Assembléia poderá criar comissão especial para analisar Ipsemg

A Assembléia de Minas poderá formar uma comissão especial para estudar a situação do Instituto de Previdência dos Ser...

15/05/2003 - 19:49
 

Assembléia poderá criar comissão especial para analisar Ipsemg

A Assembléia de Minas poderá formar uma comissão especial para estudar a situação do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). Na reunião conjunta de comissões realizada nesta quinta-feira (15/5/2003) para analisar os problemas da autarquia, o deputado Rogério Correia (PT) informou que vai apresentar, em Plenário, requerimento para criar a comissão. O objetivo é que a Assembléia contribua com soluções, evitando o que, no passado, constituiu, na opinião do deputado, uma política de sucateamento do instituto. O presidente da reunião conjunta, deputado Ermano Batista (PSDB), enfatizou que é preciso aprofundar o debate sobre o Ipsemg.

O deputado Doutor Viana (PFL), autor do requerimento que deu origem à reunião conjunta das Comissões de Administração Pública, de Saúde e de Fiscalização Financeira e Orçamentária, reforçou que a Alemg é parceira na busca de soluções para os problemas da autarquia. Disse que será estudada a possibilidade de criar a comissão especial, enfatizando o compromisso dos deputados de não deixarem o Ipsemg se extinguir. Essas comissões têm até 60 dias para a conclusão de seus trabalhos, prazo prorrogável uma vez, por até a metade, mediante deliberação do Plenário. A comissão especial que estuda uma determinada matéria apresenta, ao final dos trabalhos, um relatório.

Servidores lotam Auditório - As dificuldades financeiras da autarquia e os problemas no atendimento à saúde foram novamente lembrados tanto pela direção quanto pelos representantes dos funcionários - que lotaram o Auditório e trouxeram cartazes reivindicando que o Ipsemg seja o único gestor da seguridade social do servidor. A presidente, Maria Coeli Simões Pires, informou que o déficit orçamentário, em 2002, foi de mais de R$ 131 milhões. Segundo ela, mesmo que fossem regularizados todos os fluxos de recursos devidos ao instituto, a situação continuaria problemática. "Temos, no entanto, o compromisso sério de buscar uma solução", disse. A gravidade do quadro foi reforçada pelo representante do Tribunal de Contas, Carlos Alberto Nunes Borges, que recebeu a prestação de contas do instituto em março. "A situação é preocupante, devido à total impossibilidade de cumprir compromisso com fornecedores e prestadores de serviço."

As medidas em implementação são pontuais, acrescentou a presidente Maria Coeli. Entre elas, as seguintes proposições encaminhadas à Assembléia pelo governador: abertura de crédito especial de R$ 36 milhões para cobrir débitos com os prestadores de serviço (hospitais e clínicas, entre outros), referentes aos últimos três meses de 2002; e aumento de R$ 16,00 para R$ 30,00 da contribuição para o custeio da saúde dos servidores que ganham entre R$ 550,00 e R$ 900,00. Os débitos com os prestadores de serviço, informou o diretor Roberto Porto Fonseca, são fruto de despesas realizadas sem previsão orçamentária e não empenhadas.

Funcionalismo faz críticas e diz que governo promove apropriação indébita

A presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, Andréia Myrrha Guimarães, cobrou a regularização do repasse dos recursos devidos pelo Estado à autarquia; a defesa do Ipsemg como único gestor da seguridade social do servidor público; a volta da autonomia financeira da autarquia e o aumento do quadro funcional. Ela também reivindicou dos deputados que haja debate sobre os projetos a serem encaminhados à Assembléia sobre o Ipsemg. "Se precisarmos parar 100% dos servidores do Ipsemg para defendê-lo, vamos parar", disse.

