Diretor-geral do Igam é aprovado em comissão especial

A Comissão Especial da Assembléia Legislativa criada para analisar a indicação do diretor-geral do Instituto Mineiro ...

13/05/2003 - 17:25
 

Diretor-geral do Igam é aprovado em comissão especial

A Comissão Especial da Assembléia Legislativa criada para analisar a indicação do diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) votou nesta terça-feira (13/5/2003), o parecer pela aprovação do titular, Paulo Teodoro de Carvalho. Depois de uma longa sabatina, que incluiu muitas denúncias de tráfico de influência no órgão para o licenciamento de águas, feitas pelos deputados, Carvalho foi convidado a participar de debates em outras comissões que investigam problemas ambientais no Estado, sobretudo os relacionados com sua área, a qualidade das águas de Minas e os desastres ambientais.

Paulo Teodoro, engenheiro agrônomo, com passagem por órgãos ambientais e de agricultura do Estado, como Ruralminas, Ceasa, Emater e Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, onde ocupou o cargo de secretário-adjunto, trabalhou também na administração municipal, onde ocupou o cargo de secretário-adjunto de Governo, na administração de Eduardo Azeredo.

Captação excessiva de águas em Montes Claros

Sua sabatina foi amplamente acompanhada por sugestões como a implantação de um programa de microbarragens para aproveitamento das águas de chuvas, e algumas denúncias de irregularidades na outorga para exploração de águas e poços artesianos. O deputado Arlen Santiago (PTB) questionou alguns programas do Igam, como o Pró-Água e a captação excessiva das águas do rio Riachão para grandes empresas de irrigação em Montes Claros. Também o deputado Carlos Pimenta (PDT) discorreu sobre os problemas do Riachão. Os dois deputados disseram que o rio está quase seco, por excesso de vazão para apenas oito pivôs centrais, enquanto 3.200 pequenos agricultores têm dificuldade de conseguir licença para uso das águas da bacia do Riachão.

Paulo Teodoro informou que, por lei federal, o Igam tem autonomia de cassar a outorga e poderá fazê-lo. Ele explicou que a bacia do Riachão, em Montes Claros, é a primeira área de conflito de uso de águas em Minas Gerais. Pimenta falou ainda da situação precária do rio Verde Grande, "sem qualquer espécie de vida até Capitão Enéas, devido à poluição dos esgotos sanitários e industriais de Montes Claros".

O deputado Irani Barbosa (PL) denunciou problemas com a outorga de água em Mariana, para a mineração Samarco. Ele garantiu que a licença está totalmente irregular. Paulo Teodoro pediu que Barbosa encaminhasse ao Igam os levantamentos que o deputado disse ter feito sobre o assunto, e que foi tema de uma comissão especial no ano passado. Irani Barbosa informou que o assunto deverá voltar à Assembléia, em forma de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), este ano.

O diretor do Igam respondeu ainda a considerações dos deputados Fábio Avelar (PTB) e Paulo Piau (sem partido). Avelar pediu apoio para um projeto de sua autoria, em tramitação na Assembléia, que cria o Programa de Incentivo de Barragens para o Norte de Minas, Vale do Mucuri e Jequitinhonha. Paulo Piau falou sobre os problemas de captação excessiva de águas no baixo Rio Grande, perto de Uberaba, e também sobre a venda de licença para exploração de águas.

O relator, deputado Paulo César (PRTB), pediu explicações sobre os programas do Igam, sobretudo o Pró-Água, e sobre a estrutura funcional do órgão. Questionou se os recursos humanos são suficientes. Paulo Teodoro reconheceu que trabalha com poucos funcionários (65 efetivos e 35 terceirizados), mas que há os convênios de aproveitamento de servidores de outros órgãos e um esforço para a realização de um concurso público, para suprir vagas, sobretudo na área de fiscalização.

Projetos do Igam

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas trabalha este ano com um orçamento de R$ 6,2 milhões, sendo que R$ 4,8 milhões são recursos próprios, oriundos de convênios e arrecadações diversas, e R$ 1,8 milhão do Tesouro do Estado. Do total, R$ 3,5 milhões são para custeio, R$ 1,5 milhão para pagamento da folha de pessoal e R$ 1,2 milhão para investimento.

Entre os principais projetos estão a organização de mais 15 comitês de bacias hidrográficas - já existem 13 e estão em fase de implantação mais seis - até completar os 34 previstos até o final de sua gestão; a transformação desses comitês em agência de bacias; elaboração de um Plano de Bacias; elaboração de Normas de Uso dos Recursos Hídricos; concessão de novas outorgas; integração multidisciplinar com outros órgãos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Renováveis para monitoramento e licenciamento.

Convênios em andamento

Um dos principais programas em andamento no Igam é o do convênio com o Banco Mundial, o Pró-Água, que destina-se a atender populações do semi-árido brasileiro. Além de Minas, o programa atende também projetos no Espírito Santo e Maranhão, com um total de recursos de US$ 331 milhões e uma contrapartida para o Brasil de 20%, através do Ministério da Integração Nacional. O programa visa captar e tratar água potável e tratar resíduos sólidos e esgotos domésticos para pequenas comunidades.

Em Minas, o contrato começou em 2000, no município de Águas Vermelhas, que deverá ser inaugurado em três meses, e já está sendo expandido para Araçuaí e Diamantina, ambos em fase de elaboração de projetos. Originalmente, o convênio previa a implantação do Pró-Água também em Itacarambi, Porteirinha, Várzea da Palma e Coração de Jesus. Paulo Carvalho explicou que a implantação demora pelo menos dois anos, entre a elaboração do projeto e a liberação dos primeiros recursos; E que também o programa encontra-se um pouco parado, devido ao custo da contrapartida do governo federal. Para cumprir sua parte, o Brasil precisa investir no Pró-Água cerca de US$ 1 bilhão.

Presenças - Participaram da argüição pública a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; e os deputados Paulo César (PRTB), relator; Arlen Santiago (PTB); Irani Barbosa (PL); José Henrique (PMDB); Fábio Avelar (PTB), Paulo Piau (sem partido) e Carlos Pimenta (PDT).

 

 

 

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