Audiência pública vai discutir licença para loteamento em Contagem

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de Minas vai discutir a situação de 350 famílias que compraram terrenos ...

04/06/2003 - 14:39
 

Audiência pública vai discutir licença para loteamento em Contagem

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de Minas vai discutir a situação de 350 famílias que compraram terrenos no bairro Monte Verde, em Contagem, há cinco anos, mas até hoje não têm autorização para construir. Requerimento com essa finalidade, do deputado Durval Ângelo (PT), foi aprovado na reunião da comissão desta quarta-feira (4/6/2003). De acordo com o requerimento, o loteamento, que soma 168 mil metros quadrados, foi comercializado pela imobiliária Quintão Imóveis.

Segundo Durval Ângelo, a atual administração municipal de Contagem nega o fornecimento da licença de instalação do loteamento, alegando problemas ambientais. O Instituto Estadual de Florestas (IEF) emitiu laudo favorável à ocupação da área, mas em seguida forneceu laudo contrário. "A audiência pública tem o intuito de apurar denúncia de especulação imobiliária, tendo em vista que o impedimento alegado é contraditório e enseja muitas dúvidas", justifica o deputado.

Foram aprovados ainda outros três requerimentos que pedem a realização de audiências públicas. Um deles, do deputado Roberto Ramos (PL), que solicita audiência conjunta com a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social para discutir a situação dos asilos de idosos em Santa Luzia.

Outro requerimento do mesmo deputado pede a realização de audiência pública para discutir a situação dos estudantes de faculdades particulares impedidos de freqüentar as aulas porque estão inadimplentes. Essa reunião foi sugerida depois que a comissão ouviu denúncia de um aluno da Faculdade Metropolitana, Luciano Martins Coelho, que se disse impedido de assistir às aulas depois que deixou pagar a mensalidade.

De autoria dos deputados Roberto Carvalho e Cecília Ferramenta, ambos do PT, outro requerimento pede a realização de audiência pública para discutir a situação dos familiares das vítimas do massacre de Ipatinga, ocorrido em 1963.

Outros requerimentos aprovados

* Do deputado Célio Moreira (PL), pede que sejam encaminhados ofícios ao promotor de justiça de Ibirité para que ele acompanhe o processo de destituição do pátrio poder de Marlene Rosa dos Santos, e para que a juíza Maria Dolores Clodovil dê atenção especial ao caso. Em depoimento à comissão, Marlene negou que tenha maltratado seus três filhos e disse que está sendo perseguida pela assistente social que acompanhou seu caso.

* Do deputado Durval Ângelo, pede a realização de visitas da comissão a diversos estabelecimentos prisionais do Estado para verificar o tratamento que vem sendo dado aos presos.

* Também do deputado Durval Ângelo, solicita a transferência da delegacia de polícia de Uberlândia, localizada no Sindicato Rural daquela cidade. Outro requerimento do mesmo deputado pede que seja formulada manifestação de apoio pela atuação exemplar da Polícia Militar nas operações envolvendo conflitos agrários em Santa Vitória e Campina Verde, conforme apurou a comissão em audiência pública realizada em Uberlândia no último dia 23.

Pobreza e perda de tradições

Também na reunião desta quarta-feira, foi lido o relatório da visita feita pela comissão, em 30 de maio, à comunidade negra rural da Pontinha, que fica em Paraopeba, região Central do Estado. O objetivo da visita foi obter subsídios para o debate que será feito na audiência pública da comissão sobre a regularização das terras ocupadas por remanescentes de quilombos. O relatório chama a atenção para a pobreza da comunidade da Pontinha, que tem dois mil habitantes, mas não possui posto de saúde, ruas asfaltadas nem coleta de lixo. Ainda segundo o texto, o abastecimento de água é precário e existe apenas um telefone público para atender toda a comunidade. O relatório destaca, no entanto, que a escola pública de Pontinha foi bastante elogiada pelos moradores.

O conflito pela posse da terra é outro ponto destacado pelo relatório. A "larga", como é conhecida a propriedade coletiva que caracteriza uma comunidade quilombola, teve sua área reduzida de 510 para 200 alqueires. "Boa parte das terras perdidas para terceiros encontra-se arrendada à empresa Mannesmann e é utilizada para o plantio de eucalipto em larga escala", aponta o documento.

Em 1990, a disputa por terra gerou inclusive um confronto com um fazendeiro. Os moradores de Pontinha se armaram para enfrentar a Polícia Militar, chamada para garantir a propriedade do fazendeiro. Para resolver o conflito, a prefeitura de Paraopeba declarou a área como de utilidade pública. O relatório conclui que a solução definitiva desse problema depende da regularização das terras, conforme dispõem os artigos 215 e 216 da Constituição Federal. Esses dois elevam as terras dos remanescentes de quilombos à condição de território cultural nacional.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Roberto Ramos (PL), vice; Célio Moreira (PL); Mauro Lobo (PSB); e Roberto Carvalho (PT).

 

 

 

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