Comissão vai ao governador pedir regulamentação de código

Uma audiência a ser marcada com o governador Aécio Neves, a solicitação ao presidente da Assembléia Legislativa, Maur...

02/04/2003 - 15:11
 

Comissão vai ao governador pedir regulamentação de código

Uma audiência a ser marcada com o governador Aécio Neves, a solicitação ao presidente da Assembléia Legislativa, Mauri Torres, para a realização de um grande debate público sobre o tema e a criação do Serviço de Proteção dos Direitos do Contribuinte nos moldes do Procon. Estes foram os resultados da audiência pública realizada nesta quarta-feira (2/4/2003), pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, para discutir a regulamentação do Código do Contribuinte. A reunião foi solicitada pelo deputado Antônio Júlio (PMDB), autor também dos dois primeiros pedidos, enquanto o terceiro foi proposto pela presidente da comissão, deputada Lúcia Pacífico (PTB).

O Código do Contribuinte está contido na Lei 13.515/2000, que foi promulgada pela Assembléia, já que foi vetada pelo então governador Itamar Franco. Originária de projeto de lei do deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), a lei sofreu contestação judicial, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), julgada improcedente pelo Tribunal de Justiça, em agosto do ano passado. O código contém as normas sobre a relação entre o contribuinte e o fisco estadual, dispostas em 41 artigos, que abordam entre outros aspectos: direitos, proteção, informação e orientação do contribuinte e algumas vedações e práticas consideradas abusivas. A lei prevê ainda prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais decorrentes do abuso de poder da fiscalização, no lançamento e na cobrança de tributos estaduais.

Estado ainda não sabe quais itens precisam de regulamentação

O assessor do Centro de Política Tributária da Secretaria da Fazenda, Jeferson Neves Chaves, que compareceu representando o secretário Fuad Noman, afirmou que ainda não foi feito o levantamento do que precisa ser regulamentado no código. Ele creditou tal atraso aos fatos de a equipe estar apenas há três meses no governo e de a Adin ter sido julgada improcedente já no segundo semestre do ano passado. Mas destacou que o Estado tem todo o interesse em acatar as sugestões da Assembléia e do empresariado, porque "o código representa um avanço nas relações entre o fisco e o contribuinte".

O deputado Antônio Júlio criticou a "cultura" de tributação do fisco mineiro, "semelhante à da época da Inconfidência". Ele disse que a Lei 13.515 é 80% auto-aplicável, faltando regulamentação de apenas 20% dos itens. E lembrou que o código serviu de modelo para vários Estados e também para um projeto que tramita no Congresso, apresentado pelo senador catarinense Jorge Bornhausen (PFL). O deputado destacou, ainda, que trava uma luta com a Secretaria da Fazenda há muitos anos, contra a postura de alguns fiscais que usam critérios pessoais em suas ações. Mas garantiu que, além de criticar, também apresenta soluções "simples e práticas".

Ele disse ainda que o Código do Contribuinte vai estabelecer os critérios dessa convivência entre a fiscalização e o empresariado, principalmente o pequeno empresário, "mostrando que a classe produtora é honesta e séria e não sonegadora, como a fiscalização estadual gosta de apresentar". Antônio Júlio afirmou que o Estado é bom para multar e fiscalizar, "mas é péssimo para receber tributos". Para comprovar seu pensamento, lembrou que Minas Gerais tem R$ 15 bilhões de créditos na dívida ativa, que o próprio fisco reconheceu que não consegue receber. "Isto é incompetência, e não competência".

Empresariado oferece parceria ao Estado

O representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Pedro Parizzi, disse que o mais importante é regulamentar a Câmara de Defesa do Contribuinte (Cadecon) e o Sistema Estadual de Defesa do Contribuinte (Sisdecon), "pois são eles que irão efetivar as ações previstas no código". O diretor da Associação Comercial de Minas Gerais, Frederico Carlos da Mata Bastos, criticou a falta de conhecimento do representante da Secretaria da Fazenda e disse que a reunião ficou prejudicada, pelo fato de o Estado ainda não ter um levantamento dos itens a serem regulamentados. Já o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcelo Souza e Silva, recomendou que o governo "compre a idéia" da regulamentação, "principalmente com a participação do empresariado".

A deputada Maria Tereza Lara (PT) lembrou que as entidades de servidores do fisco, como o Sindifisco, tiveram uma posição contrária à lei, durante sua tramitação na Assembléia, destacando, contudo, que "a divergência é salutar, é democrática", sugerindo a ampla divulgação do código junto aos pequenos empresários e fiscais, para que o ato da fiscalização não seja influenciado por perseguições políticas.

PL proíbe cadastramento de devedor de tarifa pública

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte aprovou pareceres favoráveis a dois Projetos de Lei (PL) receberam pareceres de 1o turno favoráveis à aprovação: o 71/2003 e o 64/2003. O PL 71/2003, da deputada Maria José Haueisen (PT), teve o parecer pela aprovação na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça. O projeto proíbe a inscrição do nome dos devedores de tarifas públicas nos cadastros de consumidores inadimplentes. De acordo a deputada, é preciso evitar constrangimentos para consumidores que se tornam devedores de tarifas públicas, por receberem salários em atraso, quando tais contas têm vencimentos no início do mês.

No parecer, o relator Antônio Júlio (PMDB) lembrou que a inclusão do nome do consumidor nos cadastros de inadimplentes representa dupla penalidade, já que, além de suspender o fornecimento do serviço (água ou luz), ainda sujeita o consumidor às restrições de crédito. O substitutivo nº 1 prevê penalidades para as concessionárias públicas que descumprirem a lei, remetendo o nome dos inadimplentes para os cadastros.

Protesto de títulos - Também recebeu parecer pela aprovação o PL 64/2003, do deputado Leonardo Moreira (PL), que prevê mecanismos de proteção do consumidor, adotando medidas para coibir o protesto de títulos sacados indevidamente pelos fornecedores. No caso de insistirem neste procedimento, ou seja, em títulos cujos débitos já tenham sido pagos, o projeto remete a penalidades tipificadas no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/1990). A relatora foi a deputada Vanessa Lucas (PSDB).

A deputada destacou que o protesto indevido de título representa grave prejuízo para o consumidor, já que o seu nome passa a figurar em todas as listas de devedores do País, obrigando muitos a recorrem à Justiça para serem ressarcidos moral e financeiramente. A relatora destacou, ainda, que o projeto vai coibir a ação de comerciantes com má fé, dando aos órgãos de defesa do consumidor instrumento legal para punir tais práticas.

Presenças - Participaram da reunião as deputadas Lúcia Pacífico (PTB), presidente, Maria Tereza Lara (PT) e Vanessa Lucas(PMDB), e os deputados Antônio Júlio (PMDB), Dimas Fabiano (PPB) e Sidinho do Ferrotaco (PL). Também compareceram os convidados: Jeferson Neves Chaves, pela Secretaria da Fazenda; Pedro Parizzi, pela Fiemg; Marcelo Souza e Silva, pela CDL; e Frederico Carlos da Mata Bastos, pela Associação Comercial.

 

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