Deputados discutem com Marcus Pestana metas do Governo para a saúde

"Quem tenta fazer tudo, não faz nada", disse o secretário de Estado da Saúde, Marcus Pestana, aos deputados da Comiss...

12/06/2003 - 18:18
 

Deputados discutem com Marcus Pestana metas do Governo para a saúde

"Quem tenta fazer tudo, não faz nada", disse o secretário de Estado da Saúde, Marcus Pestana, aos deputados da Comissão de Saúde da Assembléia, para justificar a decisão do Governo de Minas de priorizar algumas áreas para gastos em saúde, dentro da realidade orçamentária adversa. Em debate realizado nesta quinta-feira (12/6/2003), no Auditório da Assembléia, do qual participaram secretários municipais de saúde, membros do Conselho Estadual de Saúde e agentes comunitários de saúde, Pestana destacou, entre as prioridades, o Programa Viva a Vida, cuja meta é diminuir a mortalidade infantil em 20% até o final do governo.

"O Viva a Vida é um aperfeiçoamento do Programa de Saúde da Família, voltado especificamente para a criação de uma rede de atenção materno-infantil, e terá R$ 12 milhões este ano", esclareceu o secretário da Saúde. Segundo ele, serão distribuidos 75 kits maternidade, equipamentos neonatais para unidades que realizaram de 300 a 1.000 partos em 2002, além de treinamentos e qualificação de recursos humanos.

Marcus Pestana se disse realista quanto às possibilidades orçamentárias de sua Pasta no futuro imediato. Só mostrou otimismo ao falar do soerguimento da Fundação Ezequiel Dias neste Governo. No início do ano, a Funed produzia apenas 500 mil unidades de remédios, e já conseguiu elevar sua capacidade para 1,7 milhão por dia. "O recorde da Funed é de 2,7 milhões por dia, mas no primeiro trimestre de 2004 estaremos entregando de 5 a 6 milhões de unidades por dia, e abrangendo 67 itens, no Programa Farmácia de Minas, que será mais abrangente do que o atual Farmácia Básica", anunciou.

Desperdício e internações desnecessárias

Para justificar seus esforços de reorganização da área de saúde, com as adesões à Programação Pactuada Integrada (PPI) e a criação da figura do médico regulador, Pestana citou dados expressivos do atendimento ao público. "No ano de 2001, foram feitas 380 mil internações desnecessárias em Minas, a um custo de R$ 120 milhões. É claro que esses recursos desperdiçados vão fazer falta nos atendimentos de média e alta complexidade", alertou.

Seis deputados médicos participaram do debate. Carlos Pimenta (PDT), criticou o governo Itamar Franco por ter convocado os hospitais filantrópicos para assinarem convênios que só lhes deixaram dívidas e defendeu que os critérios de divisão per capita dos recursos da saúde incluíssem também uma variável geográfica, para não prejudicar a vasta região do Norte de Minas. Fahim Sawan (PSDB) disse que o Programa de Saúde da Família não tem locais adequados para reuniões de grupos de hipertensos ou diabéticos e afirmou que os incentivos não estão sendo suficientes para que os médicos aceitem fixar-se no interior.

O deputado Chico Simões (PT) entrou no debate dizendo que os médicos não vão para o interior porque ficam politicamente inseguros. "Os prefeitos tentam sempre se apoderar dos médicos, dos enfermeiros e das equipes de saúde. Quando muda a política, o médico fica sem emprego", disse Simões. Ele disse que há 230 municípios em Minas sem médico residente e reclamou que as faculdades hoje estão voltadas para formar especialistas, e não clínicos gerais preparados para a atenção básica. O deputado propôs a criação de uma carreira de Médico do Programa de Saúde da Família dentro da Secretaria, para livrar o médico da instabilidade política local.

Saúde da Família desafoga ambulatórios

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Ricardo Duarte (PT), confirmou a denúncia de Simões, citando o caso de Capinópolis, no Triângulo: "Depois que o Programa Saúde da Família alcançou 100% de cobertura, os atendimentos no Hospital caíram de 370 para 60 casos por dia. Este trabalho caiu por terra quando o novo prefeito demitiu as equipes e os agentes de saúde".

Dois deputados pediram ao secretário da Saúde credenciamento de leitos de CTI de hospitais filantrópicos de suas regiões. Neider Moreira (PPS) informou que o Hospital Manoel Gonçalves, de Itaúna, não tem dívidas e pode disponibilizar seis leitos. Doutor Viana (PFL) elogiou o funcionamento do Hospital N. Sra. de Lourdes, montado pela Anglo Gold em Nova Lima, cujos leitos de CTI poderiam atender pacientes de Raposos, Sabará e Rio Acima. O deputado Carlos Pimenta pediu o término das obras físicas dos hospitais públicos de Janaúba, Manga e Engenheiro Navarro.

R$ 1,5 bilhão para a Saúde

Marcus Pestana anunciou que o Ministério da Saúde acaba de credenciar mais 1.500 leitos no Brasil, mas ainda não tinha a listagem dos aprovados para Minas Gerais. Informou que os pedidos de sua Secretaria incluíam 328 novos leitos e a reclassificação de 385.

Na fase de debates, Renato Barros, da Coordenação Sindical do Funcionalismo, acusou o Governo de Minas de não cumprir a Constituição Estadual no que se refere aos percentuais obrigatórios de gastos com Saúde, que não podem ser inferiores aos gastos com transporte (art. 158). Para Barros, a execução orçamentária da Saúde em Minas oscila abaixo de 2%. Marcus Pestana informou que o orçamento de sua Pasta para o corrente exercício é de R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 600 milhões do SUS e R$ 900 milhões de recursos próprios.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Fahim Sawan (PSDB), vice-presidente; Carlos Pimenta (PDT); Chico Simões (PT); Doutor Viana (PFL); Neider Moreira (PPS); Laudelino Augusto (PT) e Paulo Piau (PP).

 

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