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Deputados ouvem explicações sobre finanças do Estado
Com o objetivo de conhecer detalhes sobre o
desempenho do governo anterior no que diz respeito ao cumprimento
das metas fiscais estabelecidas para o Estado, referentes ao último
quadrimestre de 2002, a Comissão de Fiscalização Financeira da
Assembléia realizou, nesta quarta-feira (23/4/2003), uma reunião com
diretores das secretarias de Estado da Fazenda e de Planejamento e
Gestão. Os deputados obtiveram explicações sobre a situação
financeira de Minas e discutiram as ações do governo para equilibrar
suas contas.
A diretora da Superintendência Central de
Contadoria-Geral da Secretaria de Estado da Fazenda, Maria da
Conceição Barros Rezende, demonstrou que, apesar do déficit de R$
940 milhões apurado em 2002, o resultado foi melhor que o de 2001,
quando o déficit chegou a R$ 1,33 bilhão. Ela detalhou as receitas e
as despesas governamentais ao longo do ano e destacou que uma das
iniciativas do ex-governador Itamar Franco para reduzir o prejuízo
foi o cancelamento do pagamento de R$ 212,92 milhões referentes ao
item orçamentário "Restos a Pagar". Ela mostrou ainda que o Estado
gastou 6,11% do Orçamento de 2002 na área da Saúde, quando o
previsto era de 9,55%. Já em Educação, o índice chegou a 31,85%,
quando o mínimo legal seria de 25%. A despesa com pessoal, que
deveria chegar a no máximo 60% do Orçamento, foi de 61,67%, de
acordo com a diretora.
Órgãos terão que priorizar suas
atividades-fim
A diretora da Superintendência Central de Orçamento
da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Luzia Soraia Silva
Ghader, acrescentou que não é possível fazer o contingenciamento de
despesas com pessoal, mas somente dos gastos com custeio e
investimentos. Ela reafirmou a determinação do governador Aécio
Neves em eliminar o déficit de R$ 2,3 bilhões previsto no Orçamento
deste ano e apresentou as iniciativas que se pretende levar adiante.
Uma delas é priorizar as atividades-fim de cada órgão ou entidade
públicos, reduzindo, assim, R$ 1,3 bilhão nas despesas. A outra é um
incremento na arrecadação da ordem de R$ 1 bilhão.
Esse aumento na arrecadação é fundamental para o
Estado, destacou o diretor da Superintendência Central de
Administração Financeira da Secretaria da Fazenda, Eduardo Antônio
Cado Santos. Para isso, segundo ele, o Tesouro Estadual tem se
esforçado para receber todos os créditos a que tem direito. Ele
reconheceu, no entanto, que a busca desse equilíbrio financeiro
impede uma série de investimentos por parte do Estado, mas enfatizou
a necessidade de se extinguir orçamentos fictícios, chegando-se a
valores reais de receita e despesa.
Críticas - Os convidados
ouviram questionamentos e ponderações dos deputados presentes à
reunião. Chico Simões (PT) criticou o corte de despesas em setores
essenciais para a população sob a justificativa de se cumprir a Lei
de Responsabilidade Fiscal. Atacou também, juntamente com o deputado
Jayro Lessa (PL), o decreto do governador que criou uma gratificação
de estímulo à produção individual para os fiscais da Receita
Estadual, ao mesmo tempo em que o Poder Executivo vetou uma
proposição de lei que previa uma gratificação para os profissionais
da saúde. Jayro Lessa questionou se esse benefício concedido aos
fiscais é oferecido no momento em que a multa é aplicada ou apenas
quando o dinheiro proveniente dela entra nos cofres do Estado. Como
o representante da Secretaria da Fazenda não soube responder, o
presidente da Comissão, Ermano Batista (PSDB), pediu que o
questionamento fosse encaminhado ao titular da pasta, Fuad Jorge
Noman Filho.
