Propostas do fórum da previdência serão entregues em maio a Berzoini

A comissão relatora do Fórum Técnico "Reforma da Previdência" apresentou, nesta quarta-feira (16/4/2003), um document...

16/04/2003 - 14:09
 

Propostas do fórum da previdência serão entregues em maio a Berzoini

A comissão relatora do Fórum Técnico "Reforma da Previdência" apresentou, nesta quarta-feira (16/4/2003), um documento-síntese com as propostas de mais de 50 entidades representativas da sociedade para a reforma previdenciária. O documento foi entregue ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Mauri Torres (PSDB), pelo representante da comissão, Eugênio Celso Gonçalves, diretor do Unafisco. Mauri Torres comemorou o sucesso do fórum técnico, que contou com a presença de mais de 1,5 mil pessoas. Ele disse que a discussão do tema é fundamental, porém é preciso que as propostas sejam, de fato, implementadas. Agradeceu aos participantes, lembrando que o Legislativo cumpre mais uma vez seu papel de estar à frente dos grandes debates da sociedade.

Berzoini vem à Alemg em maio - O ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, não pôde comparecer à reunião plenária final do fórum e foi representado pelo diretor do Departamento do Regime Geral de Previdência Social do Ministério, Geraldo Almir Arruda. O ministro, porém, já aceitou convite da Mesa da Assembléia e estará no Legislativo no dia 13 de maio, quando, durante reunião em Plenário, receberá as propostas apresentadas no Fórum. O anúncio foi feito pelo presidente Mauri Torres, que disse que serão convidados também os líderes do governo na Câmara e no Senado, além de todos os deputados federais da bancada mineira.

Mudanças na previdência social já estão delineadas

Geraldo Arruda garantiu que as mudanças não têm um caráter punitivo para os servidores públicos. Mas admitiu já existir um consenso do governo em torno de um teto de R$ 2,4 mil, o aumento da idade mínima de aposentadoria e o aumento de permanência no serviço para os servidores públicos.

Mesmo afirmando que não existe uma proposta fechada sobre a reforma, "que está em discussão, em debate pela sociedade", Geraldo Arruda disse que um teto de R$ 2,4 mil é razoável. Disse ainda que a idade para o servidor se aposentar deve subir dos atuais 48 anos para mulher e 53 anos para homem para, respectivamente, 55 e 60 anos. E que também a permanência no serviço público, que hoje é de 10 anos, sendo cinco no mesmo cargo, deve passar para 20 anos, sendo 10 no mesmo cargo.

O teto, para ele, vai corrigir as distorções que existem entre os regimes de previdência. Segundo dados do Ministério da Previdência, a média de aposentadorias dos servidores do Ministério Público é de R$ 12,5 mil; do Legislativo federal é de R$ 7,9 mil; dos militares é de R$ 4,5 mil, enquanto no INSS a média é de R$ 744,00 e de R$ 243,00, quando a aposentadoria é por idade.

Motivações para reforma estão no programa de governo do PT

O diretor do Ministério da Previdência lembrou que as motivações para a reforma estão contidas no programa de governo do PT. "Em relação à previdência, está claro no programa que todos os trabalhadores devem ter o mesmo tratamento". Essa premissa norteia a proposta de criação de um teto único para os trabalhadores do setor público e privado, com a possibilidade da aposentadoria complementar para os primeiros, já que os do regime geral já convivem com a situação. "Não é privatização do sistema, porque a previdência básica geral permanece".

Outra motivação, segundo Arruda, é o desvio de recursos públicos para o pagamento dos benefícios, deixando a descoberto outros setores que precisam de investimento, como saúde, educação e infra-estrutura. Ele disse que o Tesouro é obrigado a cobrir a diferença entre o que a previdência pública arrecada - 11% da contribuição do servidor e 22% do Estado - para cumprir os compromissos com os benefícios do regime próprio dos servidores públicos civis e militares. Exemplificou com os números do ano passado - quando, segundo ele, o governo foi obrigado a complementar a previdência em R$ 39 milhões.

O aumento da longevidade da população brasileira é outro motivo para se reformar as atuais regras. A população está vivendo cada vez mais, portanto, a Previdência terá de suportar, por um tempo cada vez maior, o pagamento dos benefícios, sendo que os recursos para bancar o gasto mais longo não são cobertos pelas contribuições individuais.

Déficit fiscal - Um dos motivos mais enfatizados por Geraldo Arruda refere-se ao fato de que grande parte das aposentadorias concedidas pelo regime próprio são de pessoas que efetivamente não contribuíram durante os 30/35 anos exigidos pela lei, mas trouxeram tempos do INSS, "onde a contribuição é sobre o teto de 7,8 salários". "Quem paga, então, esta diferença?", indagou. Por último, Geraldo Arruda destacou o déficit fiscal como um dos motivos que também impulsionam a reforma. "Se o governo precisa equilibrar seus gastos, é preciso atacar um dos pontos onde ele ocorre".

O representante do ministério garantiu que a reforma não é para punir servidores públicos e nem que vá atingir os que já estão no sistema, mas insistiu na necessidade de implantar algumas medidas corretivas, "como forma de não ficar jogando o debate sempre para o futuro".

Trabalhadores de sindicatos fazem manifestação no fórum técnico

Trabalhadores de dois sindicatos participantes do fórum técnico fizeram uma manifestação no Plenário, lendo um documento para o diretor do Ministério da Previdência em que pedem a reforma tributária antes da reforma da previdência. Eles disseram que não é possível seguir a lógica da reforma que se tem discutido, baseada na retirada de direito dos servidores.

Fórum técnico reúne mais de 200 propostas

Ao apresentar o documento final do fórum, Eugênio Celso Gonçalves disse que a comissão relatora do evento procurou sintetizar ao máximo as mais de 200 propostas encaminhadas pelas entidades participantes. Ele aproveitou para denunciar a campanha, nos meios de comunicação, de organismos internacionais interessados em abrir caminho para a privatização da previdência, usando o argumento de que os servidores públicos são os principais responsáveis pelo déficit previdenciário no País. "Essa investida contra os servidores é só o início da destruição da previdência social no Brasil", alertou. Gonçalves ainda lembrou as experiências mal-sucedidas do Chile e da Argentina com a privatização da previdência. "Vamos nos mirar nos exemplos onde isso não deu certo."

O superintendente regional do INSS, Marcos Barbonaglia, elogiou a iniciativa da Assembléia de promover o debate sobre o tema e saudou a participação da sociedade na definição de um novo modelo previdenciário brasileiro. Segundo ele, um evento como esse espelha a postura social do governo federal, "que buscará soluções viáveis para os servidores públicos e para toda a sociedade".

O delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans, também manifestou sua satisfação ao ver as galerias lotadas para discutir a reforma da previdência. Ele disse que a previdência social pertence ao povo brasileiro e não pode ser privatizada, pois é um dos "pilares para a construção de um novo País".

 

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