Delegado de Ubá nega acusações e diz estar sendo
perseguido
O delegado regional de Ubá, Edson Paschoallini
Gazolla, anunciou, em reunião da Comissão de Segurança Pública da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira
(30/4/2003), que pediu para ser afastado do cargo até que a Polícia
Civil investigue as denúncias feitas contra ele pelo promotor
daquela cidade, André Resende Padilha. "Depois de 40 anos na
polícia, meu nome foi jogado na lama pelas denúncias mentirosas
desse promotor. Eu era um homem bem visto em Ubá, mas os jornais me
massacraram", desabafou.
A comissão decidiu convidar Edson a prestar
esclarecimentos após ter ouvido de André diversas denúncias de
irregularidades. Segundo o promotor, o delegado estaria impedindo o
andamento de inquéritos policiais que investigam possíveis crimes
cometidos por Jorge Peron em Ubá, como a comercialização de motores
adulterados e o assassinato de Siméia Soares Ferreira. Para o
promotor, o delegado estaria protegendo Peron porque ele seria seu
primo. Edson, no entanto, negou ter qualquer parentesco ou
relacionamento com Peron.
Os deputados queriam saber por que 17 motores
apreendidos no dia 26 de junho de 1999 com numeração adulterada
foram liberados para Peron poucos dias depois. Edson alegou que não
ficou sabendo dessa operação. "São milhares de ocorrências na minha
regional e eu não tomo conhecimento de todas. Fiquei sabendo desse
fato através dos jornais. Quem liberou esses motores foi o delegado
Ediberto Tadeu Rodrigues, que viu a nota fiscal autenticada desses
motores. Não sei se a nota era regular, mas ele se convenceu dessa
nota", justificou.
"Promotor tenta me incriminar"
Outro questionamento dos deputados foi em relação
ao assassinato de Siméia Soares Ferreira, suposta amante de Peron.
André havia denunciado à comissão que Edson chegou ao local do crime
antes mesmo da Polícia Militar, numa tentativa de mudar a cena do
crime para acobertar o assassino. Edson garantiu que chegou ao sítio
de Peron, onde Siméia foi encontrada degolada, após a Polícia
Militar. O inquérito instaurado para investigar o caso indiciou a
ex-amante de Peron, Vera Lúcia Paiva Vaz, e a funcionária dela,
Cláudia Marisa Dias, por latrocínio. Para Edson, André estaria
tentando atrapalhar o andamento das investigações. "A investigação
foi prejudicada porque a prisão preventiva de Vera foi revogada e o
promotor segura os autos desde setembro do ano passado, numa
tentativa de me incriminar", acusou.
O presidente da comissão, deputado Sargento
Rodrigues (PDT), lembrou a denúncia, feita por André, de que Peron
seria um dos cabeças do crime organizado em Ubá. "Estou sabendo
disso agora. Se o promotor já sabe, por que não solicita uma
investigação?", rebateu Edson, que classificou as acusações do
promotor de "perseguição cruel" e "vingança". O deputado Roberto
Carvalho (PT) defendeu o delegado, e disse que vai pedir ao
governador que ele não seja afastado do cargo durante as
investigações sobre possíveis irregularidades. A defesa apresentada
por Edson fez o autor do requerimento que pediu a realização da
reunião, deputado Alberto Bejani (PL), amenizar o tom das acusações.
"Esta comissão não tem intenção de prejudicar ninguém, mas não
podemos fechar os olhos para as denúncias. Vamos cumprir nosso
trabalho constitucional", garantiu.
O próximo passo da investigação sobre as denúncias
de Ubá é ouvir o delegado Ediberto Tadeu Rodrigues, que liberou os
motores apreendidos de Peron. Segundo o deputado Alberto Bejani,
Tadeu já foi ouvido pela CPI das Carteiras de Habilitação, sob
suspeita de pertencer a uma quadrilha de falsificação de licenças
para dirigir. Após ouvir todos os envolvidos nas denúncias, a
comissão pretende enviar à Corregedoria da Polícia e ao Ministério
Público o relatório das investigações.
A comissão aprovou cinco proposições que dispensam
apreciação do Plenário.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente;
Alberto Bejani (PL), vice; Roberto Carvalho (PT); Biel Rocha (PT); e
Olinto Godinho (PSDB).
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