Opiniões sobre viabilidade do Conselho dos Municípios se dividem

Apesar de ter convidado o presidente do Tribunal de Contas do Estado para a reunião dessa terça-feira (10/12/2002), a...

10/12/2002 - 22:38
 

Opiniões sobre viabilidade do Conselho dos Municípios se dividem

Apesar de ter convidado o presidente do Tribunal de Contas do Estado para a reunião dessa terça-feira (10/12/2002), a Comissão da PEC 94/2002, que cria o Conselho Estadual de Contas dos Municípios, ouviu apenas a coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores do tribunal. O conselheiro e presidente do TCE, José Ferraz, enviou ofício à Assembléia justificando sua ausência em virtude de compromissos em Brasília junto a tribunais de contas de outros Estados e o da União.

Questionada pelo presidente da comissão, deputado Alberto Bejani (PFL), sobre a possibilidade de solução do problema do TCE com a criação dos sete cargos de conselheiros, a representante sindical Stela Pacheco Pimentel, respondeu negativamente. Na opinião dela, existem mecanismos para solucionar a questão do tribunal, diferentes da criação do Tribunal de Contas dos Municípios. Um deles seria o rito sumário, já utilizado no Tribunal de Contas da União, instrumento que permite a paralisação e fiscalização de uma obra onde haja denúncia de malversação de verbas públicas.

Além desse recurso, Stela Pimentel avalia que vários procedimentos precisam ser rediscutidos com a sociedade e melhorados. Entre eles, a sindicalista cita a modificação dos ritos processuais internos e o aumento do número de técnicos na fiscalização. Segundo ela, o Tribunal de Contas, hoje com 1271 funcionários, incluindo os sete conselheiros e dois auditores, teria perdido 33% do seu quadro técnico, devido aos baixos salários (em média, menos de R$1.000,00 líquidos).

O deputado Alberto Bejani (PFL) perguntou à coordenadora do sindicato por que motivo o TCE não abriu concurso para completar o quadro de auditores. Stela disse que os auditores são indicados através de critérios políticos. Por isso, o sindicato ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) questionando a inexistência de concurso. A Adin foi julgada procedente pelo Supremo Tribunal Federal, mas até hoje o concurso não foi realizado, o que tem atrasado o trabalho do TCE, devido à insuficiência de auditores para julgar os processos.

Tribunal de Contas dividiria tarefas com novos conselheiros, diz deputado

Para o deputado Agostinho Silveira (PL), a relutância dos conselheiros, classificados por ele como "a corte encastelada no tribunal", em prover os cargos de auditores demonstra a preocupação deles com a perda do poder. Segundo o parlamentar, com a criação do Conselho de Contas dos Municípios, as responsabilidades na fiscalização seriam divididas com os novos sete conselheiros, sem aumento de gastos. Silveira disse que a relação do número de funcionários do TCE pelo total de conselheiros (249 para cada) é cerca de cinco vezes maior que a da Assembléia (49 funcionários para cada deputado). Apesar disso, o Tribunal de Contas comporta-se como um "lesma, que não tem forma definida e nasceu com natureza preguiçosa".

Para reforçar sua defesa dos Conselhos de Contas, Silveira citou o exemplo dos estados de Goiás e da Bahia, onde esses órgãos funcionariam de maneira eficiente. Em Goiás, de acordo com o deputado, o Tribunal dos Municípios está rigorosamente em dia. Na Bahia, esse mesmo tribunal divide sua ação por regiões do Estado e realiza cursos de atualização e reciclagem anualmente.

O deputado Alberto Bejani (PFL) questionou a constitucionalidade dos tribunais dos municípios, que teriam sido criados antes da promulgação da Constituição Federal, em 05/10/88. Segundo o parlamentar, o artigo 31 da Carta Magna "veda a criação de Conselhos de Contas Municipais". Agostinho Silveira rebateu: "uma decisão do STF julgou legal a criação dos tribunais".

Deputados acham que Tribunal de Contas deve ser reformulado

A coordenadora geral do sindicato afirmou que a relação mais correta a ser feita é entre o número de servidores do Tribunal de Contas de Minas e a quantidade de órgãos jurisdicionados por esse órgão. "Hoje, há pouco mais de 100 técnicos para os municípios, onde são fiscalizados não apenas as prefeituras, mas também os órgãos da administração direta e indireta e as câmaras", afirmou.

Continuando a sabatina com a diretora do sindicato, Stela Pimentel, o deputado Ambrósio Pinto (PTB) perguntou a ela sobre a possibilidade de se nomearem 15 ou 20 conselheiros caso fosse detectada essa necessidade. Ela declarou que, se houvesse o entendimento de que mais julgadores agilizariam os processos, isso poderia ser feito, mas ponderou que seria importante que as contas fossem julgadas por pessoas que entendessem do assunto.

Já o deputado Hely Tarqüínio (PSDB) considerou que a criação dos tribunais poderia ser deixada para depois. O mais importante na opinião dele seria a reformulação do Tribunal de Contas atual. Para Tarqüínio, os modelos de fiscalização efetiva tanto do TCE quanto da Assembléia Legislativa de Minas têm que se reformulados. Na visão de Márcio Kangussu (PPS) depoimentos de Stela e de Agostinho Silveira não deixaram dúvidas de que a PEC 94/2002 é justa e necessária. "O que temos que discutir é a forma e o momento", acrescentou.

Finalizando a reunião, o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) disse ter conclusões diferentes das de Kangussu. "Estou convencido de que o Tribunal de Contas apresenta grandes fragilidades", afirmou. Entre elas, o deputado citou: a existência de conselheiros vitalícios, a seu ver, desnecessários; a fiscalização posterior das contas; a pequena quantidade de auditores. "Precisamos repensar a estrutura do atual TCE e não criar outro; a forma não está boa; não adianta ampliar estrutura; precisamos melhorar as formas de controle do tribunal", defendeu Leão.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Alberto Bejani (PFL), Agostinho Silveira (PL), Ambrósio Pinto (PTB), Hely Tarqüínio (PSDB), Márcio Kangussu (PPS) e Adelmo Carneiro Leão (PT).

 

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