| Policiais e deputados constatam quadro grave da 
            segurança "Estamos pedindo socorro à Comissão de Direitos 
            Humanos!" Com essas palavras, o presidente da Associação dos 
            Oficiais da Polícia Militar e Bombeiro Militar (AOPM/BM), major 
            Domingos Sávio de Mendonça, solicitou aos deputados, na reunião 
            dessa quarta-feira (28/05/2003), providências com relação à situação 
            precária dessas corporações e da segurança pública no Estado. Ele e 
            outros convidados também pediram que os deputados negociem com o 
            governador a revisão da política salarial da PM. Segundo Domingos Sávio, o governo estadual não se 
            preocupou em estruturar uma força policial capaz de combater o 
            crime: 15 policiais mortos este ano; cerca de 30 pessoas mortas a 
            cada fim de semana na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde o 
            déficit operacional é de 3 mil homens; a PM só tem 13 mil coletes 
            para os 37 mil policiais no Estado; os salários estão sucateados. 
            Mendonça cobrou da comissão que negocie com o governador a reposição 
            das perdas salariais, assegurada pela Constituição Estadual, e a 
            adoção de uma política de remuneração para evitar a paralisação dos 
            policiais após a assembléia que vão realizar no dia 11 de junho. 
 O presidente da Associação dos Praças Policiais e 
            Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), subtenente Luiz Gonzaga 
            Ribeiro, afirmou que "hoje se assiste à falência do sistema de 
            segurança como um todo". Além das deficiências de efetivos, 
            armamentos, equipamentos de segurança, problemas da Polícia Militar 
            e Corpo de Bombeiros, existe um gargalo no sistema prisional, de 
            acordo com Gonzaga: "85% dos presos não são recuperados; 60% dos 
            policiais civis estão cuidando de presos; 95% das ocorrências 
            policiais não são transformadas em inquérito, o que significa que 
            não vai haver punição nesses casos". O subtenente lembrou também 
            que, devido à defasagem de efetivos de 6000 homens no Estado, o 
            policial é obrigado a trabalhar em excesso, uma vez que a categoria 
            não tem carga de trabalho máxima regulamentada - só a mínima, de 40 
            horas semanais. Ele avaliou que, se não houver investimento do 
            governo, principalmente em concurso para novos policiais e 
            aparelhamento das polícias, o problema da segurança pública vai 
            permanecer sem solução. Cabo denuncia que Corpo de Bombeiros está 
            desarmado O cabo Adalberto Valadares, do Centro Social de 
            Cabos e Soldados da PM e BM, denunciou que os bombeiros estariam 
            desarmados. "Não tem uma arma sequer para os bombeiros, que também 
            são militares", reclamou. Valadares criticou ainda o uso de pistolas 
            por oficiais, que ficam em gabinetes, enquanto os policiais que 
            sobem nos morros, combatendo traficantes, usam armas de pior 
            qualidade. Ele disse que os policiais estavam sendo vítimas de 
            descaso com relação aos seus direitos humanos: "Temos policiais 
            morando ao lado de bandidos, em favelas; outros, ganhando cesta 
            básica do Centro Social, e recebendo 390 reais por mês."  Representando o subsecretário de Direitos Humanos, 
            Manoel Costa, o superintendente de Direitos Humanos, Hélio Rabelo, 
            afirmou que uma de suas funções era a de ombudsman e que, por isso, 
            todas as críticas estavam sendo anotadas. Disse também que estava 
            solidário com os policiais e que iria levar as reivindicações ao 
            subsecretário e ao secretário de Estado de Desenvolvimento Social e 
            Esportes, João Leite. Deputados criticam punição a coronel do Corpo de 
            Bombeiros O deputado Sargento Rodrigues (PDT) registrou sua 
            indignação quanto à transferência do coronel José Francisco Maciel 
            Pereira do comando operacional do Corpo de Bombeiros Militar para a 
            diretoria de Finanças. "Ele foi punido por ter dito a verdade na 
            Comissão de Segurança Pública", disse, referindo-se à reunião do dia 
            8 de maio, quando o oficial relatou a precariedade do Corpo de 
            Bombeiros, que estaria com equipamentos sucateados e sem condições 
            de conter incêndios maiores. Para o deputado, a transferência feita 
            pelo comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Osmar Duarte 
            Marcelino, colocava em xeque a autonomia do Legislativo. "O policial 
            diz a verdade aqui e depois é punido?", questionou.  Mas Rodrigues reconheceu que não dispõe de 
            mecanismos legais que impeçam a punição de qualquer servidor público 
            por prestar depoimento na Assembléia. "O que eu posso é questionar o 
            governador, que está indo na contramão da segurança pública", 
            afirmou. O deputado Célio Moreira (PL) apresentou requerimento, 
            aprovado, em que a comissão manifesta o seu repúdio pela punição 
            arbitrária e injusta ao coronel. Maciel. Rogério Correia (PT) também 
            atacou: "se o governador não permitisse, o coronel Marcelino não 
            teria feito o que fez". Correia ponderou ainda que a discussão sobre 
