrimônio ambiental. Para ele, o Ibama precisa trabalhar em conjunto com outros órgãos. Pires disse ainda que a legislação é muita restrita por não permitir exploração mineral em área de caverna, onde o calcário é mais encontrado. "A lei prevê a preservação das cavernas. O Ibama está trabalhando para rever isso, defendendo a preservação de acordo com o valor do patrimônio", explicou.

O gerente da Divisão de Minerais Não-Metálicos da Feam, Caio Márcio Rocha, reforçou que é preciso compatibilizar o interesse econômico com a preocupação com o meio ambiente. A Feam é responsável pela fiscalização de rotina, além de atender denúncias e solicitações do Ministério Público. "É necessidade premente rever o licenciamento ambiental, que deveria ser feito com base nas características regionais e não na burocracia", defendeu. Para ele, a agilização dos processos de concessão das licenças ambientais será possível com regras claras e sincronizadas de todos os órgãos responsáveis. Ele ponderou, no entanto, que esses órgãos ambientais estão fragilizados pelas más condições de trabalho. "Além disso, a legislação precisa ser adequada", afirmou.

Para o representante da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Técnicos de Formiga, José Luiz Monteiro Campos, a legislação ambiental é o motivo da lentidão dos processos. "Tanto as reservas como a produção de calcário são destaques para a economia de Minas e do Brasil. O calcário é tão importante como os insumos básicos - energia elétrica, agricultura -, tem baixo valor agregado e suporta ser transportado a longas distâncias", explicou.

Burocracia - "Os mineradores não são contra a preservação ambiental, mas reivindicam a desburocratização do processo de licenciamento ambiental para reduzir os altos custos financeiros dos estudos e taxas ambientais", afirmou o presidente da Associação dos Mineradores de Pains e Região (Ampar), José Francisco Gonçalves. Para ele, o período entre o início dos estudos e a concessão da licença final é demorado. "A Ampar quer formalizar parcerias com os órgãos ambientais para participar das análises dos licenciamentos ambientais", anunciou. Segundo ele, as mineradoras de Pains e região geram 8 mil empregos diretos e 20 mil indiretos.

Requerimento - O deputado Célio Moreira disse que vai apresentar, na próxima reunião da comissão, requerimento no sentido de apoiar a integração entre os órgãos ambientais e os mineradores. Ele pretende ainda verificar as possibilidades de facilitar o trabalho dos pequenos extratores de calcário que, por questões legais ou especulativas, ficam à margem do processo produtivo. O deputado defendeu ainda alterações na legislação estadual e federal. O deputado André Quintão (PT), que também esteve na reunião, acredita que é preciso desenvolver um plano diretor econômico sustentável para a região, porque a mineração é uma atividade econômica estratégica para Minas Gerais. Ele criticou ainda as condições da rodovia MG-439, próxima a Pains. O deputado Doutor Ronaldo (PDT), também manifestou sua preocupação com esse trecho da rodovia.

Vários prefeitos e vereadores presentes à audiência pediram maior atenção para o centro-oeste mineiro, sobretudo em relação às estradas.

Presenças - Participaram da reunião os deputados: Célio Moreira (PL); Doutor Ronaldo (PDT) e André Quintão (PT).

 

 

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