Em vigília na Assembléia, serventes pedem anulação de concurso

Com orações e cânticos religiosos, cerca de 300 serventes escolares fizeram, nesta segunda-feira (20/01/2003), na ent...

20/01/2003 - 16:27
 

Em vigília na Assembléia, serventes pedem anulação de concurso

Com orações e cânticos religiosos, cerca de 300 serventes escolares fizeram, nesta segunda-feira (20/01/2003), na entrada principal da Assembléia Legislativa, uma vigília enquanto aguardam uma posição do governador Aécio Neves sobre a homologação do concurso da categoria. Entidades classistas defendem que seja anulada a homologação, ocorrida no dia 28 de dezembro passado, até que se apurem denúncias de irregularidades. O presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembléia, deputado Paulo Piau (PFL) disse estar confiante de que o governo irá encontrar os instrumentos legais para anular o concurso.

Lideradas pela Federação de Pais de Alunos e pela Associação de Professores Públicos de Minas Gerais (APPMG), as serventes reclamaram dos critérios do concurso, que deixou de fora servidores com mais de 20 anos no Estado, "ao não ter como critério principal, o tempo de serviço". Para o presidente da Federação de Pais, Mário de Assis, o que o grupo espera é que o governador tome uma decisão tradicional, mineira, pensando no lado social do problema.

"Assim como o concurso tem seu lado de justiça social, os contratos com tais servidores, renovados por mais de 20 anos, também têm. Nossa vigília é para que o governador seja iluminado por Nossa Senhora Aparecida, para tomar a decisão correta", disse Mário de Assis. Essa é também a expectativa de todos os servidores que não foram aprovados no concurso, mas que vinham prestando serviços ao Estado há mais de 15 anos.

Ao se dirigir às serventes, o deputado Paulo Piau agradeceu os serviços prestados aos filhos de todos os mineiros, destacando que a Assembléia não se omitiu em nenhum momento, denunciando os critérios incorretos do concurso, antes mesmo de sua realização. "Mas, infelizmente, não fomos ouvidos pelo então secretário da Educação", acrescentou o deputado.

Piau espera o fim do recesso parlamentar para começar a discutir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar diversas denúncias de irregularidades. Tais denúncias foram levantadas por entidades representativas de professores e serventes, e acatadas recentemente pelo Ministério Público, através do promotor Rodrigo Cançado. O MP encaminhou à secretária da Educação, Vanessa Guimarães, na última quarta-feira, um pedido de suspensão das nomeações, até que se apurem as denúncias. Entre os principais problemas denunciados estão a marcação dos gabaritos por fiscais, a pontuação para títulos, aceita para uns e para outros, não.

Histórias de Vida

Junto com a fé em Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem foi colocada na Tribuna Popular, onde aconteceu a vigília, a maioria das serventes tem em comum, o longo tempo de serviço prestado ao Estado como designadas e a idade elevada. É o caso de Áurea de Lima Batista, 64 anos, 18 como servente, hoje na Escola Estadual Afrânio de Melo Franco, no Jardim Atlântico. Ela afirmou confiar no governador Aécio Neves, que seria "igual ao avô dele, o Tancredo Neves", cujo enterro acompanhou da Pampulha até o Palácio da Liberdade".

Muitas delas reclamaram que em concursos anteriores, como o de 1986, não tinham tempo de serviço, por isso não tiveram pontuação adequada. Agora têm tempo de serviço, mas mais uma vez foram preteridas, como no caso de Amélia Inácia Ribeiro, com 15 anos de serviço, da Escola Estadual Coração Eucarístico. Já Antônia das Mercês da Silva, de 60 anos, com 15 de profissão, na Escola Francisca Malheiros reclamou que não sabe escrever e nem ler, por isso não conseguiu fazer a prova. Outras reclamaram que, em 1994, houve a inscrição para um concurso também de servente, em que a taxa foi paga, mas o concurso não aconteceu e ninguém teve o dinheiro restituído.

 

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