Alemg aprova Código de Ética e fim da imunidade parlamentar

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou, na reunião extraordinária de Plenário da manhã desta quarta-feira (...

27/11/2002 - 14:30
 

Alemg aprova Código de Ética e fim da imunidade parlamentar

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou, na reunião extraordinária de Plenário da manhã desta quarta-feira (27/11/2002), duas proposições que disciplinam a ética e a moralidade na prática parlamentar. O Projeto de Resolução (PRE) 1.802/2001, da Mesa, estabelece procedimentos disciplinares, cria a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar e a Ouvidoria Parlamentar. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 86/2002, do deputado Hely Tarqüínio (PSDB), extingue a exigência de licença prévia da Assembléia para processar deputados. As duas proposições foram aprovadas em 1o turno, por unanimidade. Registraram presença em Plenário 66 deputados.

O PRE 1.802/2001 estabelece que o deputado que não respeitar a ética e o decoro pode ser punido com censura verbal e até perda de mandato. Segundo a proposta, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar será encarregada de auxiliar o presidente da Assembléia na manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no Legislativo, instruir processos contra deputados e elaborar projetos de resolução que importem em sanções éticas que devam ser submetidas ao Plenário. Além disso, a comissão terá poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos em lei e no Regimento Interno da Assembléia. Será extinto o cargo de Corregedor.

A comissão será composta de sete membros titulares, designados para mandato de dois anos, coincidente com o da Mesa da Assembléia. Na composição dessa comissão será observado o princípio da proporcionalidade partidária e o rodízio entre partidos políticos ou blocos parlamentares nela não representados.

Já a Ouvidoria ficará incumbida de receber, examinar e encaminhar aos órgãos competentes as reclamações ou representações de pessoa física ou jurídica referentes a membros da Assembléia; propor medidas necessárias à regularidade dos trabalhos legislativos e administrativos, bem como ao aperfeiçoamento da organização da Assembléia, entre outros. Ela será composta por um Ouvidor-Geral e um Ouvidor Substituto, designados pelo presidente para mandato de dois anos, coincidente com o da Mesa e vedada a recondução.

O PRE 1.802/2001 foi aprovado na forma do substitutivo no 2, da própria Mesa. Com a aprovação do substitutivo, ficaram prejudicados o substitutivo no 1, também da Mesa, e as emendas nº 1 a 6; 10 a 14; e 18 a 22. Foram rejeitadas as emendas nº 7 a 9; 15 a 17; 23 e 24.

PEC limita imunidade parlamentar

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 86/2001, do deputado Hely Tarqüínio (PSDB), corregedor da Assembléia, pretende acabar com a imunidade parlamentar para crimes comuns. Segundo a proposta, o deputado será submetido a julgamento pelo Tribunal de Justiça, podendo a Assembléia, pelo voto da maioria de seus membros, até a decisão final, sustar o andamento da ação. A mudança promove a adequação da Constituição do Estado à Emenda nº 35 à Constituição Federal, que restringiu a imunidade. Assim, deputados e senadores podem ser processados criminalmente, sem a necessidade de licença da respectiva Casa Legislativa, mas o andamento da ação pode ser sustado por iniciativa de partido político nelas representado e pelo voto da maioria de seus membros.

O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias de seu recebimento pela Mesa e, sendo deferido, suspenderá o prazo da prescrição, enquanto durar o mandato. "Assim, pela nova sistemática constitucional, a imunidade parlamentar segue como prerrogativa institucional que tem por objetivo dotar os parlamentares de independência para o livre exercício do mandato que lhes foi outorgado, salvaguardando-os de eventuais pressões externas e atos intimidativos que poderiam criar embaraço à sua atuação, porquanto ações decorrentes de denúncias infundadas ou movidas por interesses escusos podem vir a ser sustadas pelo parlamento. De outra parte, elimina-se a necessidade de prévia licença da Casa Legislativa para a instauração do processo criminal, o que, em muitos casos, conduzia a uma situação de impunidade, e não de imunidade", diz o parecer da Comissão Especial.

Para deputados, Comissão de Ética é avanço institucional

No encaminhamento da votação, os deputados lembraram a importância da aprovação do PRE 1.802/2001. Para o corregedor da Assembléia, deputado Hely Tarqüínio (PSDB), há leniência e corporativismo na hora de julgar os parlamentares que faltam com a ética e o decoro parlamentar. "O corregedor sempre foi figura decorativa. Isso não é mazela apenas da Assembléia de Minas, é de todas as casas legislativas do Brasil", afirmou.

Para o deputado Durval Ângelo (PT), a Comissão de Ética é um avanço em relação ao cargo de Corregedor, que será extinto com a aprovação do projeto de resolução. "O corregedor muitas vezes atuava de forma corporativista e tomava decisões monocráticas", disse. Já o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB) classificou como momento histórico a aprovação do projeto. "Ele vai garantir a ética e o decoro, principais marcas da atividade parlamentar", afirmou.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT), por sua vez, disse que o PRE vem ao encontro dos anseios da sociedade, que cobra mudanças no Poder Legislativo: "O eleitor deixou de forma clara que quer ética e transparência, além do rompimento com as estruturas arcaicas".

 

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