Deputados acompanham revista de presos na Penitenciária Nelson Hungria

Deputados da Comissão de Direitos Humanos visitaram, nesta quarta-feira (26/03/2003), a penitenciária Nelson Hungria,...

26/03/2003 - 18:31
 

Deputados acompanham revista de presos na Penitenciária Nelson Hungria

Deputados da Comissão de Direitos Humanos visitaram, nesta quarta-feira (26/03/2003), a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. A visita, que tinha como objetivo inicial conhecer os meios de recuperação dos sentenciados, serviu também para acompanhar o procedimento de revista dos presos. Os deputados Durval Ângelo, Roberto Ramos (PFL) e Mauro Lobo (PSB) foram a várias dependências da penitenciária, acompanhados pelo então diretor, capitão PM Salvador Marzano. Nesta quinta-feira (27/03), o coronel PM Alvenir José da Silva será empossado novo diretor da Nelson Hungria.

A comissão obteve informações sobre aspectos do trabalho desenvolvido ali, desde condições de segurança do presídio até os projetos de recuperação de presos. Mesmo ciente das falhas na segurança, que podem ter propiciaram a fuga recente de oito presos, Durval Ângelo avaliou que "é preferível alguma insegurança, mas com recuperação dos detentos, do que segurança total e recuperação zero". O deputado acrescentou, no entanto, que a Comissão irá investigar a possível facilitação das fugas.

Fabricação de bolas - A Nelson Hungria se divide em 12 pavilhões, onde atuam 498 funcionários (entre os quais estão 300 agentes penitenciários e 12 advogados) para atender 815 detentos, cada um em uma cela, 650 deles trabalhando. Entre as atividades, destacam-se a fabricação de bolas de couro (doadas a escolas públicas do Estado), tapeçaria e trabalhos artesanais, carpintaria, marcenaria, horta e tornearia. No projeto de fabricação de bolas, através de convênio entre os governos federal e estadual, cada preso costura de 15 a 20 delas por semana, recebendo R$2,00 por cada uma.

O diretor da penitenciária, capitão PM Salvador Marzano, enfatizou que a Nelson Hungria está mudando seu perfil de segurança máxima para o de um presídio que se preocupa com o ser humano. Os detentos têm acesso a uma escola de ensino fundamental, ensino religioso, atendimento médico (incluindo acupuntura e levantamento epidemiológico, monitorando e tratando casos de aids, hipertensão e outros), tratamento dentário e psicológico. No fim de semana, os presos têm direito à visita íntima, quando suas mulheres e filhos podem pernoitar no presídio.

Falhas na segurança atrapalham funcionamento do presídio

Por outro lado, os deputados observaram falhas que comprometem o funcionamento do presídio. Nos 3300 metros de muro, estão distribuídas 26 guaritas, mas só três contam com policiais, e mais um que transita por todo o percurso. Os detectores de metais internos de cada pavilhão não funcionam há meses, o que dificulta a revista dos presos. Os pavilhões na parte baixa da penitenciária não possuem cerca elétrica. Em outros pavilhões, existe a cerca, mas, segundo a direção, estava em manutenção, por isso não funcionou durante a visita. Na opinião do deputado Durval Ângelo, a criação de uma guarda penitenciária e o conserto dos equipamentos resolveria esses problemas.

"Pente fino" - Devido à falta dos detectores, a execução da revista, também chamada de operação "pente fino", torna-se complexa e demorada. Para realizá-la, a direção da penitenciária solicita os serviços da 1ª Companhia de Missões Especial da Polícia Militar, comandada pelo capitão Leopoldo Vasconcelos. Os presos são despidos, levados para o pátio e ficam aguardando a revista de suas celas, onde móveis, eletrodomésticos e demais objetos pessoais são revirados, em busca de armas ou drogas. Após seis pavilhões inspecionados na revista que a comissão acompanhou, foram encontrados um revolver calibre 38 com cinco balas, estiletes, facas e martelos.

Por sua vez, muitos detentos reclamaram da exposição a que são sujeitos e da morosidade nas decisões judiciais para a progressão de suas penas. Ao final da visita, o deputado Durval afirmou que a Comissão que preside está mudando seu perfil de atuação. Ela direciona seu foco para experiências positivas na área de direitos humanos e não apenas para o chamado "mundo cão", tratando apenas de denúncias de propinas, tortura, corrupção e outros.

Presenças - Estiveram na Nelson Hungria os deputados Durval ângelo (PT), Mauro Lobo (PSB) e Roberto Ramos (PFL)

 

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