Situação dos desalojados por barragens é tema de entrevista
coletiva
A situação das 110 famílias atingidas com a
construção da Barragem Candonga, em Santa Cruz do Escalvado (MG), e
o desaparecimento do trabalhador rural João Caetano dos Santos, há
42 dias, foram abordados durante entrevista coletiva, nesta
quinta-feira (13/3/2003), na Assembléia de Minas. A pedido do
deputado Padre João (PT), a coletiva reuniu representantes do
Movimento dos Atingidos por Barragens para denunciar, entre outros
dados, que das 80 casas construídas para alojar as famílias
atingidas, 30 tiveram que ser destruídas por causa de erros de
construção, como rachaduras. O deputado disse ainda que, no
desalojamento dessas famílias, a assistência social às populações de
áreas inundadas por reservatórios, prevista na Lei 12.812/1998, não
foi cumprida.
Padre João falou também sobre o desaparecimento do
trabalhador rural João Caetano dos Santos, de 56 anos. De acordo com
Maria Francisca de Oliveira, do Movimento dos Atingidos por
Barragens, João Caetano foi visto pela última vez no dia 9 de
fevereiro, à uma hora da manhã, e desde então está desaparecido. A
casa do trabalhador está no meio do canteiro de obras da Barragem
Candonga porque ele se recusou a vender seu terreno e, segundo o
deputado, a construção não poderia ter sido iniciada sem a
desocupação total das pessoas e a devida indenização. A barragem
está sendo construída pelo consórcio das empresas Vale do Rio Doce e
Alcan e o alagamento está previsto para acontecer em 30 de setembro.
Luta - Cerca de 60 pessoas
estão acampadas na portaria da Assembléia, em frente à praça Carlos
Chagas. Amanhã, 14 de março, é o Dia Internacional de Luta dos
Atingidos pelas Barragens, que terá mobilização em mais de 25 países
e 19 estados do Brasil.
Barragens - No Brasil,
existem atualmente duas mil barragens, que inundaram 34 milhões de
hectares (área equivalente ao território da Bélgica), e desalojaram
1 milhão de pessoas. Em Minas Gerais, existem 200 projetos de
construção de barragens em andamento.
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