Workshop na Alemg discute comunicação em tempos de
crise
Para ser eficiente, a política de comunicação de
uma empresa ou instituição deve agir em conformidade com o
verdadeiro projeto administrativo dessa organização. Esta foi uma
das idéias defendidas nesta segunda-feira (12/5/2003), no último dia
do workshop "Poder Legislativo e Comunicação", promovido pela
Assembléia Legislativa de Minas Gerais. "A Comunicação não trabalha
sozinha nem muda uma empresa. É essencial que o discurso corresponda
à realidade", afirmou o chefe de gabinete do deputado Padre João
(PT), jornalista Geraldo Melo. Segundo ele, a primeira providência
para antecipar crises é detectar possíveis problemas e tentar
evitá-los.
Na opinião do consultor e sócio da "Conceito
Comunicação", jornalista José Eduardo Gonçalves, a maioria das
empresas e instituições passa por um conflito de identidade. De um
lado, as empresas privadas, que têm como objetivo principal o lucro,
se viram obrigadas a buscar valores como a institucionalização, a
responsabilidade social e a transparência. De outro, é exigido das
instituições públicas que ofereçam eficiência, sem perder seus
valores essenciais.
Poder público está mais exposto a crises
De acordo com o jornalista José Eduardo Gonçalves,
é comum a ocorrência de crises no poder público por causa do próprio
amadurecimento da democracia, que ampliou o debate e tornou os
atores sociais mais expostos. "No caso da Assembléia de Minas, por
exemplo, são 77 deputados e cada um representa milhares de
eleitores", endossou o gerente-geral de Imprensa e Divulgação da
Assembléia, Lúcio Perez.
"O poder público vive sob os holofotes", resumiu o
chefe da assessoria de Comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte,
jornalista Ananias José de Freitas. Ele relatou diversos casos de
conflitos sociais que, para serem resolvidos, contaram com uma
política de comunicação forte e ativa da prefeitura. Freitas
ressaltou que problemas sérios, como saúde e transporte, ganham
ainda maior dimensão em Belo Horizonte, que, além de possuir 2,5
milhões de habitantes, ainda é o pólo de uma região metropolitana,
na maioria das vezes, com "condições miseráveis".
Para o secretário de redação do jornal "O Tempo",
Ricardo Campos, a cobertura da mídia deve se motivar por interesse
público e não por manchetes sensacionalistas, que busquem no
escândalo um método de venda. "A imprensa mineira ainda traz
mazelas, mas avançou muito nos últimos anos. Não cede mais à prática
da pressão para minimizar ou anular conflitos e nem o departamento
comercial tem controle sobre a redação", afirmou. Quando a imprensa
noticia situações de crise o importante, segundo ele, é divulgar
informações rápidas, seguras e centralizadas.
Erros - Na fase de
debates, o jornalista Ricardo Campos foi questionado sobre a
divulgação de fatos incorretos e que causam estragos à imagem do
alvo da notícia. Segundo ele, a apuração precisa sempre ser rigorosa
e ouvir todos os lados envolvidos. "Quando há erro, deve-se fazer a
retratação da forma adequada. Mas muitas vezes, especialmente em
política, o entrevistado reclama simplesmente porque a informação
divulgada não foi de seu agrado", opinou. Para o jornalista Geraldo
Melo, é preciso haver cuidado na divulgação de um fato: "O estrago
de uma informação equivocada pode não ter conserto".
Diretoria de Comunicação e assessorias
parlamentares buscam integração
Durante a atividade, o assessor de imprensa de
gabinete Wilson Santos entregou um documento ao Diretor de
Comunicação Institucional da Assembléia, Ramiro Batista, com a
assinatura de 38 assessores. O texto sugere medidas para facilitar a
relação entre as partes, como realização de reuniões semestrais e
formação de um conselho permanente para "afinar" o discurso
institucional. A necessidade dessa integração foi o tema da
exposição do diretor ao abrir o workshop, no último dia 5.
"Um bom gerenciamento nessa área é essencial para a construção de
uma imagem positiva, forte e duradoura da instituição", afirmou
Batista, ao apresentar o funcionamento do setor.
Feedback - "O principal
ganho desse encontro é a oportunidade de reflexão sobre a prática.
No dia-a-dia, ficamos muito presos no fazer", afirmou a assessora de
imprensa de gabinete Letícia Nunes, há um mês na Casa. Segundo ela,
quem trabalha com comunicação precisa avaliar constantemente suas
ações, para tornar o trabalho mais eficiente. Para o chefe de
gabinete e relações públicas Jorge Caixeta, é importante que os
assessores de imprensa percebam que a prática da assessoria é uma
realidade concreta, com resultados visíveis. Ele também considera
importante aumentar o contato da Diretoria de Comunicação com as
assessorias de gabinetes: "Não adianta falar para fora, sem falar
para dentro", disse.
No segundo dia da atividade, os participantes
receberam o guia "O ABC da Assessoria de Imprensa para Gabinetes
Parlamentares", preparado pela expositora e assessora de deputado,
Ricardo Duarte, Lúcia Azevedo. Ela deu dicas para melhorar o contato
dos parlamentares com a mídia. A palestrante e assessora de imprensa
do deputado federal Eliseu Rezende, Maria Antonieta de Andrade,
abordou pontos como a necessidade de se atingir todas as editorias e
cuidados que facilitam o contato com a imprensa do interior. A
terceira expositora, a relações públicas, Daniela Santiago, explicou
como a comunicação dirigida e planejada é essencial para melhor se
relacionar com o público.
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