Impasse na Univas permanece após reunião da Comissão de Educação

Não houve um consenso na reunião da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia desta terça-feira (8/4/2003),...

08/04/2003 - 20:47
 

Impasse na Univas permanece após reunião da Comissão de Educação

Não houve um consenso na reunião da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia desta terça-feira (8/4/2003), destinada a buscar soluções para a situação da Universidade do Vale do Sapucaí, em Pouso Alegre, Sul de Minas. Na Univas, professores e alunos dos cursos de medicina, enfermagem e psicologia, principalmente, estão em greve há um mês, reivindicando entre outras medidas, a saída do reitor da instituição, Arthur Bittencourt. A reunião foi solicitada por requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB). Representantes dos professores e alunos entregaram à comissão documento com acusações contra o reitor que, por sua vez, apresentou também documentação rebatendo as críticas.

O representante do movimento de greve dos professores e coordenador do Curso de Medicina, Antônio Mauro Vieira, disse estar indignado com várias atitudes do reitor que agiria de maneira ilegal, descumprindo medidas contidas no estatuto da Univas, aprovado em 1999. Entre elas estão: a realização de eleições diretas para reitor; o exercício da profissão de professor como requisito para o reitor e vice; a eleição dos membros para o Conselho Universitário; demissões imotivadas de professores sem consulta aos respectivos departamentos; e contratação de professores sem concurso.

O reitor estaria também, de acordo com Antônio Vieira, descumprindo direitos trabalhistas, pagando os salários sempre atrasados. De maneira irresponsável, segundo Vieira, o reitor aumentou o número de vagas nos cursos de medicina de 70 para 120 anuais e de enfermagem, de 50 para 100, sem a correspondente ampliação das instalações, problema também verificado em outros cursos e espaços da universidade, como a biblioteca, onde o espaço físico e condições de funcionamento são também precários. Para completar, Bittencourt teria fechado o pronto-atendimento do hospital universitário, acarretando prejuízo para a população da cidade e região.

A maioria das críticas do professor, principalmente quanto ao autoritarismo do reitor, foram endossadas pelo presidente do Diretório Acadêmico da Univas, Rafael Jorge Teixeira, e pelos professores de cardiologia, Carlos Henrique Viana, e de psicologia, João Luiz da Silva. O primeiro acrescentou que a credibilidade de Bittencourt teria caído por terra quando ele descumpriu a promessa de não aumentar as mensalidades. Carlos Viana lamentou o enfraquecimento dos cursos de pós-graduação e extensão, o que poderia levar ao descredenciamento da Univas como universidade.

Reitor nega acusações e diz ter baixado déficit da Univas

Respondendo às críticas, o reitor da Univas, Arthur Bittencourt, disse que não estaria cometendo nenhuma ilegalidade, pois a lei maior que rege a universidade, segundo ele, seria de 1964, e estaria acima do estatuto de 1999. Bittencourt salientou que conseguiu baixar o déficit da Univas de R$ 3,5 milhões, em 2001, quando assumiu, para apenas R$ 736 mil em 2002. Esse resultado só foi obtido com a diminuição das despesas e principalmente com o aumento da oferta de cursos, que passaram de 14 em 2001 para os atuais 25. Ao todo, são 220 professores atendendo 3.269 alunos, em vez da situação de 2001 - 167 professores para 1.962 alunos. A ampliação das instalações está sendo dificultada, segundo o reitor, pela suspensão da tramitação do empréstimo junto ao BDMG.

Sobre o fechamento do pronto-atendimento, Bittencourt declarou que só foram interrompidos os procedimentos de atenção básica que seriam de responsabilidade da Prefeitura. Ele enfatizou ainda que, apesar de todas as acusações feitas por seus opositores, até hoje, o Ministério Público nunca questionou sua gestão, mesmo acompanhando de perto a situação da Univas. O pró-reitor Isaías Paschoal defendeu Bittencourt das acusações de ter realizado demissões imotivadas. Os motivos seriam a má avaliação pelo sistema anual de avaliação da Univas, o não enquadramento no novo projeto da instituição ou as solicitações de demissão por chefes de departamento.

Reunião com Conselho de Educação - Os deputados Weliton Prado e Laudelino Augusto, ambos do PT, colocaram-se à disposição da comissão e dos envolvidos na discussão para auxiliarem na intermediação das negociações. Chico Simões (PT) lamentou a mercantilização e a correspondente perda de qualidade do ensino, levando o reitor a priorizar redução de déficit em vez da qualidade. Preocupado com o impasse na Univas, o deputado Dalmo Ribeiro Silva apresentou requerimento, aprovado, solicitando realização de reunião da comissão com o presidente do Conselho Estadual de Educação, Padre Lázaro Pinto, para buscar uma solução imediata para o problema.

O secretário de Estado de Ciência e Tecnologia e Ension Superior, deputado Bilac Pinto, disse estar agoniado com a questão da Univas. Mas, ao mesmo tempo, preferia que a solução viesse através do consenso entre os interessados, com a apresentação de uma agenda positiva. Bilac Pinto ponderou que, se esse consenso não for possível, o Poder Executivo não terá outra opção senão resolver o problema a sua maneira. "A própria sociedade civil organizada deve buscar seus caminhos, mas se isso não for possível, o Executivo o fará", afirmou.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Ana Maria (PSDB), vice; Leonídio Bouças (PTB); Dalmo Ribeiro Silva (PPB); e os deputados do PT Chico Simões, Weliton Prado e Laudelino Augusto.

 

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