Comissão discute cobrança de pedágio e gerenciamento da Ceasa

Os problemas de gerenciamento da Ceasa (Empresas Centrais de Abastecimento de Minas Gerais) foram discutidos em audiê...

11/12/2002 - 21:27
 

Comissão discute cobrança de pedágio e gerenciamento da Ceasa

Os problemas de gerenciamento da Ceasa (Empresas Centrais de Abastecimento de Minas Gerais) foram discutidos em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (11/12/2002). A reunião havia sido convocada para discutir a cobrança de pedágio para veículos leves e pesados na Ceasa, que foi suspensa por acordo entre os comerciantes e a presidência da organização. Por isso, representantes de produtores e comerciantes, aproveitaram a oportunidade para questionar a transferência do patrimônio do Estado para a União e os processos de licitação para a construção do estacionamento e das portarias da Ceasa.

A cobrança do pedágio, ou taxa de estacionamento, foi suspensa por pressão dos produtores, organizados na Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros das Ceasas do Estado de Minas Gerais (APHCEMG). A associação organizou uma manifestação que reuniu mais de 10 mil pessoas no dia 18 de novembro, parando a Ceasa por quatro horas e provocando um engarrafamento de 8 km na BR 040. Em conjunto com diversas entidades ligadas aos produtores, comerciantes e consumidores, a APHCEMG impetrou na justiça uma ação civil pública, para anular a cobrança de pedágio. Também por pressão dos produtores, o ex-presidente Flávio Lara Resende pediu demissão do cargo.

Presidente de cooperativa questiona licitação

O presidente da Cooperativa Horticerealista de Abastecimento, Administração e Serviços Ltda., Wander Roberto Melo disse que, desde 1975, os comerciantes foram construindo os pavilhões da empresa, por sistema de consórcio. Hoje, 68% da área coberta e 100 mil m2 de infra-estrutura viária são da iniciativa privada. "Os usuários sempre pagaram as contas da Ceasa", afirmou. Segundo ele, o edital para a construção do estacionamento e das portarias continha erros de origem, licitando áreas do Estado e não da União. "Fizeram a licitação do que não podia e permitiram que a empresa vencedora da licitação, Point Park, usufruísse também de espaço não licitado", explicou.

A transferência da Ceasa/MG e da Casemg (Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais) para o Governo Federal como parte do pagamento da dívida do Estado com a União foi questionada pelo presidente da Ceasa, Baldonedo Napoleão. Segundo ele, a Ceasa gera 15 mil empregos diretos e 60 mil indiretos, tem 5 mil produtores rurais cadastrados em Minas Gerais e 850 mil usuários, sendo a segunda maior unidade em volume de comercialização de hortifrutigranjeiros do Brasil. O deputado João Paulo (PL) lembrou que, por considerar a Ceasa um patrimônio de grande importância para Minas Gerais, apresentou o Projeto de Lei (PL) 1.021/2000 que autoriza o Governo do Estado a substituir o Ceasa e a Casemg pelo Mineirão e pelo Mineirinho nas negociações com o Governo Federal. No entanto, segundo ele, o projeto não teve sua tramitação concluída. O parlamentar disse ainda que, apesar de ter insistido por três vezes em marcar uma audiência com o governador Itamar Franco para tratar do assunto, não foi recebido.

A presidente da comissão, deputada Maria José Haueisen (PT), ressaltou que a Ceasa é uma organização maior que muitas cidades brasileiras. "Quem manda na Ceasa? A União, o Estado, a iniciativa privada? O problema é de gerenciamento. Já há o início de uma privatização branca", resumiu. Baldonedo Napoleão reiterou o que disse a parlamentar mostrando que a administração da Ceasa está vinculada a seis instâncias de fiscalização: à auditoria interna, externa, ao conselho fiscal, à Secretaria Federal de Controle Interno, ao Departamento das Estatais e ao Tribunal de Contas da União.

Os membros da comissão aprovaram um requerimento conjunto solicitando que sejam tomadas as medidas necessárias para a constituição de Comissão Especial para estudar os fatos narrados e denunciados pelos convidados, com vistas a estadualização da Ceasa/MG. O requerimento foi assinado pelos deputados Fábio Avelar (PTB), Maria José Haueisen (PT), Doutor Viana (PMDB), Miguel Martini (PSB) e Alencar da Silveira Jr. (PDT). A deputada Maria José Haueisen ponderou que, por ser fim de legislatura, o requerimento será arquivado, mas terá um valor simbólico de comprometimento dos deputados com a questão da Ceasa.

Presenças - Participaram da reunião os deputados João Paulo (PL), vice-presidente; Agostinho Patrús (PTB); Doutor Viana (PMDB); Alencar da Silveira Jr. (PDT); Fábio Avelar (PTB); Miguel Martini (PSB); João Leite (PSB); a deputada Maria José Haueisen (PT), além do diretor-presidente da Ceasa/MG, Baldonedo Arthur Napoleão; o presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros das Ceasas do Estado de Minas Gerais, Antônio Lopes Rodrigues; o presidente da Cooperativa Horticerealista de Abastecimento, Administração e Serviços Ltda. e diretor do Conselho de Administração das Minas Bolsa, Wander Roberto Melo; o conselheiro da Associação Comercial da Ceasa/MG, Rogério Avelar e a chefe de Gabinete e representante da vereadora Lúcia Pacífico, Elizabeth Maria Amaral Cosenza.

 

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