Combate à pobreza rural e ao analfabetismo são defendidos por secretária

A erradicação do analfabetismo e a liberação de recursos para o Programa de Combate à Pobreza Rural são dois pontos p...

08/04/2003 - 19:47
 

Combate à pobreza rural e ao analfabetismo são defendidos por secretária

A erradicação do analfabetismo e a liberação de recursos para o Programa de Combate à Pobreza Rural são dois pontos prioritários da Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e para o Norte de Minas, segundo informou a titular da Pasta, Elbe Brandão. A secretária, que acredita que a região deve se livrar da pecha de "a região pobre do Estado", foi ouvida nesta terça-feira (8/4/2003) pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. "Faltam reconhecimento das riquezas da nossa região e inserção no cenário de desenvolvimento", acrescentou.

O empréstimo de US$ 70 milhões do Banco Mundial (Bird) para serem investidos no combate à pobreza rural está, segundo a secretária, dependendo apenas da autorização da Secretaria do Tesouro Nacional. Elbe Brandão afirmou que não acredita que o governo federal irá penalizar a região pelo descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2001, pelo então governador Itamar Franco. Ela informou ainda que a liberação dos recursos vai favorecer 180 municípios, por meio de programas de investimento em energia e outros incentivos para o desenvolvimento da região.

O programa de erradicação do analfabetismo é outra bandeira da Secretaria. Através de parceria com a comunidade local e com o empresariado, que pode investir até 2% do que paga de Imposto de Renda no programa, a secretária pretende reverter os dados do último censo que apontam para um índice de 30% de analfabetos nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e Norte de Minas. No resto do Estado, essa média é de 12%, menor que a média nacional, de 13,6%.

Elbe Brandão listou também o que chamou de "pré-condições para o desenvolvimento" da região, que são a melhoria das estradas; o investimento em energia, ampliando a cobertura feita pela Cemig, que hoje é de 85%; e em telecomunicações. Além disso, ela falou que é preciso saber aproveitar os "benefícios" da seca, como a qualidade do couro do Norte de Minas e das frutas produzidas na região. A secretária citou ainda a exploração do ouro; das pedras preciosas no Vale do Mucuri, que são contrabandeadas em sua maior parte; e do granito, que sai de Minas, é processado no Espírito Santo e exportado como sendo italiano. O feldspato, que sobra do tratamento das pedras preciosas, é, segundo a secretária, essencial para o artesanato da cerâmica. "O que é lixo no Vale do Mucuri, acaba sendo importado pela indústria da cerâmica", afirmou.

Turismo - O investimento em turismo foi outro aspecto defendido por Elbe Brandão como alternativa para o desenvolvimento do Norte e Nordeste do estado. Segundo ela, o Programa de Ação para o Desenvolvimento Integrado do Turismo (Prodetur) irá investir R$ 107 milhões em Minas. Ela falou sobre o projeto "Cultura e Turismo em Movimento" e sobre o enorme potencial do Estado que conta, por exemplo, com a maior faixa de praias de água doce do Brasil, além de opções diversificadas de turismo. Elbe lembrou ainda que o artesanato do Vale do Jequitinhonha será destaque na próxima edição do São Paulo Fashion Week, no desfile do estilista Ronaldo Fraga.

O deputado Leonardo Moreira (PL), autor do requerimento que deu origem à reunião, lembrou a importância da Usina de Irapé que vai gerar, segundo ele, energia, água, lazer e desenvolvimento para o Vale do Jequitinhonha. A secretária concordou que a usina é um exemplo de projeto que teve continuidade em sucessivos governos pela sua implantação.

Projetos realizados pela prefeitura de Ipatinga, no Vale do Aço, na administração de Chico Ferramenta (PT), foram lembrados como modelo pela secretária, que informou que tentará implantar a Farmácia Fitoterápica e o programa de apicultura no Norte do Estado. A deputada Cecília Ferramenta (PT) acrescentou que o sucesso desses projetos em Ipatinga só foi possível com a valorização das parcerias e do povo local.

Jaíba - A secretária Elbe Brandão também criticou o Projeto Jaíba que, segundo ela, faz parte de um modelo de gestão da década de 60, quando o Brasil se impressionava com grandes obras. Para ela, é um modelo fracassado. "O desvio do curso do São Francisco para irrigação gera um gasto de energia, quando todas as bombas estão ligadas, maior que o da cidade de Juiz de Fora", informou. Ela ainda mencionou os problemas ambientais e a inoperância de grande parte dos 70 mil hectares da área do Jaíba I.

Os deputados Zé Maia (PSDB) e Maria Olívia (PSDB) cumprimentaram a secretária pela visão realista do trabalho à frente da Pasta, elogiando a consciência das dificuldades e a coragem em enfrentá-las. "Ficou clara, em seu discurso, a intenção de trocar as lamúrias por ações e de valorizar as riquezas e não as pobrezas da região", disse o deputado Zé Maia.

Elbe Brandão pediu a ajuda da Assembléia para a realização de debates sobre a situação dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri e do Norte de Minas, e sua participação na Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene).

Presenças - Participaram da reunião os deputados João Bittar (PFL), presidente; Cecília Ferramenta (PT), vice; Zé Maia (PSDB); Leonardo Moreira (PL), Marília Campos (PT) e Maria Olívia (PSDB).

 

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