Consorciados querem revisão de rateios da Uniauto e
Liderauto
A transferência dos 88 grupos de consórcios da
Uniauto e Liderauto para a Consavel Administradora de Consórcios
Ltda. foi discutida, nesta quarta-feira (30/4/2003), pela Comissão
de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa
de Minas Gerais. Na reunião, que contou com a presença do liquidante
nomeado pelo Banco Central, José Augusto Monteiro Neto, o
coordenador da Associação dos Consorciados Lesados (Ascol), José
Antônio Pereira de Matos, defendeu a revisão da transferência.
Segundo ele, não houve clareza quanto ao rateio feito entre os
consorciados ativos e inativos.
A presidente da Comissão, deputada Lúcia Pacífico
(PTB), disse que recebeu em seu gabinete diversas reclamações de
consorciados que tiveram que pagar até o dobro do valor do bem, em
função do rateio. Segundo o coordenador do Procon Assembléia,
Marcelo Barbosa, no período de transferência dos grupos foram
formalizadas mais de 100 reclamações contra a Uniauto e Liderauto,
em um período de 60 dias. Quando começaram a ser feitas as
cobranças, o Procon recebeu mais 10 reclamações contra a Consavel.
José Augusto Monteiro Neto informou que a Consavel
recebeu as empresas com um passivo de R$ 30 milhões, mais R$ 4
milhões em despesas trabalhistas e cerca de R$ 14 milhões de
despesas com o INSS. O ativos, segundo ele, seria de R$ 2 milhões. O
liquidante e o diretor da Consavel, Antônio Luiz Lung, disseram que
todas as assembléias foram amplamente divulgadas e que os rateios
foram explicados a cada grupo. Monteiro defendeu que os consorciados
são sócios e precisam recompor os valores e depois buscar os
recursos junto aos responsáveis pelos desvios.
Saque foi feito nas contas dos consorciados
O liquidante José Augusto Monteiro Neto confirmou a
denúncia de que um saque nas contas dos consorciados, no valor de R$
150 mil, na véspera da transferência dos consórcios para a Consavel.
Disse, no entanto, que o caso foi encaminhado ao Ministério Público
e à Polícia Federal e que ele não tem outras informações sobre o
assunto.
A situação dos Consórcios Uniauto e Liderauto já
havia sido discutida pela Comissão de Defesa do Consumidor e do
Contribuinte em março de 2002. Naquela ocasião, os deputados foram
informados de que em 1996, o Banco Central interditou a Uniauto e
proibiu que o grupo abrisse novas quotas. Rivadávia Salvador Aguiar
e seu irmão, Geraldo Salvador, então, transferiram seus negócios
para a Liderauto. O liqüidante dos Consórcios Uniauto e Liberauto,
José Augusto Monteiro Neto, começou a analisar a situação dos grupos
no dia 21 de fevereiro daquele ano.
O deputado Doutor Viana lamentou a ausência do
proprietário dos Consórcios Uniauto e Liderauto, Rivadávia Salvador
Aguiar; e do representantes do Ministério Público Estadual, promotor
Antônio César Martins. Para o deputado, o Banco Central deveria ter
apurado irregularidades nas empresas, como os consorciados
"laranjas", que eram sempre contemplados. O coordenador do Procon
Assembléia, Marcelo Barbosa, defendeu que os administradores dos
consórcios poderiam ser processados por crime contra a economia
popular e que caberia uma ação indenizatória contra o BC, que
autorizou a abertura de novos grupos sabendo das
irregularidades.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Lúcia Pacífico (PTB), presidente; Vanessa
Lucas (PSDB), vice; Antônio Júlio (PMDB); Dimas Fabiano (PPB); e
Doutor Viana (PFL). Além deles, estiveram presentes o
coordenador-geral do Procon Assembléia, Marcelo Rodrigo Barbosa; o
liquidante nomeado pelo Banco Central, José Augusto Moreira Neto; o
diretor da Consavel, Antônio Luiz Lung; e o coordenador da Ascol,
José Antônio Pereira de Matos.
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