Redução de vôos BH-Uberlândia preocupa associação
comercial
Uma passagem aérea de São Paulo para Manaus, um
percurso de mais de 1.600 milhas, custa menos que uma passagem de
São Paulo para Uberlândia, no Triângulo Mineiro, um vôo de apenas
350 milhas. A primeira tarifa é de R$ 349,00, enquanto a segunda é
de R$ 356,00, o que faz com que o preço da milha voada para
Uberlândia seja aproximadamente quatro vezes maior. A denúncia é do
presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, Luiz
Alexandre Garcia, que participou, nesta quarta-feira (2/4/2003), na
Assembléia Legislativa, de audiência pública da Comissão de Turismo,
Indústria e Comércio que debateu os impactos da redução da oferta de
vôos na linha Belo Horizonte/Uberlândia. A reunião foi realizada por
iniciativa do deputado João Bittar (PFL).
Segundo Luiz Alexandre Garcia, as tarifas elevadas
são conseqüência da falta de competição entre as empresas aéreas.
Desde setembro do ano passado, foram cancelados quatro vôos da TAM
para Uberlândia e outros seis da Varig/Nordeste Linhas Aéreas.
Atualmente, apesar de Uberlândia ter uma população de 600 mil
habitantes e de ser o terceiro município mineiro em arrecadação de
impostos, a cidade é servida por apenas um vôo diário da empresa TAM
para São Paulo e um vôo da empresa Total para Belo Horizonte. Não há
vôos comerciais regulares nem mesmo para cidades próximas ao
Triângulo Mineiro, como Goiânia e Brasília.
Redução de vôos preocupa deputado
Para o deputado João Bittar (PFL), a redução dos
vôos é preocupante em função dos reflexos que poderá causar na
economia local, sobretudo com o desaquecimento de atividades ligadas
ao turismo, setor que ocupa 10,8% da população economicamente ativa
do município. Ele lembrou que Uberlândia dispõe de um dos melhores
centros de convenções do País e de boa infra-estrutura hoteleira,
com 1.947 unidades de hospedagem, podendo ser considerada a porta de
entrada para todo o Triângulo Mineiro e para o turismo de Araxá.
De acordo com o deputado, em 2003 Uberlândia está
recebendo investimentos da ordem de R$ 47 milhões em novas unidades
de hospedagem, o que permitirá ampliar a oferta em 1.225 novos
leitos, e de R$ 10 milhões na melhoria das condições do aeroporto
local. "Apesar de os empresários de Uberlândia serem arrojados, há
um descuido das empresas aéreas com a cidade e a região",
argumentou, responsabilizando o preço das tarifas pela diminuição do
número de passageiros.
O deputado Leonídio Bouças (PTB), que também é de
Uberlândia, concordou que as tarifas elevadas limitam o uso do
transporte aéreo, e disse que é preciso ampliar a discussão sobre o
problema. Ele destacou, ainda, o potencial do turismo no Triângulo
Mineiro, sobretudo na região dos lagos formados por represas.
Papel do DAC
Também participaram da audiência pública o
suboficial Aurélio Tomayno de Melo, da Seção de Aviação Civil do
Aeroporto da Pampulha, e Ricardo José da Rosa Rodrigues,
superintendente da Infraero. Eles informaram que o órgão responsável
pelo controle e normatização das tarifas aéreas é Departamento de
Aviação Civil (DAC), por meio da Comissão de Fiscalização de
Tarifas; e que o local apropriado para se debater a reativação de
vôos é a Comissão de Coordenação das Linhas Aéreas (Comclar) do DAC.
Ambos sugeriram que as empresas aéreas sejam convocadas para debater
a questão das tarifas e o mercado potencial de passageiros para o
Triângulo Mineiro. Ricardo Rosa Rodrigues informou, também, que a
partir da próxima segunda-feira, dia 7, dois novos vôos da TAM já
estarão operando na linha Belo Horizonte/Uberlândia, a partir do
Aeroporto da Pampulha.
Requerimentos aprovados
Na reunião desta quarta-feira (2) da Comissão de
Turismo, foram aprovados quatro requerimentos. O primeiro, do
deputado João Bittar (PFL), solicita a realização de nova audiência
pública para debater a redução de vôos na linha Belo
Horizonte/Uberlândia, com a presença de representantes de todas as
empresas aéreas que operam na região do Triângulo Mineiro. O
segundo, do deputado Paulo César (PRTB), pede que também seja
incluído entre os convidados para essa audiência alguém que possa
fornecer informações sobre a possibilidade de se ter uma linha aérea
ligando Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, a São Paulo.
O terceiro requerimento aprovado, do deputado
Leonídio Bouças (PTB), solicita, à Comissão de Fiscalização de
Tarifas do DAC, informações sobre disparidades nos preços da milha
voada em diferentes linhas aéreas. O último requerimento, do
deputado Carlos Pimenta (PDT), pede ao secretário de Estado de
Turismo que sejam elaborados planos de desenvolvimento do turismo
sustentável nos caminhos turísticos do Norte de Minas, para que os
mesmos possam ser inseridos no programa Prodetur II.
Presenças - Compareceram à
reunião os deputados José Henrique (PMDB) - presidente da Comissão,
Leonídio Bouças (PTB), João Bittar (PFL), Biel Rocha (PT), Paulo
César (PRTB) e Carlos Pimenta (PDT).
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