Comissão comprova desvio de rio que ameaça trecho da MG-040

O curso natural do rio Paraopeba sofreu um desvio de mais de 40 metros provocado pelo deslizamento de rejeitos sólido...

12/06/2003 - 20:04
 

Comissão comprova desvio de rio que ameaça trecho da MG-040

O curso natural do rio Paraopeba sofreu um desvio de mais de 40 metros provocado pelo deslizamento de rejeitos sólidos da Empresa de Mineração Esperança, localizada no povoado de Noschese, em Brumadinho, e já ameaça a rodovia MG-040, que liga a cidade a Belo Horizonte. Isso foi o que comprovou o deputado Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia de Minas, durante visita ao local realizada nesta quinta-feira (12/6/2003). "O problema do assoreamento do rio, ameaçando a rodovia, é o impacto mais grave provocado pela empresa. O processo é dinâmico e a tendência é que a proporção do acidente aumente", afirmou o secretário municipal de Meio Ambiente, Quintino Vargas Amaral.

A degradação provocada pela empresa preocupa as entidades ligadas ao meio ambiente desde 1994, quando a mineradora foi incluída na "lista suja" da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA), como um dos maiores poluidores do Estado. A primeira atuação do Copam, por descumprimento da legislação ambiental, aconteceu em 1995. Segundo o presidente do Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Brumadinho (Codema), Edson Albanez, o conselho pediu à Secretaria Municipal de Meio Ambiente que elaborasse um estudo sobre a situação da Empresa de Mineração Esperança e os impactos ambientais provocados por suas atividades. O relatório, concluído pela secretaria no início deste ano, foi entregue aos órgãos ligados ao meio ambiente e ao secretário de Estado José Carlos Carvalho.

O estudo mostra que a empresa foi fundada em 1948 e que, por descumprir normas ambientais, teve suas atividades suspensas em 1996 por determinação do Copam. Em 1998, a Justiça declarou sua falência. Desde então, nenhuma obra foi realizada para recuperar as áreas degradadas pela mineradora, ou para inibir o avanço da erosão das encostas e do assoreamento dos cursos de água. De acordo com o síndico da massa falida, Cléber Matheus da Silva, a dívida atual da empresa é de R$ 20 milhões e o custo para recuperar a área degradada é estimado em mais de R$ 10 milhões.

Recuperação - O prefeito de Brumadinho, Antônio do Carmo Neto, informou estar buscando parceiros para recuperar a área. "Esse acidente é considerado o maior passivo ambiental do Vale do Paraopeba, o que nos preocupa muito", disse. O síndico da massa falida informou que a Promotoria do Meio Ambiente estaria tentando um acordo com a Paraibuna de Metais, acionista da empresa que foi proprietária da lavra, para a recuperação da área. "Independente disso, uma outra empresa também tem manifestado interesse em adquirir os passivos, pois na área ainda há sobras de minério fino. Esse material interessa à empresa porque que tem valor econômico para exportação", explicou o síndico. Segundo ele, em 60 dias deverá ser formalizado o acordo de aquisição.

Rompimento de barragem em janeiro agravou impacto ambiental

As chuvas de janeiro provocaram o rompimento da barragem de oito metros que continha os rejeitos de minério da Empresa de Mineração Esperança, provocando a descida dos sedimentos para o rio Paraopeba, através dos córregos Esperança e Elias. De acordo com legislação específica, a empresa, mesmo inativa, é responsável pelos passivos ambientais decorrentes do período em que atuou. Entretanto, em caso de falência, a responsabilização torna-se mais difícil. O deputado Doutor Ronaldo, autor do requerimento que deu origem à visita, manifestou sua preocupação com as proporções do acidente ambiental em Brumadinho. Ele disse que irá procurar o secretário de Estado de Meio Ambiente para colher outras informações e solicitar que sejam tomadas as providências cabíveis visando a recuperação de toda a área atingida. "Não podemos admitir que esse tipo de episódio continue acontecendo. A Comissão não ficará alheia a essa situação", afirmou.

 

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