Deputados se preocupam com turismo no Circuito das
Águas
Estradas esburacadas, falta de aeroportos,
fechamento de hotéis e restaurantes, exclusão progressiva das
estâncias hidrominerais da lista dos princípios destinos turísticos.
Este é o panorama pessimista traçado pelos prefeitos de Caxambu e
Cambuquira e por deputados do Sul de Minas para os destinos
turísticos do Circuito das Águas na reunião desta quarta-feira
(7/5/2003) da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio da
Assembléia Legislativa.
A reunião foi convocada a requerimento do deputado
Biel Rocha (PT), representante de Juiz de Fora. O deputado
argumentou que as chuvas causaram prejuízos de maneira
indiscriminada em todas as regiões do Estado, mas assinalou a
precariedade cada vez maior das vias de acesso às cidades turísticas
do Sul de Minas. Para ele, a esperança imediata reside no convênio
do Ministério dos Transportes com as prefeituras para recuperar as
rodovias. A cidade de Juiz de Fora estaria dando um bom exemplo
disso.
Em aparte, o deputado Elmiro Nascimento (PFL)
considerou que os convênios com o Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) seriam apenas paliativos, e
que muitas prefeituras não estariam em condições de arcar com sua
parte. "Tapar buracos não resolve. É preciso recapear as estradas,
como o ministro Anderson Adauto anunciou há dois meses e até agora
não começou a acontecer", afirmou Nascimento.
Cratera na BR-381 - O
presidente da Comissão, deputado José Henrique (PMDB), também não
crê numa rápida recuperação da malha rodoviária de Minas, a partir
do exemplo da cratera recente aberta na BR-381, à altura de Bom
Jesus do Amparo. "Aquela importantíssima rodovia, por onde grandes
empresas como a Fiat e a Belgo-Mineira escoam sua produção, ficou
interditada por uma semana, até que começassem as obras emergenciais
de um desvio", disse José Henrique.
Para Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), "estrada é a
espinha dorsal do turismo", e reivindicou melhorias nas rodovias que
atendem outros destinos, como Jacutinga, Monte Sião e Bueno Brandão,
pólos de malharia. Para ele, a Assembléia e o governo precisam se
preocupar também com a crise da hotelaria mineira. Ao verificar a
baixa taxa de ocupação dos hotéis, Ribeiro Silva anunciou que está
finalizando um projeto criando mecanismos legais para proteger e
incentivar a rede hoteleira do Estado.
O prefeito de Cambuquira, Rubens Barros Santos,
revelou aos deputados que, em 1997, tentou dar isenção de impostos
aos hotéis de sua cidade para que se modernizassem, mas foi proibido
pelo governo, sob pena de não receber repasses do fundo de
participação. Entre suas queixas, assinalou que os mineiros e
brasileiros não valorizam o que possuem, e que sua pequena cidade
recebe turistas da França, Áustria e Alemanha. Criticou também a
permissão governamental para que empresas multinacionais vendam água
gaseificada artificialmente, em detrimento do produto natural. Com
apoio do deputado Leonardo Moreira (PL), Santos reivindicou a
municipalização do Parque das Águas de Cambuquira, hoje pertencente
à Comig, "É um absurdo que o turista tenha que pagar um ingresso
para entrar no parque e outro para usar o balneário", ataca.
Infra-estrutura aeroportuária - Leonardo Moreira, além de apoiar o prefeito de
Cambuquira, enfatizou também a questão do turismo aéreo, que hoje
seria mais adequado para a região. Pediu a conclusão do aeroporto
regional de Juiz de Fora e a modernização do aeroporto de Três
Corações. Além disso, propôs a sinalização dos destinos turísticos
nas estradas e a criação de um pólo turístico na Zona da Mata.
A deputada Maria Olívia (PSDB) relatou que
freqüenta o Circuito das Águas desde a infância e que percebe o
esvaziamento do turismo. "A malha rodoviária está abandonada há
muitos e muitos anos. Os restaurantes fecham, o artesanato não
vende. Quando presidi esta Comissão, não podíamos mais sair de Belo
Horizonte, porque não havia estradas. Mas creio na capacidade que o
ministro Anderson Adauto tem de desafiar e de encontrar soluções",
disse ela.
Laudelino Augusto, deputado do PT, representa
Itajubá, mas nasceu em Caxambu. Ele acredita na frutificação dos
esforços da Assembléia, a partir das audiências que a Comissão de
Transporte, Comunicação e Obras Públicas realizou no Sul de Minas, e
da reunião com os presidentes das associações microrregionais,
realizada no gabinete do secretário de Transportes e Obras Públicas,
Agostinho Patrús. Laudelino também se preocupa com a questão da
segurança, afirmando que, ao turista, "o direito de ir e vir está
sendo negado".
Trevo bonito é fundamental - Marcus Nagib Gadben, prefeito de Caxambu, apresentou aos
deputados uma descrição minuciosa dos trechos mais precários das
rodovias que ligam o Rio de Janeiro a sua cidade. Para ele, o Rio é
a principal origem do turismo para Caxambu, e a demora na
recuperação implicará em custos cada vez maiores, porque a erosão
aumenta a cada dia. Ele quer também uma revisão da CFEN, o imposto
que Caxambu recebe sobre a produção de água mineral. "No ano
passado, engarrafamos 40 milhões de litros de água, e recebemos
apenas R$ 5 mil", informou. Gadben pediu à Comissão que encaminhe um
pleito ao ministro Anderson Adauto: quer a municipalização dos
trechos urbanos das rodovias que passam pelo Circuito das Águas,
para que os prefeitos possam conservá-los, iluminá-los e fazer um
trevo na entrada. "Trevo bonito é fundamental para o turismo",
afirmou.
O presidente da Comissão, deputado José Henrique,
concordou em encaminhar todas as reivindicações apresentadas pelos
prefeitos às instâncias governamentais competentes. Ainda durante a
reunião, designou o deputado Leonídio Bouças (PTB), como relator da
proposição de lei 304/2003, da deputada Ana Maria, criando o Fundo
de Fomento Sócio-Econômico de Minas Gerais (Fundese).
Presenças - Compareceram à
reunião os deputados José Henrique (PMDB), presidente; Elmiro
Nascimento (PFL), vice-presidente; Biel Rocha (PT), Leonídio Bouças
(PTB), Laudelino Augusto (PT), Maria Olívia (PSDB), Leonardo Moreira
(PL) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB); e ainda o prefeito de Cambuquira,
Rubens Barros Santos, o prefeito de Caxambu, Marcus Nagib Gadben, e
o vice-prefeito de Sem Peixe, Domingos Miranda Paiva.
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