Consultor da Alemg defende medição do capital
intelectual
A implantação de indicadores do capital intelectual
nos órgãos e entidades da administração pública é um instrumento
para ampliação da transparência e para melhoria do setor público. A
avaliação é do consultor da Assembléia Legislativa Alexandre Bossi,
que fez palestra, nesta segunda-feira (26/5/2003), na Escola do
Legislativo, sobre o tema "A medição do capital intelectual no setor
público". O assunto foi tema de sua tese de doutorado em
Contabilidade e Finanças pela Universidade de Zaragoza, na Espanha,
defendida no último mês de fevereiro. A palestra aconteceu dentro da
programação do evento "Pensando em Minas", promovido mensalmente
pela Escola, em que são divulgadas teses, dissertações e outros
trabalhos técnicos de autoria dos servidores da Assembléia de
Minas.
Segundo Alexandre Bossi, a medição do capital
intelectual é um recurso amplamente utilizado na iniciativa privada,
com inúmeros modelos desenvolvidos sobretudo a partir da década de
90, mas ainda carente de estudos e investigações no âmbito do
serviço público. Apesar disso, Bossi acredita na viabilidade da
aplicação do conceito no setor público, cujos objetivos e serviços
são classificados como intangíveis. Para ele, a medição é um recurso
que pode e deve ser utilizado na administração pública, tanto para
orientar decisões dos gestores, quanto para aumentar o grau de
transparência das instituições.
Qualidade e transparência -
Para Bossi, na iniciativa privada o capital intelectual poderia ser
definido como a diferença entre o valor de mercado de uma empresa e
seu valor contábil. No setor público, como as instituições não têm
valor de mercado, os indicadores do capital intelectual poderiam ser
medidos tomando-se como parâmetros as metas estabelecidas e a
evolução dos indicadores. Em sua tese, fruto de um trabalho de
pesquisa de cinco anos, o consultor desenvolveu um modelo de medição
que pode ser aplicado no setor público. Nesse modelo, além das
perspectivas em que o capital intelectual é tradicionalmente
analisado - capital humano, relacional e estrutural -, ele agregou
as perspectivas de qualidade e transparência; e enfatizou a
existência de um "passivo intelectual" nos casos em que as
instituições públicas não atendem bem à população, não alcançam um
patamar de excelência na prestação dos serviços. Na tese, em que
apresenta um estudo empírico sobre o capital intelectual de 72
municípios espanhóis, tomando-se como fonte dos dados as páginas
desses municípios na internet, ele exemplifica a aplicação prática
do modelo por ele proposto no caso dos tribunais de contas, em que
identificou nada menos que 80 indicadores diferentes.
Alexandre Bossi acredita que seu modelo de medição
é viável de ser aplicado em instituições como o Poder Legislativo, e
que o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação
favorece a incorporação de medidores de capital intelectual no
serviço público. Mas, para ele, a aplicação do modelo depende
sobretudo de vontade política.
O próximo evento do "Pensando em Minas" acontecerá
no dia 30 de junho, quando o consultor Antônio José Calhau Rezende
vai apresentar sua dissertação de mestrado com o tema "Órgão
autônomo: enquadramento na administração pública, peculiaridades e
natureza jurídica".
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