Lembrou, ainda, que houve um corte de cerca de 56% no orçamento da autarquia; e que a receita, de R$ 32 milhões mensais, não faz frente à despesa, de R$ 46,9 milhões (dados publicados no diário oficial "Minas Gerais"). Segundo a presidente do sindicato, o governo do Estado não tem repassado os valores referentes à dívida que tem com o instituto (R$ 4 milhões mensais) nem à taxa de administração (R$ 6,5 milhões). O pagamento dos inativos, que caberia ao Tesouro, vem sendo feito pela autarquia. "Instituto nenhum se sustenta com o calote do governo. Isso é apropriação indébita", afirmou, referindo-se ao não-repasse de contribuições.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado (Sindipúblicos), Geraldo Antônio Henrique da Conceição, ressaltou a importância do Ipsemg e a necessidade de zelar pela autarquia. Disse também que a iniciativa privada não quer a viabilidade do instituto - que hoje tem 2,2 milhões de usuários sem condições de pagar por um plano de saúde privado.

Algumas medidas dependem de negociação com Secretaria de Planejamento

A presidente Maria Coeli Simões Pires informou que o Ipsemg tem negociado com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Entre os objetivos dessa negociação, estão promover o retorno da folha de inativos para a Conta Financeira da Previdência (Confip) e buscar que o Estado assuma precatórios de R$ 160 milhões, referentes aos anos de 2001 a 2003, devidos a pensionistas. Segundo Maria Coeli, o Ipsemg obteve da Secretaria o compromisso de normalizar o fluxo orçamentário à medida em que for traçado o real quadro administrativo e de gastos. Já a normalização do fluxo financeiro dependeria da situação do Estado.

Quanto à renovação dos contratos da saúde, a presidente informou que têm sido feitos contratos com hospitais gerais e centros de urgência e emergência. Já a renovação dos contratos com as clínicas será objeto de uma análise global, visando também à racionalização do atendimento. Além disso, segundo a presidente da autarquia, o plano de saúde existente hoje não é factível nem mesmo se houver um fluxo regular de recursos, pois é "muito aberto". Informou que o governo deverá suspender alguns programas, até que se busque um modelo de plano de saúde mais adequado. Maria Coeli também ressaltou que os conselhos do Ipsemg serão valorizados (Deliberativo, Fiscal e dos Usuários) e que serão fortalecidos o controle, a auditoria e o processamento das contas.

Deputados fazem sugestões

A reunião desta quinta-feira contou com a presença maciça de deputados. Vários fizeram intervenções e elogiaram a presidente Maria Coeli. O deputado Leonardo Quintão (PMDB) defendeu uma auditoria das ações passadas, bem como o melhor uso dos recursos e o aprimoramento da fiscalização. A solicitação de que os resultados das auditorias sejam encaminhados à Alemg foi feita pelo deputado Irani Barbosa (PL).

O deputado Neider Moreira (PPS) ressaltou que o Ipsemg é um patrimônio da sociedade mineira, defesa feita também pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Para Dalmo, não se deve falar em "falência e sucateamento, mas na construção de projetos". O deputado Chico Simões (PT), por outro lado, ressaltou que o modelo de Estado que se quer implantar também deve ser analisado, ao avaliar a situação da autarquia. Reivindicou, ainda, que, independentemente das mudanças, o Ipsemg não perca sua finalidade de gerenciar a seguridade social. Já o deputado Miguel Martini (PSB) cobrou a presença dos servidores em momentos importantes para o instituto.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ermano Batista (PSDB), que a presidiu; Domingos Sávio (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Leonardo Quintão (PMDB), Ricardo Duarte (PT), Fahim Sawan (PSDB), Doutor Viana (PFL), Neider Moreira (PPS), Jayro Lessa (PL), Chico Simões (PT), Irani Barbosa (PL), José Henrique (PMDB), Sebastião Helvécio (PDT), Miguel Martini (PSB), Rêmolo Aloise (PL), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Arlen Santiago (PTB), Rogério Correia (PT), Alberto Pinto Coelho (PP), Biel Rocha (PT), Antônio Carlos Andrada (PSDB) e Roberto Carvalho (PT), além das deputadas Jô Moraes (PCdoB) e Marília Campos (PT).

 

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715