Secomlegis discute tendências da comunicação no Legislativo

O presidente da Assembléia de Minas, deputado Antônio Júlio (PMDB), afirmou, durante a solenidade de abertura do II S...

02/12/2002 - 19:02
 

Secomlegis discute tendências da comunicação no Legislativo

O presidente da Assembléia de Minas, deputado Antônio Júlio (PMDB), afirmou, durante a solenidade de abertura do II Seminário Nacional de Comunicação no Poder Legislativo (Secomlegis), realizada na manhã desta segunda-feira (2/12/2002), no Teatro da Assembléia de Minas, que é muito importante a troca de idéias e experiências para fortalecer e defender o Parlamento. O objetivo do encontro, que termina nesta terça-feira (3/12/2002), é discutir os desafios e tendências da comunicação institucional dos Legislativos, com exposições e painéis voltados para o assunto.

Também participaram da solenidade de abertura do II Secomlegis, o presidente da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), deputado Maurício Picarelli (PSD-MS), o deputado estadual de Pernambuco pelo PSDB, Gilberto Marques Paulo, e os dois expositores da manhã, o jornalista Luiz Carlos Bernardes, e a professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e da Casper Líbero, Heloíza Matos.

O presidente da Unale ressaltou o papel da entidade justificando que muitos deputados estaduais foram eleitos deputados federais e governadores na última eleição. Maurício Picarelli destacou ainda o fortalecimento da Unale e o crescimento do Secomlegis, que "está ratificando seu espaço nas casas legislativas do País e a importância do corpo técnico dessas instituições".

O diretor de Comunicação Institucional da Assembléia de Minas, Ramiro Batista de Abreu, também esteve presente na abertura do evento e foi o mediador da exposição da parte da manhã. Para ele, o Secomlegis é importante para fortalecer a troca de experiências e auxiliar no desafio permanente de trabalhar pela imagem do legislativo.

Novo perfil das redações em debate

Na palestra da manhã, intitulada "O Novo Perfil das Redações: As Mudanças que Marcaram as Redações na Década de 90 e as Novas Tendências", o primeiro expositor, jornalista Luiz Carlos Bernardes, o Peninha, iniciou sua fala explicando a mudança ocorrida na comunicação brasileira depois do final do regime militar e da Guerra Fria. "O jornalismo brasileiro tinha um perfil europeu, com uma linha ideológica. A mudança seguiu a tendência norte-americana, que é de um jornalismo menos partidário, mais forte, enfatizando a ética e o pragmatismo", explicou.

Em relação ao Legislativo, Peninha acredita que o Parlamento é um poder desarmado, já que não tem poder de verba do Executivo e nem de sentença, própria do Judiciário. "A verba pesa muito para os veículos de comunicação", afirma. Ele destacou ainda a espetacularização da notícia e a teatralização da política. "A cobertura sensacionalista está em toda parte porque é isso que vende", disse. Para Peninha, o Legislativo deve buscar a abertura com a sociedade, por meio de outras formas de atuação, como as emissoras da TV e rádio comunitárias ou públicas e as Organizações Não Governamentais (Ongs).

Mesma opinião teve a segunda expositora, professora da USP e da Casper Líbero, Heloíza Matos: "Não é só a mídia que está na frente da sociedade. Existem outros grupos que têm voz como as Ongs, rádios e TVs comunitárias e públicas. Precisamos trazer essas vozes para as casas legislativas para sairmos do universo fragmentado da comunicação e voltarmos para o real sentido da palavra comunicação". Segundo ela, a palavra comunicação, que vem do latim comunicare (colocar algo em comunhão) foi perdendo seu caráter original. "A sociedade está centrada na mídia e a comunicação é guiada pela velocidade e pela densidade. As pessoas não conseguem absorver tanta informação e por isso ocorre uma fragmentação da realidade, com uma compreensão cada vez menor da realidade", afirma.

De acordo com a professora, a visão que a sociedade tem do Legislativo também é fragmentada, influenciada desde o momento de apuração das informações. "As redações estão mais enxutas, o tempo de apuração é menor, o contato com as fontes é fugaz. Por isso a informação que o jornalista passa leva à fragmentação", explica Heloíza Matos.

Mídia influencia opinião pública

Durante sua exposição no Secomlegis, Heloíza Matos explicou que as instituições políticas buscam visibilidade e que, para isso, elas precisam ter identidade, legitimidade, racionalização e conhecimento do público. Para reforçar seu ponto de vista, a professora citou um estudo realizado pela pesquisadora da USP, Ana Lúcia Genovelli, entre 1995 e 1998, que mostra a importância da mídia na formação de opinião pública, já que foi detectada uma consonância com as expressões presentes no noticiário com as pesquisas de opinião. As conclusões dessa pesquisa apontam que o Congresso Nacional é fragilizado em relação ao Executivo, que existe uma troca de favores e interesses pessoais, que as votações são lentas e excessivamente demoradas e que a opinião pública não acredita na seriedade dos trabalhos desenvolvidos no Legislativo.

Segundo Heloíza Matos, as pessoas não percebem que é no Parlamento que os conflitos e divergências chegam e são discutidos e que, por mais que se trabalhe no Legislativo, não existe um reconhecimento por parte da opinião pública. Ela reforça essa situação explicando a teoria de espiral do silêncio: "o medo do isolamento faz com que as pessoas adotem as opiniões dominantes como próprias".

Para que essa situação mude, a professora acredita que os parlamentares precisam conhecer e acompanhar as percepções dos cidadãos sobre o Legislativo, identificar os diferentes públicos e desenvolver a competência comunicativa, que não é somente a oratória, mas saber falar para a imprensa, a televisão e o rádio. Além disso, Heloíza Matos destaca que é preciso aperfeiçoar os mecanismos de comunicação e informação com a sociedade.

Seminário continua nesta terça

As atividades do seminário, que é promovido pela Alemg em parceria com a União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), prosseguem nesta terça-feira (3/12/2002) nos períodos da manhã e da tarde, com a apresentação de cases (relatos de experiências) por parte dos profissionais de comunicação. Mais de 130 profissionais, reunindo representantes de 12 Estados e do Distrito Federal, inscreveram-se para participar do Secomlegis.

 

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