Modelo federativo é prejudicial aos Estados
O deputado Sebastião Helvécio (PDT) quis saber
quando surgiu o desequilíbrio orçamentário do Estado. Segundo
Conceição Rezende, o problema vem de muitos anos, apesar das
tentativas dos governantes de reverterem a situação. O parlamentar
atribuiu as dificuldades vividas pelos Estados ao modelo federativo
adotado no Brasil. No caso de Minas Gerais, esse modelo foi
responsável por uma queda de 33% nas transferências de recursos da
União para o Estado nos últimos 15 anos, afirmou Sebastião Helvécio.
Chico Simões concordou com o colega e aproveitou para criticar a
postura neoliberal adotada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso
nos últimos oito anos.
Ao final da reunião, o deputado Ermano Batista
disse que é importante que o governador Aécio Neves conheça os
eventuais erros de seu antecessor para evitar cometê-los novamente.
Sebastião Helvécio disse que um encontro como esse é muito
importante porque, "a partir do conhecimento técnico, podemos fazer
uma avaliação política da situação financeira do Estado".
Comissão dá parecer favorável a dois
projetos
Antes do debate com os convidados, a Comissão de
Fiscalização Financeira e Orçamentária avançou na apreciação de
cinco proposições. Em relação à Mensagem 291/2002, o relator da
matéria, deputado Jayro Lessa (PL), pediu e recebeu prazo regimental
para emitir seu parecer. A mensagem encaminha o balanço-geral do
Estado, o relatório de auditoria e o demonstrativo de execução de
investimentos em obras e programas sociais relativos ao ano de
2001.
O deputado Ermano Batista, relator do Projeto de
Lei 23/2003, que trata da distribuição da receita proveniente do
ICMS pertencente aos municípios, pediu a distribuição de avulsos aos
demais membros da comissão. O projeto é de autoria do deputado Dinis
Pinheiro (PL). Outro projeto cujo parecer foi adiado foi o PL
208/2003, do deputado José Milton (PL). O relator, deputado Irani
Barbosa (PL), pediu que a matéria fosse baixada em diligência à
Secretaria de Estado da Fazenda para que ela faça uma avaliação do
impacto que o projeto pode ter sobre as finanças de Minas. O projeto
define critérios para a correção de dívidas tributárias em atraso
junto ao Tesouro Estadual.
Outros dois projetos tiveram parecer favorável da
Comissão. O PL 33/2003, do deputado Leonardo Moreira (PL), autoriza
a veiculação de publicidade no encosto de cabeça das poltronas dos
ônibus interestaduais. O relator dessa matéria foi o deputado Chico
Simões. E o PL 134/2003, do deputado Carlos Pimenta (PDT), trata da
renegociação de dívidas de municípios e servidores junto ao
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
(Ipsemg). O projeto teve como relator o deputado José Henrique
(PMDB).
Foram aprovados ainda os seguintes
requerimentos:
* do deputado Chico Simões (PT), solicitando
providências para que os membros da Comissão de Fiscalização
Financeira e Orçamentária tenham acesso a documentação recebida pela
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou processo de
ajuste e transformação do Sistema Financeiro Público Estadual, na
década de 90, com destaque para a privatização do Bemge, e a cópia
do contrato que rege as relações comerciais entre o Estado e o Banco
Itaú;
* do deputado Doutor Viana (PFL), solicitando
reunião conjunta das comissões de Saúde, Administração Pública e
Fiscalização Financeira e Orçamentária, com o objetivo de discutir,
analisar e emitir parecer sobre a real situação do Ipsemg, após a
aprovação da Lei Complementar 64/2002. A Comissão de Administração
Pública já havia dado seu parecer favorável à realização da reunião
conjunta.
Presenças - Compareceram à
reunião os deputados Ermano Batista (PSDB), Jayro Lessa (PL), Chico
Simões (PT), Irani Barbosa (PL), José Henrique (PMDB), Sebastião
Helvécio (PDT) e Marília Campos (PT).
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