Reforma Tributária pode evitar desemprego na RMBH

A reunião extraordinária da Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Social, realizada em Sete Lagoas, nesta qu...

06/06/2003 - 13:56
 

Reforma Tributária pode evitar desemprego na RMBH

A reunião extraordinária da Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Social, realizada em Sete Lagoas, nesta quinta-feira (6/62003), convocada para discutir a possibilidade de fechamento de unidades da Cedro e Cachoeira na região, acabou se transformando numa manifestação em favor de uma ampla e urgente reforma tributária no país. O presidente da empresa, Aguinaldo Diniz Filho, não compareceu à reunião, mas enviou carta à comissão dizendo que não há nada definido sobre o fechamento das unidades de Sete Lagoas e Caetanópolis. Ele confirmou, no entanto, que a empresa vem sofrendo forte concorrência daquelas instaladas na região mineira da Sudene.

Diante das dificuldades financeiras, a Cedro Cachoeira estaria planejando transferir unidades para Pirapora, onde incentivos fiscais garantem abatimento de, no mínimo, 75% do Imposto de Renda. A transferência deixaria sem emprego cerca de 1.500 funcionários nas duas cidades. O vice-prefeito de Caetanópolis, Evaldo Luis Cardoso, afirmou que desde meados do ano passado, a administração municipal convive com o "fantasma" do fechamento. "Além do desemprego direto, teríamos queda na arrecadação municipal, numa cidade que já é muito pobre", reclamou.

Concorrência injusta - O presidente do Sindicato dos Tecelões de Sete Lagoas, José Moreira da Silva, garantiu que não se trata de um boato. Ele acredita que a empresa vai mesmo se mudar para Pirapora, se o governo não fizer nada para evitar. "Não é justo uma cidade oferecer até 100% de dedução de imposto, e o prefeito da outra cidade ficar de mãos atadas", criticou. O sindicalista pediu apoio dos deputados para sensibilizar o governador Aécio Neves e evitar a saída da Cedro e Cachoeira da região.

Além da concorrência entre cidades do mesmo Estado, o sindicalista apontou a entrada de produtos asiáticos contrabandeados como grande ameaça para o setor têxtil. Segundo José Moreira, o empresário brasileiro é um herói, pois em alguns casos chega a pagar 46% de seu faturamento em impostos.

O vereador de Sete Lagoas, Caio Valace, disse ter dados que comprovam que o metro de tecido produzido na cidade sai cerca de 35% mais caro do que o produzido na região mineira da Sudene. O presidente da comissão, deputado Célio Moreira, garantiu que a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social atuará como intermediadora desse conflito junto ao governo do Estado. "Não ficaremos de braços cruzados, vamos procurar o Secretário de Estado da Fazenda e também do Planejamento para saber o que pode ser feito", afirmou.

Audiência com secretários - Na opinião da deputada Marília Campos, transferência de uma cidade para outra, demissões ou redução de jornada de trabalho não vão resolver o problema de empresas como a Cedro e Cachoeira. Segundo ela, o problema é conjuntural, e o governo do Estado precisa ser envolvido na discussão. A comissão aprovou requerimento apresentado pela deputada Marília Campos e pelo deputado Doutor Ronaldo, solicitando audiência pública com a presença dos secretários de Estado de Estado da Fazenda, Fuad Jorge Noman, e do Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer; de representantes da Cedro e Cachoeira e dos Trabalhadores, e também da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). A data da audiência deverá ser marcada nos próximos dias.

Empresa-modelo - O deputado Doutor Ronaldo (PDT), que solicitou a reunião, fez questão de ressaltar que o objetivo do encontro não foi o de "jogar pedra" na empresa, mas buscar alternativas para viabilizar sua permanência nas duas cidades. Segundo ele, a Cedro pode ser considerada modelo, pela seriedade com que desenvolve suas atividades e o respeito que tem pelos funcionários. O prefeito de Caetanópolis, João Rocha Nascimento, concordou com o deputado: "se fosse uma empresa ruim, estaríamos torcendo para ela ir embora". Segundo o deputado, a direção da empresa já garantiu que, haja o que houver, os funcionários serão os primeiros a serem informados sobre o destino da Cedro e Cachoeira.

Interessados procuram apoio do vice-presidente

Uma comissão formada pelo deputado estadual Doutor Ronaldo, o deputado federal Márcio Reinaldo, os prefeitos de Sete Lagoas e Caetanópolis, além de vereadores das duas cidades, esteve com o vice-presidente da República, José Alencar, no último dia 29 de maio, pedindo que ele intervenha para impedir a transferência da Cedro e Cachoeira. José Alencar é sócio majoritário da empresa e prometeu estudar o caso. "Ele nos recebeu muito bem e logo entrou em contato com o conselho administrativo da empresa para se inteirar da situação", diz o presidente da Câmara de Sete Lagoas, vereador Paulo Maciel. Segundo ele, José Alencar recebeu a comissão como vice-presidente da República, preocupado com os efeitos nocivos da guerra fiscal interna e externa, e não apenas como sócio da empresa.

Santa Luzia - A comissão aprovou, ainda, requerimento do deputado Roberto Ramos (PFL), que formaliza o pedido de reunião conjunta das comissões de Trabalho, Previdência e Ação Social e de Direitos Humanos, em Santa Luzia, para discutir problemas de maus tratos a idosos na cidade, nesta sexta-feira, às 9 horas.

Presenças: Deputados Célio Moreira (PL), presidente da comissão; Marília Campos (PT) e Doutor Ronaldo (PDT). Também estiveram presentes o prefeito de Caetanópolis, João Rocha Nascimento; o vice-prefeito da cidade, Evaldo Luis; o presidente da Câmara de vereadores de Sete Lagoas, Paulo Maciel; o delegado substituto da DRT, Geraldo Sérgio; o presidente do Sindicato dos Tecelões de Sete Lagoas, José Moreira da Silva, além de diversos vereadores, sindicalistas e funcionários da empresa.

 

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