            segurança pública é um "clamor da sociedade, mas não tem sido a 
            tônica do governo", e por isso, a segurança pública tem sido 
            sucateada, assim como a educação e saúde Gestão de crise - O 
            deputado Mauro Lobo (PSB) ponderou que o Estado faz hoje uma gestão 
            de crise, com o reconhecimento, no orçamento de 2003, de um déficit 
            de R$2,3 bilhões. Apesar dessa falta de recursos, Lobo disse que o 
            Estado deve abrir o diálogo para encontrar uma solução conjunta e, 
            nesse sentido, a Comissão de Direitos Humanos estava dando sua 
            contribuição. Já a deputada Marília Campos (PT) lamentou os rumos 
            que, na sua opinião, o governo estaria apontando para o serviço 
            público. "Como seria a avaliação de desempenho de um policial que 
            não tem colete nem gasolina na viatura?", indagou. Para ela, a 
            segurança pública está sucateada e o serviço público, mal 
            remunerado, e o projeto de reforma do Estado não irá resolver os 
            problemas, pois não trata de planos de carreira nem de política 
            salarial para o servidor.  Debates - Na fase de 
            debates, vários oficiais reforçaram a falta de infra-estrutura, 
            equipamentos, condições de trabalho e os baixos salários. Disseram 
            também que está marcada uma assembléia geral, no dia 11 de junho, 
            para debater os problemas da categoria. "Vamos unir oficiais, 
            praças, bombeiros e policiais militares nessa assembléia", conclamou 
            o major Domingos Sávio.  Deputados aprovam seis requerimentos * Do deputado Roberto Ramos (PL), solicitando que 
            seja agendada visita aos asilos de Santa Luzia - São Vicente de 
            Paula, Cantinho da Paz, Casa de Repouso de Santa Luzia e Doce Lar 
            dos Idosos - devido às denúncias de irregularidades e más condições 
            sanitárias nesses locais; * Do deputado Chico Simões (PT), que requer a 
            audiência pública em Coronel Fabriciano, em conjunto com a Comissão 
            de Segurança Pública, para discutir a precariedade da cadeia pública 
            local e recolher reclamações e propostas sobre a situação 
            carcerária. Os deputados irão também debater a "grave situação da 
            segurança e da defesa social da comunidade". Serão convidados para a 
            audiência o delegado regional de Polícia Civil, Paulo César 
            Assumpção Dettogne; o comandante do 14o Batalhão da 
            Polícia Militar, tenente-coronel Sandro Afonso Teatini Selim de 
            Sales; o subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio 
            Monterio Filho, além de representantes do Ministério Público local, 
            do Poder Executivo municipal e da Comissão de Direitos Humanos da 
            Câmara Municipal; * Do deputado Carlos Pimenta (PDT), solicitando que 
            seja enviado ofício ao governador e ao comandante da PM informando 
            sobre a realização desta audiência pública e das deliberações 
            unânimes dos seus membros e demais deputados. Solicita também que 
            sejam reabertos os processos administrativos contra os policiais 
            militares de Montes Claros acusados de envolvimento com a "máfia do 
            carvão" para esclarecer os fatos, evitando injustiças; * Do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), que 
            solicita a realização de reunião conjunta com a Comissão de Saúde 
            para discutir a violência nos postos de saúde de Belo Horizonte, com 
            a presença das seguintes autoridades: presidente do Sindicato dos 
            Médicos de Minas Gerais, Edilson Correia de Moura; secretários 
            estaduais de Saúde, Marcus Pestana, e de Defesa Social, Lúcio 
            Urbano; secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Helvécio 
            Miranda Magalhães; procurador geral de Justiça de Minas Gerais, 
            Nedens Ulisses Freire Vieira; * Do deputado Célio Moreira (PL), solicitando que 
            seja enviado ao governador manifestação de repúdio da comissão pela 
            "punição arbitrária e injusta sofrida pelo coronel José Francisco 
            Maciel e manifestação de aplauso a este policial".  * Do deputado Sargento Rodrigues (PDT), solicitando 
            que seja agendada audiência com o governador de Estado juntamente 
            como as Comissões de Segurança Pública e do Trabalho, Previdência e 
            Assistência Social para discutir a política salarial dos servidores 
            da segurança pública. Também serão abordadas as condições de 
            trabalho dos policiais e bombeiros militares. Presenças - Participaram 
            os deputados Roberto Ramos, vice-presidente da comissão; Célio 
            Moreira (PL), Mauro Lobo (PSB), Marília Campos (PT), Leonídio Bouças 
            (PTB), Ermano Batista (PSDB), Sargento Rodrigues (PDT), Rogério 
            Correia (PT) e Maria Tereza Lara (PT). E ainda as seguintes 
            autoridades: o ouvidor da Polícia Militar de Minas Gerais, José 
            Francisco da Silva; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da 
            OAB-Seção Minas Gerais, Márcio Augusto Santiago; e o pastor Roberto 
            Luiz da Silva, representante do Conselho das Varas de Execução 
            Criminais e Coordenador da Pastoral Evangélica de Belo Horizonte. 
               
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