Déficit da Previdência e propostas de entidades sindicais são debatidos

Prosseguindo a discussão das propostas a serem entregues ao ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, o consu...

15/04/2003 - 18:26
 

Déficit da Previdência e propostas de entidades sindicais são debatidos

Prosseguindo a discussão das propostas a serem entregues ao ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, o consultor jurídico da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fcemg), Eustáquio Norberto de Almeida, destacou que a deficiência de caixa da Previdência Social é antiga e que as diversas tentativas do governo em suprir ou equilibrar esse déficit não foram bem-sucedidas. Entre essas tentativas, ele destacou a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Segundo Eustáquio de Almeida, a situação previdenciária aponta para um cenário preocupante e é essencial lembrar que, quando se fala em Previdência, devem ser considerados não apenas as aposentadorias, como também o salário-maternidade, o salário-família, o seguro de acidente no trabalho e o auxílio-doença família.

O consultor da Fcemg disse, ainda, que a federação não tem propostas para apresentar porque está aguardando a discussão dos temas polêmicos, mas é contra a quebra dos direitos adquiridos do servidor público. Eustáquio de Almeida lembrou que alguns pontos que devem ser estudados com cuidado antes de se tomar uma decisão, como o teto salarial, o aumento da idade para aposentar e a possibilidade de contribuição previdenciária sobre faturamento das empresas. Sobre este último ponto, ele disse que as empresas estão sobrecarregadas e se forem ainda mais tributadas, pode haver aumento no desemprego.

Centrais sindicais - O quarto expositor da plenária da tarde, o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT/MG), Lúcio Guterres, salientou que a central está trabalhando em uma proposta sobre a reforma da Previdência que vai além da CUT, sem corporativismo. "Ouvimos todos os segmentos da sociedade para garantir uma Previdência Social para todos. Vamos acoplar o Projeto Fome Zero ao Previdência 10, que é uma previdência para todos", defendeu. Entre os pontos defendidos pela CUT, estão a construção de conselhos estaduais da Previdência, contribuições variáveis de acordo com o número de salários mínimos recebidos, aposentadoria por tempo de serviço, exceto a exigência da idade, e aposentadoria proporcional aos 30 anos de serviço para homem e aos 25 anos para mulher.

O presidente da Força Sindical no Estado de Minas Gerais, Rogério Fernandes, também apresentou as propostas da entidade em relação à reforma da Previdência que, segundo ele, é "complexa, delicada e atinge todos os segmentos da sociedade". Entre as propostas apresentadas estão: adoção de planos de reajuste do salário mínimo capaz de atender às exigência vitais do cidadão, de correção das perdas salariais dos aposentados, adoção de regime único da Previdência Social com teto de dez salários mínimos, modificações na legislação previdenciária e mudança do atual calendário da previdência para que todos possam receber até o 5o dia útil do mês. Rogério Fernandes destacou a necessidade de participar dos debates sobre a reforma e buscar o melhor caminho para o País. "Ninguém quer perder para melhorar o sistema: o governo não quer, os empresários não querem perder. Mas somente nós trabalhadores já contribuímos e perdemos", completou.

CGT quer gestão compartilhada

O diretor para Assuntos Econômicos da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Wagner Francisco Alves Pereira, ressaltou que a entidade defende administrações independentes para as três áreas que compõem o tripé da seguridade social no País - previdência, assistência social e saúde - e considera que o governo não pode ser o único gestor do sistema. Para a CGT, os direitos previdenciários dos trabalhadores da iniciativa privada vêm sendo retirados há anos, e agora, com a atual proposta de reforma, pretende-se mexer nos direitos dos servidores públicos.

Segundo Wagner Pereira, a previdência brasileira é uma caixa preta, não há prestação de contas, a fiscalização é deficiente e os débitos não são executados. "Não adianta a reforma, o passivo existe e a sociedade é quem vai pagar a conta", analisou. Para a confederação, a reforma deveria ter como objetivo prioritário a inclusão, no sistema, dos 40 milhões de trabalhadores que estão na informalidade e não contribuem para a previdência. Ele esclareceu que a CGT não assumiu a defesa do regime único de previdência porque até agora tudo o que há são especulações, ainda não se conhece qual proposta de regime único será apresentada. Por fim, disse que a entidade defende que todos devem ter direito a apenas uma aposentadoria.

Coordenação Sindical aponta risco de perdas

Renato Barros, presidente da Coordenação Sindical dos Servidores Estaduais, alertou para o risco de os servidores perderem direitos assegurados na Constituição da República, e disse que a categoria deve participar do debate sobre a reforma para impedir que isso aconteça. Entre as propostas apresentadas pela Coordenação Sindical, estão a defesa de uma auditoria nacional para se esclarecer o destino dado aos recursos previdenciários do Ipase; revisão da atual política de aplicação dos recursos previdenciários e dos cálculos atuariais; aplicação do disposto no artigo 195 da Constituição da República; instituição de mecanismos para incluir no regime geral de previdência 40 milhões de trabalhadores que não contribuem; redução da renúncia fiscal; depósito mensal, pelo poder público, de contribuição de 8%, de modo similar ao que acontece com o FGTS para a iniciativa privada; aposentadoria integral para todos; arquivamento imediato do PL 9/99; instituição do teto salarial previsto pela Constituição; sistema tripartite do sistema previdenciário e aposentadoria dos professores da rede pública nas mesmas condições dos professores da rede particular.

Fetaemg denuncia informalidade

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, parabenizou a Assembléia pela iniciativa da realização do fórum técnico e disse que a entidade defende a manutenção dos trabalhadores rurais no regime geral de previdência, o que só passou a acontecer após a Constituição de 1988. Para ele, uma das prioridades do governo deverá ser o combate ao trabalho informal, uma vez que no meio rural 40% dos trabalhadores não têm carteira assinada. Em Minas Gerais, informou, há 770 mil benefícios pagos a trabalhadores rurais, no valor de um salário mínimo. "Não discutimos questões como teto de dez ou 20 salários mínimos, nossa luta é pelo mínimo", declarou.

Vilson Luiz da Silva disse que tanto a Fetaemg quanto a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) apóiam a manutenção do limite de idade de 60 anos para a aposentadoria de homens e de 55 anos para as mulheres e defendem propostas como a mudança na forma de recolhimento da contribuição de segurados especiais; adequação da legislação para assegurar direitos trabalhistas e previdenciários para todos os trabalhadores; implantação de sistema de identificação dos segurados; instalação de conselhos municipais e estaduais de previdência social; reavaliação do impacto das renúncias fiscais sobre a receita da previdência e combate sistemático à sonegação e à corrupção.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715