Comissão visita instalações da Barragem Candonga

Com a finalidade de verificar in loco a forma como vem sendo instalada a Barragem Candonga, a Comissão de Meio Ambien...

11/04/2003 - 18:43
 

Comissão visita instalações da Barragem Candonga

Com a finalidade de verificar in loco a forma como vem sendo instalada a Barragem Candonga, a Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais visitou, na última quinta-feira (10/4/2003), a região do empreendimento, no Município de Santa Cruz do Escalvado, na Zona da Mata do Estado. A visita foi realizada a convite da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Os parlamentares sobrevoaram a área onde a obra está sendo realizada, no Distrito de Soberbo, que terá 120 residências inundadas; e o Distrito de Novo Soberbo, local onde estão sendo construídas casas para o reassentamento das famílias. Em seguida, a equipe do Consórcio Candonga - formado pela Companhia Vale do Rio Doce e Alcan Alumínio do Brasil - expôs aos parlamentares as metodologias implementadas para a construção da barragem.

Para o deputado Fábio Avelar (PTB), a atividade foi importante para que a Comissão de Meio Ambiente constatasse o andamento das obras. Ele acredita que o Consórcio Candonga está seguindo as recomendações das leis ambientais e o reassentamento está sendo feito em consonância com as 110 famílias atingidas. No entanto, o deputado Padre João (PT) entende que a forma como a instalação da barragem vem sendo conduzida não está atendendo às necessidades da comunidade, e que as negociações não estão tendo caráter coletivo. O parlamentar acredita que ainda há muito a ser feito pelo Consórcio Candonga para a população atingida, e que há problemas a serem analisados, como a questão da pesca na região, pois a piracema dos peixes não está sendo levada em conta pela empresa. Ele lembra, também, o desaparecimento do morador João Caetano dos Santos, 57 anos, no canteiro de obras da usina hidrelétrica.

Na avaliação da deputada Maria José Haueisen (PT), presidente da Comissão, a topografia da região favorece a construção da barragem, pois não é área de plantio agrícola e o impacto ambiental que será causado não será grande. Mas a deputada aponta como fator de reflexão a destruição de todo o Distrito de Soberbo, o que está gerando reclamações por parte da população local. Segundo ela, as casas para o reassentamento são de boa qualidade, no entanto, a situação emocional a que estão sendo submetidas as famílias atingidas, devido à perda da referência, é uma questão a se resolver. Para isso, ela propõe que um diálogo mais amplo seja estabelecido entre a população e representantes do Consórcio.

Audiência pública

Outro impasse debatido foi a questão dos garimpeiros. O deputado Fábio Avelar explica que quando foi feito o cadastramento das famílias residentes na área, apenas três garimpeiros se manifestaram; e depois do início da obra, surgiram outros 80 garimpeiros. O parlamentar acredita que todos esses problemas poderão ser melhor discutidos na reunião que será realizada no próximo dia 15, entre as famílias atingidas e representantes do Consórcio Candonga.

Para o deputado Padre João, a audiência pública marcada para 29 de abril, na Assembléia Legislativa, também representará uma oportunidade para a averiguação das questões debatidas durante a visita e denúncias de irregularidades apresentadas por membros das famílias atingidas, que fizeram manifestação em frente à Assembléia no dia 13 de março. Entre as irregularidades, estão: o não cumprimento efetivo da lei ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), que estabelece que nenhuma obra de barragem pode ser iniciada sem que todas as pendências com as famílias que serão atingidas sejam solucionadas; a não consideração pelo Consórcio Candonga da organização sociopolítica da região; e, ainda, o descumprimento da Lei 12.812/98, que prevê que um programa de assistência social e acompanhamento psicológico seja implementado efetivamente junto à população prejudicada.

Convidados - A deputada Maria José Haueisen também vê a audiência como uma oportunidade para que sejam ouvidas as famílias atingidas, já que durante a visita foi observado apenas o lado da empresa responsável pela construção da barragem. A audiência pública será realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos. Durante o encontro também serão debatidos a situação das famílias atingidas pela construção de barragens hidrelétricas no Estado, os impactos sociais e ambientais provocados, e alternativas para a geração de energia. Foram convidados o diretor do Movimento das Famílias Atingidas por Barragens (MAB), padre Antônio Claret; o presidente do Consórcio Vale do Rio Doce e Alcan e responsável pela Usina de Candonga, Roberto Martins; o representante da Procuradoria de Conflitos Agrários e Direitos Humanos, Afonso Henrique de Miranda Teixeira; a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Andréa Zhouri; o presidente da Feam, Ilmar Bastos Santos; o presidente do Conselho Estadual de Assistência Social, Rômulo Antônio Viegas; o secretário de Estado do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho; o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Franklim Rothman; e o presidente da Cemig, Djalma Morais.

Presenças - Participaram da visita os deputados Maria José Haueisen (PT), presidente da Comissão, Fábio Avelar (PTB), Padre João (PT) e Doutor Ronaldo (PDT).

 

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