Comissão de Segurança apresenta relatório sobre Nelson Hungria

A situação da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, é de total inversão de valores: os internos de maior pericul...

22/05/2003 - 17:56
 

Comissão de Segurança apresenta relatório sobre Nelson Hungria

A situação da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, é de total inversão de valores: os internos de maior periculosidade, com poder econômico, detêm total controle sobre a única instituição prisional de Minas Gerais tida como de segurança máxima. Esses detentos gozam de completa liberdade de ação, comandando seus negócios ilícitos de dentro da penitenciária. Enquanto isso, agentes públicos responsáveis pela administração da Nelson Hungria mostram-se omissos, coniventes ou mesmo cúmplices em relação às irregularidades.

Essas são algumas das conclusões a que chegaram os deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembléia, após dois meses de investigações sobre a situação daquela penitenciária. O relatório final dos trabalhos foi apresentado à imprensa nesta quinta-feira (22/5/2003) pelos deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão, e Rogério Correia (PT).

Na opinião dos deputados, as três rebeliões ocorridas na penitenciária desde a fuga de oito presos em 23 de março - a última esta semana, no dia 21 de maio - aconteceram em represália às medidas tomadas pelas autoridades para mudar a situação da Nelson Hungria, como o afastamento do antigo diretor-geral, capitão Salvador Marzano, e a tentativa de pôr fim às regalias de presos mediante normas de disciplina mais rígidas.

Comissão aponta providências a serem tomadas

No relatório, que será entregue à Secretaria de Estado de Defesa Social, ao Comando-Geral da Polícia Militar, ao Ministério Público e à Promotoria e à Vara de Execuções Criminais da Comarca de Contagem, a comissão solicita a implementação, com urgência, de uma série de providências que poderão pôr fim às irregularidades constatadas.

Entre as medidas sugeridas, estão a exoneração de todos os diretores e subdiretores, à exceção do diretor-geral recém-designado; quebra do sigilo telefônico, bancário e fiscal de sete servidores civis e dois militares apontados no relatório como envolvidos em graves irregularidades; abertura de sindicância e, se for o caso, de inquérito policial militar, para apuração de responsabilidade dos dois policiais militares acusados de facilitarem a fuga de presos no dia 23 de março; instauração de processo administrativo contra todos os servidores acusados de irregularidades; e a instauração de inquérito policial para apurar eventuais práticas delituosas de diretores, agentes penitenciários e policiais militares.

O relatório propõe, ainda, o reforço do efetivo da guarda interna (agentes penitenciários) e da guarda externa (policiais militares); a conclusão da construção dos três pavilhões de segurança máxima; a transferência dos "líderes" para penitenciárias em diferentes regiões do Estado; fiscalização rigorosa da entrada de objetos e alimentos; e indiciamento dos detentos autores das ameaças contra os deputados Sargento Rodrigues e Rogério Correia e o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Marcos Terrinha.

Comissão visitou penitenciária e ouviu depoimentos reservados

Na entrevista concedida à imprensa, Sargento Rodrigues e Rogério Correia esclareceram que, além de visitar a penitenciária, a comissão ouviu os encarregados da investigação feita pela Corregedoria da Subsecretaria de Administração Penitenciária a respeito da fuga de oito detentos no dia 23 de março, os foragidos recapturados e vários agentes penitenciários, muitos deles em depoimentos reservados.

Foram chamados a colaborar com os trabalhos da comissão o delegado da Polícia Federal Cláudio Dornelas, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF; e o promotor de Justiça Carlos Alberto Silveira Isoldi Filho, da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Contagem. Os deputados também estiveram com o secretário de Defesa Social e com o subsecretário de Administração Penitenciária, para discutir a situação da Nelson Hungria e as providências que estão sendo tomadas pelo governo do Estado.

 

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