Deputados e autoridades defendem novo Anel Rodoviário

Um novo anel rodoviário em Belo Horizonte, com 64 km de extensão, começando em Betim, passando por Contagem, Ribeirão...

10/06/2003 - 20:49
 

Deputados e autoridades defendem novo Anel Rodoviário

Um novo anel rodoviário em Belo Horizonte, com 64 km de extensão, começando em Betim, passando por Contagem, Ribeirão das Neves, Vespasiano e terminando em Ravena, a um custo estimado em US$ 800 milhões, foi a proposta defendida pela maior parte das autoridades e deputados presentes à reunião da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas nesta terça-feira (10/6/2003) na Assembléia. O atual anel está saturado com o tráfego diário de 110 mil veículos, sendo 50 mil caminhões, muitos deles com excesso de carga. Desde abril do ano passado, 39 vidas foram perdidas em acidentes nos 26,5 km do Anel, a maioria por atropelamento.

A reunião começou com uma exposição do deputado Jayro Lessa (PL) sobre a situação do Anel Rodoviário, onde ocorreram 2.268 acidentes em 1999 com 516 feridos e 32 mortos; 1.880 acidentes em 2000 com 501 feridos e 27 mortos; e 1.734 em 2001, com 468 feridos e 27 mortos. O deputado, autor do requerimento da reunião, culpa o descaso e a omissão das autoridades pelo mau estado de conservação do pavimento e aponta como saída uma nova via, mais abrangente, que desvie de Belo Horizonte o tráfego de carga.

Atropelamentos debaixo das passarelas

Renato Santana, diretor geral do DER, disse que o Anel não é um problema rodoviário da alçada do DNIT ou do DER-MG: "É um problema urbano e social, e a discussão de soluções tem que passar pela Prefeitura de BH e pelos representantes dos bairros adjacentes". Descreveu a erosão das encostas, o acúmulo de lixo, a destruição das defensas e o mau estado do pavimento como principais problemas da via, e alertou que os pedestres desprezam as passarelas e cruzam a pista, pondo a vida em risco.

O vereador de BH Totó Teixeira, autor de um recente estudo sobre os problemas do Anel Rodoviário, falou sobre o favelamento das margens da via e sobre as empresas que utilizam os acostamentos como depósito de mercadorias. Para ele, depois de 23 anos de sua duplicação, "o Anel Rodoviário tornou-se uma nova avenida do Contorno". O major PM Antônio Carvalho Pereira, comandante da Polícia Rodoviária, revelou que, há 14 meses, a corporação vem tentando reduzir os acidentes no Anel e que esteve pessoalmente no local dos 39 acidentes com mortes. "A maioria foram atropelamentos nas proximidades das 12 passarelas existentes", informou o militar. José Carlos Ladeira, representante da Prefeitura de BH, acrescentou que os acidentes rodoviários no Brasil geram um prejuízo anual de R$ 3,2 bilhões, e boa parte desse valor se refere à perda da produção.

Dinheiro da CIDE é desviado para gerar superávit primário

Carlos Alberto La Selva, representante do ministro dos Transportes, Anderson Adauto, classificou o Anel como um caso de "desordem urbana", e condenou a proposta de alargamento da via. "Tentamos isto em São Paulo, levamos de quatro a cinco anos, a um custo alto e desgaste político enorme". La Selva criticou abertamente que a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), cuja arrecadação este ano está prevista para R$ 8,8 bilhões, e que foi criada para recuperação de rodovias, esteja sendo desviada para cobrir déficit fiscal e gerar superávit primário. Lamentou igualmente que "o orçamento do Ministério dos Transportes seja de R$ 2,6 bilhões, quando o necessário seriam de R$ 5 a 6 bilhões por ano". La Selva assegurou que é prioridade do ministro Adauto a construção do Rodoanel e a duplicação da rodovia de BH a Governador Valadares, obras vitais para os corredores de exportação do Mercosul.

O deputado Bonifácio Mourão (PSDB), representante de Governador Valadares, defendeu a duplicação da BR-381 como "a redenção para a nossa região, levando para os mercados do Mercosul a produção da Usiminas, da Acesita, da Usimec e da Belgo-Mineira". Mourão defendeu também a inclusão da disciplina Educação para o Trânsito no ensino fundamental.

Barracos em cima de gasodutos

Célio Moreira, deputado pelo PL, era vereador em Belo Horizonte no ano passado, e revelou que os barracos construídos em áreas invadidas às margens do Anel não oferecem a seus moradores apenas o risco de serem invadidos por caminhões descontrolados. "No bairro São Francisco, há barracos construídos em cima de gasodutos. É preciso remover as pessoas daquele local, sob pena de vermos no futuro uma grande tragédia, como já aconteceu em Cubatão e no México". A respeito das empresas que invadem as margens do Anel, cobrou a responsabilidade da Prefeitura, que lhes concedeu alvará de funcionamento.

O deputado Jayro Lessa voltou a criticar a omissão das autoridades que permitem o favelamento das margens do Anel sem tomar providência. Da platéia, um manifestante informou que a autoridade toma providência, mas que os juízes negam liminar para a remoção do invasor, a não ser que as prefeituras providenciem local para realojar a família. Jayro Lessa condenou também o fechamento das balanças nas rodovias, que poderiam impedir a circulação de caminhões com excesso de peso. "Há 42 balanças fechadas, algumas delas nem chegaram a funcionar, mas custaram alguns milhões de dólares ao contribuinte. O que está acontecendo é falta de respeito ao dinheiro público", acusou Lessa.

DER está licitando balanças móveis

A respeito das balanças, Renato Santana informou que o DER-MG tem 9 balanças fixas, sendo que apenas duas estão operando, e mesmo assim precariamente, pela falta de pessoal para operarem 24 horas, mas anunciou que o órgão está licitando 156 plataformas com 46 balanças móveis, a serem operadas em conjunto com a Polícia Rodoviária e a Secretaria da Fazenda.

O deputado Adalclever Lopes (PMDB), que presidiu a reunião, lembrou que, no passado, a Polícia Rodoviária Federal e o DNER trabalhavam em conjunto para a segurança das rodovias e para impedir invasões das faixas de domínio. "Ambos os órgãos pertenciam ao Ministério dos Transportes. Essa parceria terminou quando a Polícia Rodoviária passou à alçada do Ministério da Justiça", lamentou Adalclever.

14 requerimentos e um parecer aprovados

Na segunda fase da reunião, foi aprovado parecer do deputado Sidinho do Ferrotaco (PL) a projeto do deputado Leonardo Moreira (PL), que declara de utilidade pública a Associação Comunitária de Radiodifusão Cultural, Educativa e Artística de Brumadinho. Foram aprovados também 10 requerimentos de diversos deputados contendo votos de congratulações e pedindo asfaltamento de rodovias. Quatro requerimentos apresentados durante a reunião também foram aprovados. Dois do deputado Laudelino Augusto (PT), pedindo audiências públicas em Lavras para discutir as obras da BR-265, e em Belo Horizonte, para discutir a gestão do Sistema de Transporte Coletivo da capital. Os outros dois são do deputado Célio Moreira. Um convoca o Ministério Público, a PBH, o DNIT e o DER para discutirem as moradias clandestinas no Anel Rodoviário. O outro, para debater com o DER, a Ambel, o Procon e a Fetran o reajuste de 16% nas passagens intermunicipais.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Adalclever Lopes (PMDB), que a presidiu; Jayro Lessa (PL); Laudelino Augusto (PT); Sidinho do Ferrotaco (PL); Célio Moreira (PL); e Bonifácio Mourão (PSDB).

 

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