Profissionais de saúde criticam regulamentação do ato médico

A regulamentação da profissão médica gerou discussões polêmicas em reunião da Comissão de Saúde da Assembléia de Mina...

24/04/2003 - 17:30
 

Profissionais de saúde criticam regulamentação do ato médico

A regulamentação da profissão médica gerou discussões polêmicas em reunião da Comissão de Saúde da Assembléia de Minas nesta quinta-feira (24/4/2003). Representantes de organizações de classe que congregam diversas profissões da área de saúde discutiram o Projeto de Lei (PL) 25/2002, do ex-senador Geraldo Althoff (PFL-SC), que define o ato médico. Psicólogos, enfermeiros e profissionais de outras categorias da área temem que, com a aprovação desse projeto, os médicos possam assumir as atribuições dos demais trabalhadores envolvidos na promoção da saúde.

Para o representante do Conselho Regional de Medicina, Jader Bernardo Campomizzi, o PL 25/2002 garante a atuação de todos os profissionais de saúde. "Há muitas inverdades sendo discutidas, como o fato de que este projeto garantiria uma reserva de mercado para os médicos ou uma ascensão superior com relação às demais profissões", disse. Ele também questionou a ausência de regulamentação da medicina no Brasil e defendeu o trabalho multidisciplinar na promoção da saúde, embora com algumas atividades de atribuição exclusiva dos médicos. "As diferentes profissões estão em campos de saberes distintos e contribuem de maneira diferenciada com suas especificidades", afirmou.

Mas o único defensor do PL 25/2002 foi o representante da classe médica. Os demais integrantes de conselhos profissionais criticaram duramente o projeto. A presidente do Conselho Regional de Psicologia, Marta Elizabete de Souza, denunciou a imposição de interesses particulares sobre os coletivos como motivação para a regulamentação da medicina e a intenção de se criar um monopólio por parte da comunidade médica. Além disso, Marta Elisabete disse considerar inaceitável a atitude dos médicos de querer legislar sobre outras profissões. "Desejo que esse projeto não seja aprovado, e que os médicos lutem pelos médicos", afirmou.

Quem também criticou o PL 25/2002 foi a representante do Conselho Regional de Enfermagem, Lenice Maciel Dornas. Para ela, o projeto reduz o campo de atuação dos profissionais de saúde em benefício dos médicos. "O PL 25/2002 reduz o conceito de saúde a um ato de diagnóstico e tratamento, o que é um retrocesso. Se ele causa tanta polêmica, é porque é inadequado. Por isso, sugiro um movimento para arquivá-lo e propor outro projeto para regulamentar a profissão médica", defendeu.

Já o presidente do Conselho Regional de Farmácia, Lauro Melo Vieira, propôs a criação de um conselho de saúde que congregue profissionais de todas as especialidades, como forma de atenuar as rivalidades entre as diversas categorias da área de saúde. Por sua vez, o diretor do Conselho de Óptica e Oftometria, Sílvio Neves da Silva, cobrou respeito às especificidades de cada categoria profissional antes de definir o ato médico.

Deputados também criticam PL 25/2002

O PL 25/2002 também foi alvo de críticas dos deputados. Para o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), o projeto é inadequado para definir o ato médico, e existem problemas mais importantes para serem discutidos. "Deveríamos estar lutando por uma política de saúde que permitisse a ampla formação dos médicos e a distribuição de profissionais pelo interior", disse.

Já o deputado Neider Moreira (PPS), defendeu que o PL 25/2002 não seja arquivado, mas sim aprimorado. O deputado Carlos Pimenta (PDT) não concordou com o colega. "Esse projeto é tão ruim que extrapola os limites do ato médico, por isso, tem que ser engavetado".

O autor do requerimento que pediu a realização da reunião, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), ressaltou a apreensão que o PL 25/2002 vem causando nos profissionais de saúde. "Uma leitura atenta do projeto permite vislumbrar a ascensão do médico sobre os demais profissionais de saúde, o que prejudica o trabalho em equipes multidisciplinares", disse. Ao final da reunião, foi aprovado um requerimento, de sua autoria, pedindo que as notas taquigráficas da reunião sejam enviadas ao Senado, para colaborar com o debate sobre a definição do ato médico. Foram aprovados ainda outros dois requerimentos.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Fahim Sawan (PSDB), vice; Doutor Viana (PFL); Neider Moreira (PPS); Dalmo Ribeiro Silva (PSDB); Adelmo Carneiro Leão (PT); Carlos Pimenta (PDT); e Sebastião Helvécio (PDT).

 

 

 

 

 

 

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